OPINIÃO

Mario Amaral Rodrigues: "Liberte-se... oh, culpado"

Docente aposentado da UFMS

3 NOV 2017 • POR • 01h00

Há muitos dos que não conseguem avaliar sua culpa. Os que geram na irresponsabilidade e seguem, usufruindo do seu legado de vida, sem se importar com abandono de incapaz, o qual crescerá em meio a incalculável prejuízo emocional e, bem provavelmente, à margem do bem social que lhe caberia. Não é incomum que estes venham gerar no abandono, ampliando o mal. 

Assim, um iniciador de um mal é o primeiro dominó a pesar sobre o próximo, apenas o primeiro. Há os que legislam e governam em causa própria e não avaliam o quanto impactam na marginalização de cidadãos e no surgimento de marginais. A mídia cobre, em nossos dias, a ação policial e o emprego das Forças Armadas no Rio de Janeiro, uma autêntica cena de guerra. A avaliação do efeito da medida nos indica sucesso parcial, evidentemente. Um dos elementos disso é o sintomático depoimento de um morador da Rocinha, comunidade em que se processou a ação: “... O normal é isso aí, os caras vendendo, muita gente comprando...”. 

O normal, portanto, é o “Estado ausente”, exatamente a causa da criminalidade tão assustadora. É evidente que a culpa cabe a “n” setores da sociedade. Há um, no entanto, que não manifesta e, não raro, nem sequer revela ter consciência da sua “total” culpa, o usuário de droga. Exatamente. Aquele(a) que, ainda que “recreativamente”, usa e o(a) dependente são os que colocam a arma (de guerra) nas mãos do bandido que lhes “garante” o acesso. 

Os “pontos” disputados com sacrifício de vidas e que representam “mercado de trabalho”, não raro, para menores existem porque existe o usuário, o dependente. Os agentes do Estado que se desviaram da ação pelo bem comum, “empurrando” o sistema educacional para onde está, dificultando o emprego e desnivelando, como em poucos lugares do mundo, a renda, estão sob “culpa hedionda” e se isentam, “desavergonhadamente”. O grande móvel desse “quadro dantesco” é você, miserável dependente. Você, usuário, enquanto “se diverte” ao som “do bacamarte”.