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Gravatinha: o macarrão que virou o vilão do Brasil em 1976

Produto teve de ser recolhido dos mercados por risco de causar câncer

RAFAEL RIBEIRO

17/01/2019 - 00h30
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ACONTECEU EM 1976...

E depois de um breve recesso, cá estamos de volta queridos leitores para a mais nova temporada da coluna Memória do Correio. 

Como vocês passaram nas festas de final de ano? 

É desejo mais sincero e profundo desse escriba que tudo tenha corrido maravilhosamente bem. Que todos tenham um 2019 feliz, próspero e de muitas realizações.

E para abrir a nova jornada nostálgica das nossas quinta-feiras, trazemos para vocês nesta semana o curioso caso do macarrão que causava câncer.

Massa feita à base de farinha de trigo e ovos, que após a produção se tornava de tal forma sólido, sendo necessário o seu cozimento em água fervente para o consumo, o macarrão foi criado na China e rapidamente se popularizou por toda a Ásia, por conta da sua capacidade de longa conservação e facilidade no preparo. 

O apogeu do prato, no entanto, viria no século XIII, através do navegador italiano Marco Polo, que levou o macarrão para a Europa e o tornou, principalmente, um prato típico de seu país.

Foram justamente os imigrantes italianos que povoaram a Região Sul que trouxeram o macarrão ao Brasil, no século XIX.

Em um país de dimensões continentais como a China, rapidamente o consumo da massa se tornou habitual. 

Por não ser perecível, seu transporte, armazenamento e comercialização eram facilitados em um Brasil de meios de transportes ainda muito precários. 

Pelo menos é o que deveria ser.

GRAVATINHA ASSASSINO

Na década de 1970, já difundido e estabelecido nas mesas e panelas dos brasileiros, sendo inclusive integrante da cesta básica, o macarrão ganhou manchetes por motivos poucos nobres. 

"Secretaria começa hoje apreender o 'gravatinha'", era a manchete do Correio do Estado no dia 16 de janeiro de 1976. 

A reportagem, toda ela impressa na capa, revelava que fiscais da Secretaria Municipal da Saúde iriam recolher o macarrão do tipo gravatinha produzido pela Adria. Contaminado por fungos e bactérias perniciosas, podiam originar tumores malígnos de câncer nas pessoas.

Segundo o então secretário Alberto Cubel Brull, uma força-tarefa seria colocada em prática para recolher todas as unidades do gravatinha da referida marca, com o propósito de destruí-las depois. O objetivo, dizia ele, era proteger a população. E, claro, evitar manobras de comerciantes poucos honestos. 

Não era para menos. De acordo com o próprio Correio, apesar do alarde gerado em todo o Brasil com o risco de contaminação gerado pelo 'gravatinha', o produto ainda era vendido nos mercados. Em alguns deles, flagrou a reportagem, eram até oferecidos em promoção, com a clara intenção de não se perder o estoque comprado.

'O MACARRÃO DOS PAULISTAS'

Em anos de ditadura militar e censura à imprensa, todo alarde era vetado. Mas o Governo Federal não teve o que fazer quando o Instituto Adolfo Lutz tornou público o resultado de exames feitos em 52 amostras de macarrão, ravióli e massas para pastéis industrializadas. Ao todo, 14 delas estavam contaminadas.

Examinados durantes os meses de setembro, outubro e novembro de 1975 pelo renomado Instituto Adolfo Lutz, principal laboratório de análises do Brasil, os produtos Adria foram os primeiros a serem denunciados pelas autoridades sanitárias. Dos nove tipos de macarrão deles analisados, seis apresentaram traços de contaminação.

O 'gravatinha', protagonista da nossa coluna, foi o pior de todos. Seu tipo de contaminação tornava o produto completamente impróprio para o consumo, enquanto os outros não ofereciam tamanho risco pelo fato de serem fervidos em seu preparo.

A lógica? Nem o então secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Wálter Leser, responsável por ser o porta-voz oficial da denúncia, soube explicar. Na ocasião, permaneceram sem respostas as dúvidas sobre a origem dos fungos: se vieram da água com que as massas são produzidas, a farinha, as embalagens ou as máquinas da indústria.

Em um cenário de sigilo absoluto, o que poderia ser um problema apenas de São Paulo tornou-se nacional. A pasta paulista foi obrigada a comunicar o Serviço Nacional de Fiscalização à Medicina e Farmácia porque a Adria tinha outra fábrica, no Rio Grande do Sul, cujo 'gravatinha' feito apresentou a mesma contaminação, obrigando a ordem para que fosse recolhido em todo o Brasil.

O intelectualizado semanário carioca 'Opinião' levou o caso do macarrão contaminado às suas páginas com ar de provocação regional: 'o macarrão dos paulistas'

AÇÃO

"Secretaria apreendeu 'gravatinha'", assim destaca o Correio em seu espaço mais nobre da capa, no dia 17/18 de janeiro.

A Prefeitura de Campo Grande cumpriu o prometido e iniciou, na manhã do dia anterior, a megaoperação que circulou por todos os mercados da cidade recolhendo o 'gravatinha'.

Apesar da ostensividade, a própria Secretaria Municipal da Saúde admitiu, segundo o texto, que muitos comerciantes esconderam o produto. "Motivo pelo qual os fiscais continuarão a campanha apreensiva em forma de 'blitz' até que o Ministério da Saúde defina a situação", descrevia o jornal.

Na reportagem, o Correio dizia que as unidades apreendidas seriam encaminhadas para a Secretaria de Estado da Saúde do então Mato Grosso unificado para fossem feitas as análises necessárias. Independente do resultado, todas as amostras seriam destruídas.

Sobre o resultados das análises feitas pelo Instituto Adolfo Lutz, chama a atenção a declaração do secretário Brull. "É muito macarrão estragado para que as autoridades sanitárias do País não sejam informadas daquilo que devem fazer."

CONSEQUÊNCIAS

As consequências do 'Escândalo do Gravatinha', como ficou marcado o episódio, foram importantes para a melhora na qualidade dos produtos industrializados comercializados no Brasil.

Para começar, a própria Adria admitiu a veracidade das análises e se prontificou, por meio de anúncios publicados nos jornais da época, a recolher o 'gravatinha'.

Posteriormente, as autoridades sanitárias revelaram que a causa da contaminação poderia estar no uso de corantes e conservantes proibidos no Brasil.

Segundo engenheiros alimentares e médicos, foi o episódio do macarrão gravatinha que levou a uma mudança radical em 1979, quando análises prévias e laudos atestados por especialistas passaram a ser obrigatórios para a liberação da comercialização de alimentos industriais aos brasileiros. 

Um abraço e até semana que vem...

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Leia edições anteriores da seção Memória do Correio e viaje com a gente pelo tempo.

 

 

Destaque internacional

Marina Silva fala sobre os seus 49 anos de luta ambiental e reconhecimento internacional na Times

A Ministra do Meio Ambiente foi considerada uma das 100 pessoas mais influentes do mundo em 2024, pela Revista Time

18/04/2024 16h49

"Tudo isso começa quando eu ainda era muito jovem, com 17 anos. Agora tendo a oportunidade de fazer política pública, desde 2003 nessa luta de proteção dos biomas brasileiros, dos povos indígenas, do desenvolvimento sustentável", diz Marina Silva. Foto: Marcelo Victor

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A notável trajetória de Marina Silva, ministra do Meio Ambiente, alcança mais um marco significativo com sua inclusão na lista das 100 pessoas mais influentes de 2024, elaborada pela proeminente revista norte-americana Time. Nessa distinção, seu legado de quase cinco décadas dedicadas à defesa do meio ambiente e dos direitos socioambientais é enaltecido por Christiana Figueres, ex-secretária executiva de mudanças climáticas da ONU.

A Time destaca a "coragem e resistência inabalável" da ministra brasileira, ressaltando sua incansável batalha na reconstrução da capacidade do Brasil em conter o desmatamento ilegal na Amazônia. Este compromisso tem sido o epicentro de sua vida política e ativista, uma missão que agora ecoa em reconhecimento internacional.

Durante sua visita a Mato Grosso do Sul, Marina Silva compartilhou sua gratidão pelo reconhecimento, realçando que essa jornada é um esforço coletivo que se iniciou em sua juventude, ao lado de figuras inspiradoras como Chico Mendes, no Acre.

"É muito bom quando a gente vê o reconhecimento de um trabalho, que a gente sabe que não é individual, é sempre coletivo. Tudo isso começa quando eu ainda era muito jovem, com 17 anos, que comecei essa luta lá com o Chico Mendes no Acre. E agora, tendo a oportunidade de fazer política pública, desde 2003 nessa luta de proteção dos biomas brasileiros, dos povos indígenas, do desenvolvimento sustentável. Eu agradeço muito a Deus, a equipe do Ministério do Meio Ambiente, ao presidente Lula que me deu essa terceira oportunidade, porque esse é um desafio da humanidade. E é claro que você sempre vai ter pessoas que são tomadas simbolicamente, mas esse é um esforço coletivo. Algumas pessoas são apenas a pontinha do iceberg, o que está por baixo disso é mais de 40 anos de luta socioambiental, e é com essa luta que eu compartilho. Com esse reconhecimento, e com a determinação do presidente Lula, de desmatamento zero, de combate à desigualdade, de enfrentamento da mudança climática", destacou em exclusividade ao Correio do Estado.

Marina, que figura entre os líderes mais influentes na lista da Time, já havia sido mencionada na edição anterior da revista como uma das 100 maiores lideranças climáticas de 2023. Seu impacto transcende fronteiras, sendo reconhecida também pelo jornal britânico Financial Times como uma das "Mulheres do ano" no mesmo período.

Seu compromisso incansável com a causa ambiental e sua liderança inspiradora continuam a ecoar globalmente, reforçando a urgência e a importância da proteção do nosso planeta para as gerações presentes e futuras.

Marina Silva firma acordo para proteção do Pantanal em MS

Um termo de cooperação para a defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal foi assinado pelos governadores de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), e de Mato Grosso, Mauro Mendes (DEM), junto à ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva. O evento ocorreu na manhã desta terça-feira (18), no auditório do Bioparque Pantanal, em Campo Grande.

O objetivo do acordo é unificar as políticas de proteção, conservação, preservação e sustentabilidade do bioma Pantanal. Segundo Marina Silva, essa iniciativa é crucial, especialmente no contexto da elaboração do plano de prevenção e controle do desmatamento e queimadas na região. Ela ressaltou a importância da colaboração entre os governos federal e estaduais, destacando que desafios dessa magnitude não podem ser enfrentados de forma isolada por um único ente federativo.

Os estados de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso uniram esforços para uniformizar e compatibilizar a legislação sobre o uso dos recursos naturais do Pantanal, elaborar um plano integrado de prevenção e resposta a incêndios florestais, promover a produção sustentável e fomentar o turismo na região. O documento assinado terá validade de cinco anos e será gerido por um grupo de trabalho integrado por representantes dos dois estados, em número paritário.

Além dos governadores, também estiveram presentes na assinatura do acordo os secretários de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, e de Mato Grosso, Mauren Lazzaretti, bem como os secretários de Justiça e Segurança Pública dos dois estados.

O evento ocorreu durante o Seminário sobre as Causas e Consequências do Desmatamento no Pantanal, organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, por intermédio do Governo Federal.

O governador Eduardo Riedel enfatizou a importância da cooperação entre os estados, destacando que a união de esforços permitirá uma resposta mais rápida e eficaz no combate a incêndios. Ele ressaltou o alinhamento de satélites, videomonitoramento e inteligência entre os dois estados para a preservação do bioma Pantanal.

*Colaborou Naiara Camargo

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OPORTUNIDADE

TRF-3 abre concurso com 269 vagas; salário chega a R$ 13,9 mil e há vagas para Mato Grosso do Sul

São 269 vagas para técnicos judiciários e formação de cadastro de reserva para analista jurídico; em MS

18/04/2024 16h29

Justiça Federal em Campo Grande; cidade será um dos locais de prova Arquivo

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O TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região) anunciou nesta quinta-feira (18) um concurso para contratação de 269 técnicos judiciários e formação de cadastro de reserva para analista jurídico.

A remuneração inicial para técnico jurídico será de R$ 8.529,65, e o candidato precisa ter formação em curso superior. Já a vaga de analista jurídico receberá R$ 13.994,78 e necessita de diploma ou certificado de conclusão do curso de direito. A carga de trabalho será de 40 horas semanais.

O concurso terá 30% das vagas para pessoas que se declararem negras, 5% para deficientes e 3% para indígenas. A prova será realizada em 28 de julho, sendo de manhã para os técnicos judiciários, e à tarde para os analistas judiciários. O horário ainda não definido. O TRF-3 atende aos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Ao todo, são 63 vagas de técnico judiciário no TRF-3 (44 para ampla concorrência, 13 para negros, 4 para deficientes e 2 para indígenas), 200 vagas na seção judiciária de São Paulo (144 para ampla concorrência, 40 para negros, 10 para deficientes e 6 para indígenas) e 6 vagas na seção judiciária de Mato Grosso do Sul (4 para ampla concorrência, 1 para negro e 1 para deficiente).

A inscrição pode ser feita a partir das 10h de 29 de abril e vai até às 23h59 de 28 de maio. Ela deverá ser feita apenas no site da Fundação Carlos Chagas (http://www.concursosfcc.com.br/), organizadora da seleção.

A taxa será de R$ 80 para o técnico jurídico e R$ 130 para analista jurídico, com o pagamento podendo ser feito em qualquer banco. O candidato poderá ver, a partir de 3 de maio, se o valor foi corretamente pago no site da Fundação Carlos Chagas.

No momento da inscrição, o concorrente deve definir também o local da prova, que será realizada em seis cidades: São Paulo, Araçatuba (SP), Bauru (SP), Ribeirão Preto (SP), Campo Grande e Dourados (MS).

É possível pedir a isenção da cobrança da taxa se o candidato for inscrito no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal) ou doador de médula óssea. A solicitação tem de ser feita em um formulário no site da organizadora da prova e o candidato precisa ter documentos que comprovem uma das condições.

As duas carreiras terão uma prova de conhecimentos gerais e específicos, e outra discursiva. A primeira terá 20 questões de múltipla escolha de português, 10 de matemática e raciocínio lógico, 5 de noções sobre o direito das pessoas com deficiência e 5 de conhecimentos específicos para os dois cargos.

A prova discursiva para analista jurídico terá 2 questões de estudo de caso, enquanto os candidatos a técnico jurídico farão uma redação. A duração da prova é de 4h30, e o candidato que acertar menos de 50% das questões em uma das provas será desclassificado.

O concurso será válido por dois anos e pode ser prorrogado por mais dois anos.

Veja abaixo o cronograma

Prazo de inscrição: Entre 10h de 29 de abril e 23h59 de 28 de maio 
Data da prova: 28 de julho 
Divulgação do gabarito: 29 de julho 
Prazo para recursos: 29 de julho a 30 de julho 
Divulgação do resultado preliminar: 3 de setembro

 

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