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Foto em jornal desmascarou japonês de SP que forjou sequestro

Caso que ganhou manchetes em 75 foi forjado por comerciante em fuga

RAFAEL RIBEIRO

30/01/2019 - 21h15
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ACONTECEU EM 1976...

"Japonês do Campo Limpo pode estar morto e polícia já busca cadáver."

A chamada de capa do extinto e folclórico jornal paulistano 'Notícias Populares' no final de 1975 escancarava o assunto que dominou as conversas populares na cidade de São Paulo naquele dezembro: o sequestro de um comerciante de descendência oriental, que tera sido levado por bandidos armados ao fechar seu posto de gasolina no bairro da zona sul paulistana.

'O crime' daquele fim de ano, com contornos trágicos e amplamente noticiado pela imprensa de todo Brasil foi solucionado de maneira, digamos, infantil.

Um investigador da Polícia Civil em Campo Grande, então uma cidade do interior mato-grossense, voltara de férias da capital bandeirante com um exemplar do histórico 'NP' para mostrar a amigos. 

Como sua casa era pequena, a solução foi abrigar alguns dos familiares que vieram com ele afim de conhecerem o Mato Grosso então unificado em um hotel do Centro. 

E aí veio a surpresa: o comerciante de traços nipônicos que estampava a capa do periódico como vítima era o gerente do estabelecimento.

Caso solucionado.

"Japonês 'sequestrado' localizado em Campo Grande", apontou a chamada da página dois da edição do dia 28 de janeiro de 1976 do Correio do Estado.

CASO DE POUCA COMPLEXIDADE

"Kasuo Hatanabe Saito, 36 anos, casado, residente à rua "A" nº 20, Campo Limpo, São Paulo e que desde o mês de novembro vinha sendo procurado pelas autoridades policiais com a versão de que havia sido sequestrado por elementos desconhecidos, foi localizado ontem, tranquilamente, trabalhando como gerente do Hotel Presidente, em Campo Grande."

Assim abria-se a reportagem do Correio que esclareceu o que chegou a ser chamado de 'crime do ano' em São Paulo no ano anterior.

Ainda de acordo com o texto, Saito foi levado à delegacia central de Campo Grande, onde em interrogatório contou que no dia 16 de novembro de 1975, já à noite, saía do seu posto após fechar com 2 mil cruzeiros, um mil no sapatgo e um mil no bolso, quando foi abordado por quatro bandidos e foi colocado no porta-malas de um veículo, que não soube distinguir a marca e modelo.

No seu relato (ou conto de ficção), disse que foi levado de estrada para longe de São Paulo e liberado no meio do mato, onde pediu carona a um caminhoneiro e chegou a Campo Grande. Se hospedou no hotel onde foi localizado e, depois de ganhar a confinça do dono, conseguiu o emprego de gerente.

As dúvidas da polícia se mostravam verdadeiras. Na única carta que mandou à família, a despachou de Corumbá. A informação fez com que a imprensa paulistana errôneamente informasse que ele fora levado para o Paraguai (a cidade pantaneira faz fronteira com a Bolívia).

O comerciante se justificou, disse que visitava a Cidade Branca à passeio. E ainda acrescentou que o objetivo era juntar dinheiro para ir ao Paraná, onde moravam seus pais. Estava com vergonha e medo de voltar para São Paulo.

Bastou ler os jornais paulistanos da época para se tocar de toda a tramóia. Os tais sequestradores deixaram um bilhete à família no posto de gasolina, com a mesma caligrafia da 'vítima. 

Ainda completaram que Saito vivia problemas com agiotas e dívidas com empréstimos bancários. Motivo pelo qual o delegado Licínio Moreira, da delegacia de roubos, definiu que o caso não passava de invenção para se livrar dos problemas.

Deu ruim para o japonês.

Esse escriba, migrante da Paulicéia Desvairada, só espera que como o amigo nipônico não seja confundido com algum eventual fujão da capital bandeirante, visto que o motivo de sua vinda de mala e cunha para fixar pilar na Cidade Morena foi motivada mais pelo coração do que pelo bolso.

Abraços e até semana que vem pessoal.

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Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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