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Bidezão: o chafariz que de marco virou a vergonha de Campo Grande

'Monumento' de 1976 não demorou nem dez anos para ser demolido

RAFAEL RIBEIRO

06/09/2018 - 00h05
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ACONTECEU EM 1982...

Para uns, a obra que marcou a efetivação de Campo Grande como Capital. Para outros, uma piscina morta em meio à via pública que serviu de banheiro para mendigos e prostitutas. Para o folclore popular da cidade, o apelido pelo qual foi imortalizado: Bidezão.

O plano era audacioso. E até certo ponto, o monumento que existiu onde hoje é a rotatória entre pelo menos quatro vias vitais para o trânsito, avenidas Costa e Silva, Salgado Filho, Calógeras e Eduardo Elias Zahran, marcou seu lugar na história, seja lá pelo viés humorístico que se tornou.

Não à toa, o Correio do Estado estampou com destaque em sua capa dos dias 4 e 5 de setembro 1982: "O fim do Bidezão". Depois de planos mirabolantes e investimentos na casa de 3,5 milhões de cruzeiros (R$ 1,2 milhão em valores atualizados), o então prefeito Heráclito de Figueiredo resolveu acabar de vez com o chafariz que deu errado e tornava o cenário em frente ao Cemitério Santo Antônio bucólico, com crianças aproveitando a 'piscina pública' pela manhã e prostitutas e moradores de rua fazendo necessidades fisiológicas e se lavando à noite.

"Ele vai mandar derrubar tudo e aproveitar a área para construir um trevo que deverá descomplicar o trânsito", informa o jornal. "Vai terminar melancolicamente a estória (sic) do Bidezão, que tantos problemas ocasionou durante o período", completou.

OBRA CONDENADA

E quais os problemas gerados pela imponente fonte? Vários, segundo relata o Correio

A começar pela obra, iniciada no fim de 1974. Comércios já tradicionais da cidade, como um posto de gasolina usado por viajantes que chegavam de São Paulo, e uma churrascaria foram despejados pelo chafariz. No ano seguinte, o Correio já destacava problemas no pagamento da indenização aos proprietários. E os vizinhos sofriam com o maquinário usado na construção.

Na inauguração, em 1976, o chafariz iluminado, pensado pelo então prefeito Levy Dias, foi 'abençoado' como um marco daquela que se tornaria a mais jovem capital de estado no Brasil. Mas foi só. Bastou menos de um ano para a obra se tornar uma bomba à administração pública municipal. 

O maquinário responsável pelo encantador jogo de águas quebrou em fevereiro de 1977. E no apogeu do nascimento de Mato Grosso do Sul, a manutenção se tornou uma dor de cabeça: as peças de reposição, japonesas, eram de difícil compra diante das severas taxas de importação do governo militar da época.

Resultado: o chafariz se tornou um piscinão a céu aberto.

O apelido pelo qual foi consagrado veio para ficar em 1979. Conforme o Correio relata, os poucos moradores da então Avenida do Contorno, hoje Salgado Filho, apelidavam maldosamente o local de 'bidê do Levy Dias', pelo aspecto que a obra tinha quando olhada da janela de suas casas. 

Não era apenas a semelhança física com a peça sanitária que motivava as piadas. À época, por ser uma área estritamente comercial, sem movimentação noturna, avenidas como Costa e Silva eram repletas de prostitutas, que entre um cliente e outro aproveitava as águas paradas para lavar seu ganha pão.

PEPINO

Em pouco mais de seis anos de vida, o Bidezão se viu abandonado pelas administrações de Marcelo Miranda e Albino Coimbra Filho na prefeitura. "A obra está condenada. O maquinário das bombas destruiu parte da inbfraestrutura. Se houver manutenção, corre o risco de tudo se quebrar e inundar o entorno", decretava Miranda ao Correio.

A argumentação era válida, garantia o jornal. Afinal o projeto foi mal executado e ainda teria ajudado a comprometer o fornecimento de água nos bairros ao arredores.

Levy Dias voltou ao Poder Municipal no início dos anos 1980 e reativar sua obra era questão de honra. Alçou Heitor do Patrocínio, secretário de Obras em 1974 e idealizador do projeto, como o responsável pela reforma. Conseguiu patrocínio privado e até conseguiu fazer com que o chafariz voltasse a ter alguma beleza. mas os dias de funcionamento voltaram a ser raros.

Ao Correio, Figueiredo confirmou os problemas no solo causados pela infiltração de água. Esvaziou o Bidezão dois dias antes da publicação da reportage m e, em 1983, a rotatória que existe ainda hoje foii inaugurada. Enterrando de vez a curta, mas intensa história de um dos mais surreais monumentos da história de Campo Grande. 



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Encontro Internacional

Conservação no Pantanal vira pauta mundial durante encontro de exploradores em Nova Iorque

Presidente do IHP, Ângelo Rabelo, foi indicado junto com outros brasileiros para tratar temas nacionais nos Estados Unidos

23/04/2024 18h25

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo Divulgação IHP

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O grupo The Explorers Club, que reúne autoridades e pessoas com reconhecimento global que desempenham medidas que envolvem promoção da ciência e da conservação, discutiu em um de seus encontros a situação do Pantanal. O presidente do IHP, sediado em Corumbá (MS), Ângelo Rabelo, participou das reuniões realizadas em Nova Iorque, durante o encontro anual do clube. Ele apontou que é preciso haver atenção mundial com relação à conservação do Pantanal e da riqueza cultural do território.

A entidade existe há 120 anos e reúne mais de 3,6 mil pessoas de referência global que desempenharam ou realizam ações para transformar positivamente o mundo. Os encontros ocorreram entre sexta-feira (19) e domingo (21). Foram realizados diversos encontros e reuniões entre os participantes do clube, bem como ocorreram discussões sobre temas globais a serem trabalhados para promoção da conservação do Planeta.

 

Ângelo Rabelo, que atua em ações de conservação no Pantanal há cerca de 40 anos, pontuou que há diferentes esforços em andamento para prevenir incêndios florestais e promover desenvolvimento sustentável. Na semana passada, os governos de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, junto com o governo federal, assinaram termo de cooperação visando a união de esforços na defesa, proteção e desenvolvimento sustentável do Pantanal. Além disso, um fundo foi criado para financiar ações que ajudam a proteger o bioma, porém até hoje somente o governo de MS fez aporte de recursos (R$ 40 milhões) e o setor pública busca outras linhas de subsídio para essas ações. A promoção do Pantanal para o exterior pode contribuir nesse propósito, como já ocorre com a Amazônia, por exemplo.

“A maior área úmida do mundo, o Pantanal, está no mapa sobre as grandes explorações e os relatos que indicam locais que são desafiadores no Planeta. Por esse caminho cheio de desafios temos, primeiro, os povos originários que ainda habitam o território, como é o caso dos Guatós. Depois vieram as pantaneiras e os pantaneiros, que também seguem no Pantanal sabendo lidar com a ocupação e a conservação. Depois, temos os registros de outros esforços de pessoas que também se dedicam pela conservação desse Patrimônio Natural da Humanidade”, comentou Rabelo.

O bioma Pantanal é considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do Planeta e apesar de ser o menor em extensão territorial no Brasil, abriga 263 espécies de peixes, 41 espécies de anfíbios, 113 espécies de répteis, 463 espécies de aves e 132 espécies de mamíferos, conforme dados do Ministério do Meio Ambiente. Além disso, o Programa de Monitoramento dos Biomas Brasileiros por Satélite – PMDBBS, realizado com imagens de satélite de 2009, mostrou que o Pantanal mantêm 83,07% de sua cobertura vegetal nativa. Mais de 90% do bioma está em propriedades privadas, enquanto 4,6% estão classificadas como unidades de conservação, dos quais 2,9% correspondem a UCs de proteção integral e 1,7% a UCs de uso sustentável.

A participação de Rabelo na reunião do The Explorers Club ocorreu porque ele foi nomeado, neste ano, como uma das 50 pessoas a fazer a diferença no Planeta. A escolha foi feita por integrantes do The Explorers Club e o presidente do IHP entrou na lista do EC50 2024. Concorreu com mais de 200 pessoas indicadas. Seus apoiadores na nomeação foram Dereck Joubert e Beverly Joubert, exploradores que atuam diretamente pela conservação da vida selvagem e desenvolvimento sustentável em países africanos. O casal convidou, neste mês, o governador Eduardo Riedel (PSDB) para conhecer iniciativas que são realizadas no continente africano.

Além do presidente do IHP, os brasileiros nomeados nesse grupo chamado EC50 deste ano foram a geóloga Fernanda Avelar Santos, o ictiologista Luiz Rocha, o designer naturalista Lvcas Fiat e o paraquedista profissional Luigi Cani. Além dos brasileiros recém-nomeados, personalidades mundiais fazem parte do Clube, como a ex-astronauta e géologa Kathryn Sullivan, veterana de três missões a bordo de ônibus espacial; o geneticista e biólogo nuclear James Dewey Watson, um dos autores do modelo de dupla hélice para estrutura da mólecula de DNA; bem como o explorador que fez parte do primeiro voo solar ao redor do mundo, concluído em 2016, André Borschberg; e Dominique Gonçalves, criadora do Programa de Ecologia de Elefantes no Parque Nacional da Gorongosa, em Moçambique, entre outras pessoas.

Também em Nova Iorque, a diretora-executiva do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano, localizado em Corumbá (MS), Márcia Rolon, participou dos eventos abertos do The Explorers Club para divulgar o trabalho de diminuir a vulnerabilidade social de crianças e adolescentes da região de fronteira do Brasil por meio da arte.

 

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Cotidiano

Com 300 doses disponíveis, vacinação contra dengue deve acabar nesta semana

Aproximadamente 130 doses estão sendo aplicadas por dia; segundo a expectativa da pasta é que a vacinação se encerre até o final desta semana.

23/04/2024 18h15

Gerson Oliveira/

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As vacinas contra a dengue com prazo de validade até 30 de abril e que estão disponíveis pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) devem ser aplicadas até o final desta semana. A expectativa da pasta é que nenhuma dose deve ser descartada em Campo Grande. 

De acordo com a secretária, cerca de 130 doses estão sendo aplicadas por dia nos postos de saúde da cidade. Por causa disso, a expectativa é que todas as doses que estão perto do vencimento sejam aplicadas até sexta-feira (26).

A baixa procura do imunizante em Mato Grosso do Sul levou o Ministério da Saúde a informar aos municípios para ampliar a idade de vacinação. Segundo a pasta, pediu para todas as cidades priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos, mas com imunização ampliada para pessoas entre 4 e 59 anos. 

A medida foi tomada para reduzir a perda de doses que estão perto do vencimento, cabendo a cada município definir a estratégia de aplicação.  As doses que estão sendo utilizadas vencem no dia 30 de abril. 
 
Segundo a Sesau, em Campo Grande tem cerca de 300 doses estão espalhadas pelos postos de saúde da Capital. 

 

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