O polivalente Jean, 32 anos, começou o ano na mesa de cirurgia. Em janeiro, precisou passar por um procedimento no joelho direito por causa de um desgaste na cartilagem. Voltou aos treinos somente em abril e chegou a pensar em parar de jogar futebol precocemente.
A temporada do jogador campo-grandense terminou de forma bastante diferente. Chegou ao seu quarto título brasileiro (2008, 2012, 2016 e 2018), segundo com a camisa do Palmeiras e participando ativamente da campanha.
Em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, o atleta avaliou a temporada, falou sobre os períodos com os técnicos Roger Machado e Felipão e projetou o próximo ano.
CORREIO PERGUNTA: O título brasileiro saiu em uma vitória complicada sobre o Vasco, em São Januário. Como foi o clima do vestiário após o jogo?
JEAN: Foi um clima de festa pura. Um alívio também, porque a gente esperava o quanto antes possível esse título. Foi algo muito importante, muito emocionante. Felipão também muito alegre, muito feliz. A gente estava comemorando como se fosse o primeiro título de todos. Aqueles que já ganharam títulos antes, na carreira de cada um. Tanta alegria, tanta emoção, em razão de tudo que a gente passou durante o ano. Realmente foi um título muito valioso, muito comemorado por todo o time.
O ano no Palmeiras começou com Roger Machado como técnico. Você teve poucas oportunidades, até porque se recuperava de lesão. Como avalia seu momento durante o trabalho de Roger?
Eu estava trabalhando muito forte, mas ali foi um período de transição. O Roger foi um cara que eu devo muito a ele, porque no começo do ano ele me abraçou, falou que não abria mão de mim. Queria que eu ficasse no clube, que eu me recuperasse no clube. E ele foi me dando muitas oportunidades também. Claro que tem bastante jogadores no Palmeiras, mas na medida do possível ele foi me dando oportunidades. Sempre me ajudando nos treinos, conversando comigo. É um cara que eu vou guardar, que eu vou ter um carinho pelo resto da minha vida, pelo resto da minha carreira. Um cara que realmente me ajudou muito. É um treinador que eu vou respeitar demais.
A chegada de Felipão mudou o panorama do Palmeiras, que não perdeu no Brasileiro com o novo treinador. Você passa a ter mais oportunidades, entrando em boa parte das partidas. Para você, o que mudou desde a vinda de Felipão?
O Felipão é um treinador superexperiente, venceu tudo que poderia vencer, inclusive uma Copa do Mundo, o que é muito difícil. Com o Roger, eu estava voltando de lesão, estava mais recente a minha lesão. Com o Felipão, já tinha passado um certo tempo. O Felipão também me abraçou. Eu já tinha trabalhado com ele na seleção. Foi um paizão para mim, por ter trabalhado com ele, porque ele já tinha me dado a primeira oportunidade e realizado o sonho de todo atleta de futebol na seleção. Ele foi um cara diferenciado, deu confiança para todos. E fico muito feliz de ter tido muitas oportunidades com ele, de iniciar jogando ou de entrar durante a partida e ter correspondido à altura.
A lesão no joelho te deixou de fora de parte da temporada. Você chegou a admitir, em entrevistas, que foi o período mais difícil da sua carreira e que você pensou em se aposentar. O que foi determinante para sua recuperação?
Primeiro que a parte da fisioterapia [do Palmeiras] é muito boa. Acredito que seja a melhor do Brasil, está entre as melhores do mundo. Isso foi determinante. Ajuda da família, Deus. Deus nos abençoou demais, nos deu muita força para que a gente pudesse superar esse momento na minha carreira. Realmente pensei em parar, porque era muita dor, era muito difícil.
Você agora tem quatro brasileiros no currículo. Além disso, venceu uma uma Copa das Confederações com a seleção. O que ainda te motiva a jogar futebol profissionalmente? Quais títulos ainda quer conquistar?
O que me motiva é sempre poder jogar futebol. Quanto mais títulos melhor, principalmente a Libertadores e o Mundial de Clubes, que eu não tenho. Isso me motiva a continuar fazendo o meu melhor, buscando objetivos maiores ainda. Espero que um dia eu consiga conquistar esses títulos.
Você tem contrato com o Palmeiras até o fim de 2019. Deve cumprir o vínculo até o fim ou projeta novos ares e desafios?
Tenho contrato. Vou cumprir, penso em cumprir. Não penso em sair até porque tenho uma história muito forte, muito bonita, com o Palmeiras. Nessa lesão que eu tive, eles me abraçaram de uma forma muito especial e eu quero retribuir com mais e mais títulos. Com gols, se possível. Jogando bem. Vai ser uma forma de agradecer ao clube que me abraçou no momento em que eu mais precisei. Não pensou em me deixar, vamos dizer assim. Pelo contrário.