Com 41% dos votos no primeiro turno, o candidato ao governo do Rio Wilson Witzel (PSC) só ganhou uma página na Wikipedia (enciclopédia online colaborativa) cinco dias após as eleições, na última sexta (12).
Antes desconhecido do grande público, o ex-juiz federal surpreendeu ao ultrapassar todos os concorrentes na primeira votação, no dia 7. Na última pesquisa Datafolha antes do pleito, ele estava atrás de Eduardo Paes (DEM) -contra quem disputará o segundo turno- e empatado com Romário (Podemos), com 17% das intenções de voto.
Segundo confirmou um editor da Wikipedia, a página de Witzel vem recebendo uma média 2.000 acessos por dia, ante 1.400 de Paes nas últimas duas semanas. Ex-prefeito do Rio por dois mandatos e na vida política desde a década de 1990, Paes tem uma biografia publicada no site desde 2006.
Como comparação, o verbete do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) tem tido quase 100 mil visualizações únicas por dia no mesmo período, mais que o dobro das 47 mil de seu oponente Fernando Haddad (PT).
A página de Witzel havia sido inicialmente criada em 8 de outubro, um dia após o primeiro turno, mas foi eliminada por violar alguma regra do site (como direitos autorais). Foi então recriada no dia 12. A breve seção "carreira política" resume em seis parágrafos sua candidatura, seu crescimento nas pesquisas e o número de votos que recebeu. Não traz, porém, muitos detalhes sobre sua carreira anterior.
Witzel começou a crescer quando se colocou como candidato do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) ao governo do Rio. Apesar de não ter conseguido apoio oficial do pai, se vinculou à campanha do filho, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL), um dos fatores atribuídos por aliados à disparada final.
Hoje com 50 anos, o candidato nasceu em Jundiaí e se mudou para o Rio aos 19 anos, onde foi fuzileiro naval e defensor público. É mestre em processo civil, doutorando em ciência política e professor de direito penal econômico há mais de 20 anos, tendo atuado na FGV e UERJ.
Foi juiz federal por 17 anos, até fevereiro, quando teve que abandonar definitivamente a magistratura para se filiar ao PSC. Atuou principalmente em varas criminais, no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, mas teve que mudar de área após receber ameaças de morte.
Ativo na política da magistratura, ele foi um dos organizadores de um evento em 2010 que ficou conhecido como a "farra dos juízes federais", em um resort de luxo em Comandatuba, sul da Bahia.
O encontro, que teve palestras, assembleia geral, oficinas de golfe, arco e flecha, jantares e shows, foi patrocinado por estatais como Caixa, Banco do Brasil e Eletrobras, além de empresas privadas como Souza Cruz.