Economia

POUCA OFERTA, PREÇO ALTO

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Para baixar preço, Brasil pode importar carne bovina

Ministra da Agricultura, Tereza Cristina, cogitou a hipótese caso falte carne e preço continue subindo

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Durante a inauguração do complexo industrial de processamento e refino de soja da Coamo, em Dourados nesta segunda-feira (25), a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina Dias, declarou que em caso de desabastecimento da carne bovina no País, o Brasil poderia importar o produto.  Ela ainda afirmou que alta no preço ocorre porque o preço da arroba do boi permaneceu congelado por muitos anos. 

A arroba do boi apresentou grande valorização nos últimos dias. Em 15 de outubro a arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul custava R$ 155,50, conforme dados da Scot Consultoria. Nesta segunda-feira a arroba está cotada a R$ 207,00 em Campo Grande, aumento de 33,11% em pouco mais de um mês.  “Você tem que lembrar quanto tempo a arroba do boi ficou parada? O produtor rural aguentou muitos anos isso. Esse é um momento de equilibrio dessa cadeia produtiva, a cadeia vive um momento de euforia, mas já esse mercado vai se equilibirar, os preços não serão os praticados há dois meses, mas acho que essa euforia não continua, é um momento de ajuste da carne brasileira. Eu acho que não se pode dizer vai faltar [carne] e outra coisa o Brasil é exportador mas também pode importar a carne se precisar para dar equilíbrio ao mercado”, afirmou a ministra Tereza Cristina. 

Para o presidente da Associação de Matadouros, Frigoríficos e Distribuidores de Carne (Assocarnes-MS), Sérgio Capuci, a formação do preço da arroba está tanto ligada à falta de animais no País quanto à exportação para a China. “Se a gente for calcular os impactos na formação do preço da arroba e consequentemente do aumento da carne para o consumidor, a exportação para a China representaria uns 30%. Os outros 70% por causa da baixa oferta de animais principalmente por causa do período de estiagem”, explicou. 

Capuci reforça ainda que não acredita que faltará carne no mercado interno sul-mato-grossense, mas que caso faltasse, provavelmente a importação seria realizada do Paraguai. “O que já está acontecendo é a redução do consumo, por isso, não acredito que faltará carne no mercado interno. Com a chegada dos novos preços da carne aos consumidores, eles acabam reduzindo o consumo. Caso fosse preciso comprar de fora seria da Argentina, mas está mais caro, também. Estão com muita exportação. A mesma coisa o Uruguai que está importando aqui do Brasil, porque está faltando lá. Acredito que hoje seria do Paraguai”, informou.

LEITE

Outro ponto abordado pela ministra foi a pecuária leiteira. Tereza Cristina acredita que a cadeia produtiva do leite precisa se organizar melhor e entregar produtos industrializados e não só matéria-prima. “Estamos trabalhando muito, no ministério nós abrimos 25 plantas de lacteos pra China, agora a cadeia precisa estar organizada, não vamos vender leite in natura vamos vender queijo, leite em pó, leite condensado, etc. Essa cadeia precisa se organizar, os produtores e a indústria precisam estar mais juntos, talvez o melhor exemplo seja essa aqui: a cooperativa”, explic a ministra.

GRÃOS

Em Mato Grosso do Sul, a safra de soja já estava completamente semeada, neste mesmo período do ano passado. O atraso atual é de 27%, devido ao baixo volume de chuvas. De acordo com a Associação dos Produtores de Soja de Milho de MS (Aprosoja-MS), esse atraso no plantio deverá impactar negativamente nas segundas safras do Estado, em especial o milho, uma vez que as janelas de semeadura ficarão prejudicadas. Para se atingir a máxima produtividade do cereal em Mato Grosso do Sul, a maioria dos agricultores deveriam semear o milho até o dia 10 de março, entretanto, considerando os ciclos de cultivares utilizados pelos produtores na safra de soja e a época de plantio. 

A Aprosoja-MS estima que cerca de 30% do milho deverá ser plantado fora dessa janela, ficando sujeito a perdas por possíveis geadas, muito comum nos meses de junho e julho, principalmente ao Sul do Estado. “A estiagem é preocupante nós estamos atentos lá no ministério, porque você tem janelas para segunda safra, talvez não para a primeira e estamos atentos em o que fazer para ajudar a agricultura principlamente do Mato Grosso do Sul e um pedaço do Paraná que sofre mais com esse retardamento da chegada das chuvas. Mas se Deus quiser semana que vem a chuva deve engrenar e teremos muita soja, vamos bater recorde de novo como foi no ano passado não só aqui como no Brasil todo”, considerou a ministra Tereza Cristina.

INDÚSTRIAS

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e a ministra da Agricultura Tereza Cristina participaram da inauguração do complexo industrial da Coamo, em Dourados, que ocorreu na manhã desta segunda-feira. As indústrias de processamento e refino de soja vão gerar mais de 300 empregos diretos. O investimento no complexo foi de R$ 750 milhões.

O convite para que a indústria se instalasse no Estado veio da ministra, quando ainda era secretária de agricultura de MS, em 2003. “Esse é um momento em que o Brasil que exporta, abre mercado, ter mais produtos de valor agregado. A nossa soja em forma de farelo e de óleo é importantissímo. Esse farelo vai fazer com que a suinocultura e avicultura, daqui da região possa se desenvolver”, afirmou Tereza Cristina.

O governador do Estado comemorou a inauguração do complexo e declarou que o mais importante é que o Estado está passando confiança. “O investidor quando investe é porque ele confia e eu tenho certeza que essa parceria construída com a Coamo vai agregar valor a matéria prima, além de gerar empregos”, afirmou Azambuja.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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