Apesar de terem adquirido menos dívidas em outubro, as famílias campo-grandenses estão com mais dificuldades de quitar suas contas, causando aumento da inadimplência na Capital. Uma bolha de otimismo gerada pela recuperação econômica e pelas expectativas positivas impulsionadas pelas eleições pode ter incentivado o consumo dos campo-grandenses.
Segundo os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), desenvolvida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), os consumidores inadimplentes da Capital aumentaram em outubro, saindo de 98,8 mil para 104,1 mil pessoas com contas em atraso, o que representa crescimento de 5,4%; e os que dizem que não terão condições de pagar saíram de 46,8 mil para 56,6 mil, alta de 21%.
Já o índice de endividados caiu de 180,7 mil campo-grandenses para 178,6 mil, uma retração de 1,16%.
“Os consumidores são baseados em expectativas. Quando as epectativas ficam mais otimistas, essas pessoas já não têm mais o pensamento de controle, de cautela, e começam a se permitir a gastar um pouco mais”, afirma a economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Mato Grosso do Sul (Fecomércio/MS), Daniela Dias. “A gente está em um processo de recuperação econômica, os indicadores melhoram a cada ano, e diante disso, é comum que o consumo fique insconsciente novamente. A preocupação é que essa consumo insconciente seja exarbebado, é preciso tomar cuidado, pois o processo de recuperação é lento e gradual”, alerta.
Ainda de acordo com a PEIC, a principal forma de endividamento é o cartão de crédito, apontado por 63,8% dos entrevistados, seguida dos carnês, citados por 25% e crédito pessoal, 12,8%.
“As datas comemorativas, sendo a última o Dia das Crianças, podem também ter atrapalhado o orçamento das famílias. Mas, agora, em novembro, é um período típico de vendas baixas”, destaca Dias. “O conselho para quem está com contas em atraso é se organizar nesse período, e evitar se deixar pelo sentimentalismo das datas de final de ano, como o Natal. Pode gastar, mas com muito planejamento e consciência”, destaca.
Outro fator positivo que pode ajudar os inadimplentes é o décimo terceiro salário. Segundo a especialista, é comum que as pessoas destinem de 30% a 40% do décimo terceiro para pagar dívidas atrasadas. “Independentemente da faixa de idade, esse dinheiro é mais utlizado para o pagamento de contas, compra de material escolar, matrículas e outras contas de início de ano”.
As contratações temporárias, tradicionais no período de fim de ano, também são uma oportunidade para equilibrar o orçamento.
TEMPO
A maioria das pessoas inadimplentes de Campo Grande estão devendo há mais de 90 dias.
De acordo com o levantamento, cerca de 66,1% dos entrevistados estão com contas atrasadas por mais de três meses; outros 22,2% disseram que a dívida tem de 30 a 90 dias, e 10% responderam que estão devendo há até 30 dias.