Apesar de haver estimativa de crescimento na contratação de temporários para Mato Grosso do Sul neste fim de ano, as incertezas em relação à economia e a demora no andamento das obras de revitalização do Programa Reviva Campo Grande na região central devem afetar a abertura de vagas no comércio da Capital sul-mato-grossense no último quadrimestre de 2018.
De acordo com o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Federação do Comércio de Bens, Comércio e Serviços de MS (IPF-Fecomércio), enquanto para as contratações de temporários para o Estado a projeção é de 15% de aumento, sinalizando um cenário dentro dos patamares de crescimento de anos anteriores, o índice para o mercado campo-grandense deve sofrer variação, puxado principalmente pelo cenário do comércio do centro.
“Os empresários devem demorar um pouco mais para definir as contratações. (As decisões) vão depender da movimentação de vendas do Dia das Crianças”, ponderou a economista do IPF, Daniela Dias.
Ainda conforme análise do IPF, a expectativa positiva reflete a manutenção do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) na chamada zona positiva (acima de 100 pontos) — neste segundo semestre, o indicador ficou, respectivamente em 110,7 em julho e 107,4 em agosto. Outro fator que poderá pesar neste ano será a jornada de trabalho intermitente, principalmente nos setores de alimentação e supermercados.
O Sindicato dos Empregados no Comércio de Campo Grande, que representa 40 mil trabalhadores do setor, também vê com preocupação a possibilidade de redução de performance na geração de vagas do segmento na Capital durante a temporada deste ano. “O mercado já está retraído. A nossa expectativa é que haja contratações temporárias e que o comércio tenha um fim do ano pujante, mas com essa reforma da 14 de Julho, pode haver impacto na abertura de vagas, principalmente na região central. É na 14 de Julho, por exemplo, que estão instaladas grandes lojas âncoras, todo esse quadrilátero em torno dela está passando por obras e é a região central que ‘puxa’ em torno de 50% das contratações de temporários”, avalia Nelson Benitez, diretor do SEC-Campo Grande.
O movimento de vendas do Dia das Crianças, aponta, “vai ser o primeiro teste” para o comerciante campo-grandense fazer o próprio planejamento em relação à abertura de postos de trabalho para o fim do ano na Capital.
De janeiro a julho deste ano, conforme o Ministério do Trabalho, Campo Grande acumula saldo positivo na geração de empregos, com 2.161 postos de trabalho criados no município, porém o setor do comércio teve desempenho negativo, com 586 postos de trabalho encerrados. Já o setor de serviços fechou o período com saldo positivo de 1.487 vagas.
MERCADO
De acordo com dados da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) e da Caixa Econômica Federal, neste ano Mato Grosso do Sul deve registrar crescimento de 10% nos postos de trabalho temporário em relação a 2017, saindo de 536 para 590 novas vagas.
A estimativa acompanha projeção nacional divulgada pela instituição. A entidade estima que 434.429 postos de trabalho temporário sejam ofertados entre setembro e dezembro de 2018, ante 394.935 empregos originados no mesmo período de 2017. O Natal é a principal data para o comércio, seguida do Dia das Mães e Páscoa. O pico de contratações no comércio, de acordo com a Asserttem, acontece em novembro. No País, a projeção de alta é influenciada, principalmente, pelas contratações na indústria e a modernização da Lei 6019/74, em vigor desde abril de 2017, que trouxe atualizações importantes como a ampliação do prazo do contrato temporário, de 90 para até 180 dias, podendo ser prorrogado por mais até 90 dias se a necessidade perdurar.
A presidente da Asserttem, Michelle Karine, explica que em momentos de incerteza econômica a contratação temporária representa uma alternativa mais viável às empresas, que precisam ter condições de atender à demanda aquecida.
“Fica difícil para as empresas investirem em despesas fixas, diante de receitas flutuantes. O trabalho temporário é o mais viável para atender a demanda de flexibilidade e de rápida mobilização de mão de obra. E esse tipo de admissão é a única modalidade com prazo flexível na legislação trabalhista brasileira, atendendo as necessidades transitórias com maior eficiência”, afirma a presidente da associação.


