Economia

OUTRA REALIDADE

A+ A-

No Colorado, onde fica sede da JBS USA,
Wesley Batista é empresário respeitado

No Colorado, onde fica sede da JBS USA,
Wesley Batista é empresário respeitado

RAQUEL LANDIM, FOLHAPRESS

14/01/2018 - 09h02
Continue lendo...

"Mas o Wesley ainda está preso?", indaga Justin Teitalbeum, motorista de uma empresa de serviço de transporte, ao ser questionado sobre o impacto da prisão dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, para a comunidade local.

A dúvida do motorista se repetiu em conversas da reportagem com criadores de gado, funcionários da empresa e outros moradores da pequena Greeley, cidade de 104 mil habitantes no Colorado, região Meio-Oeste dos Estados Unidos. É nessa pacata localidade que está a sede americana do grupo JBS.

Alguns chegam a duvidar que Wesley -que morou na região por quatro anos, entre 2007 e 2011- seja culpado das acusações. Ele está preso preventivamente por suspeita de "insider trading": comprar dólar no mercado e lucrar com a alta da moeda quando a delação da JBS veio à tona.

"Deixem que resolvam seus problemas na América do Sul, mas dou a ele [Wesley] o benefício da dúvida. Não sei o que realmente aconteceu. O que eu sei é que continuam pagando aos pecuaristas em dia e comprando milho", diz William Hammerich, diretor-executivo da Associação de Pecuária do Estado do Colorado.

DESINFORMAÇÃO

Os americanos têm pouco conhecimento sobre o escândalo. Sabem que os irmãos fizeram um acordo de delação com a Justiça, confessando pagamento de propina a políticos, e que existem algumas gravações com altas autoridades -mas, em geral, não ouviram os diálogos e desconhecem seu conteúdo.

Também colabora para a desinformação o fato de que poucos conhecem Joesley, que fazia a ponte com Brasília e que gravou o presidente Michel Temer. Mesmo os funcionários da empresa só se lembram de ver o irmão caçula do clã em uma ou outra reunião. O relacionamento deles sempre foi com Wesley.

"Para mim, essa situação toda é bizarra, porque não tem nada a ver com o CEO [presidente da empresa] que eu conheço: ético, exigente e justo", diz Chris Gaddis, chefe de recursos humanos da JBS nos Estados Unidos, referindo-se a Wesley. Ele conta que ficou sabendo da delação por meio das redes sociais, lendo notícias traduzidas pelas agências internacionais.

Wesley esteve em Greeley pela última vez em julho do ano passado, depois de a delação vir a público, mas antes de ser preso, no dia 13 de setembro. Ele participou das comemorações dos dez anos da subsidiária americana em um churrasco no gramado da sede, com direito a caipirinha. Aproveitou para dar explicações a alguns funcionários e ouviu manifestações de apoio da equipe.

ISOLAMENTO

Os Batista vêm fazendo um esforço para isolar suas operações nos Estados Unidos, no Canadá e na Austrália do escândalo que acontece no Brasil. Apenas o confinamento Five Rivers entrou no feirão de venda de ativos promovido pelos irmãos para acalmar os bancos credores.

A estratégia faz sentido. Hoje as unidades fora do Brasil, boa parte adquirida com ajuda do BNDES, respondem por 87% do faturamento da JBS. Só nos Estados Unidos, chega a 52%. E os negócios lá fora vão muito bem: "2017 foi, de longe, o melhor ano da nossa história", disse André Nogueira, presidente da empesa no país, onde é chamada de JBS USA.

Graças ao crescimento da economia americana, as receitas obtidas pela Pillgrim's Pride (frango) e pela JBS USA pork (carne suína) atingiram, respectivamente, US$ 2,79 bilhões e US$ 1,69 bilhão no terceiro trimestre de 2017, um crescimento de 12% e 25% em relação ao igual período de 2016. Na JBS USA Beef (carne bovina), o avanço foi menos expressivo, mas ainda assim positivo: alta de 3,2%, para US$ 5,53 bilhões.

DÚVIDAS

Quando a delação veio à tona, os executivos locais tiveram que responder a dúvidas de fornecedores, clientes e bancos, mas, com o passar dos meses, contam que o assunto ficou para trás. A JBS USA vem até atraindo talentos de outras empresas.

Na semana passada, contratou o executivo Thomas Lopez para presidir a Plumrose USA, que atua com produtos preparados a base de carne. Lopez era presidente da divisão de bebidas e snacks da gigante Kraft-Heinz, que possui entre seus sócios o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann.

Em agosto de 2017, foi a vez de Alfred "Al" Almanza assumir a direção global de segurança de alimentos e garantia de qualidade. Almanza era secretário de Segurança Alimentar dos EUA e trabalhou durante quase 40 anos no Departamento de Agricultura do Estados Unidos (Usda).

Os executivos se juntaram à JBS USA, apesar das incertezas geradas pelo acordo que vem sendo negociado entre a J&F, holding que congrega os negócios dos Batista, e o Departamento de Justiça (DoJ). Os Estados Unidos têm uma lei severa para punir empresas que corrompem políticos em outros países.

Dependendo das negociações, os Batista podem ser condenados a pagar uma multa. A punição, no entanto, deve ficar com a holding, já que a subsidiária americana colabora com informações, mas não vem sendo investigada. Se não houver novas revelações, o império dos Batista nos Estados Unidos pode escapar praticamente intacto.

ENERGIA LIMPA

Governo quer encomenda tecnológica ainda neste ano para transição energética

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas

16/04/2024 14h00

Continue Lendo...

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação quer ter até o final deste ano um plano com prioridades e diretrizes do uso do poder de compra do Estado como incentivo à criação de tecnologias ligadas à transição ecológica, diz o secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes. 

A ferramenta utilizada para esse fim serão as encomendas tecnológicas, em que o governo contrata empresas para desenvolver produtos inexistentes no mercado.

Em entrevista à Folha de S.Paulo no início do mês, o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Ricardo Dubeux, disse que o poder de compra do governo será usado para superar gargalos tecnológicos em áreas escolhidas como prioritárias, como energias solar e eólica, além da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis. Dubeux lidera o Plano de Transição Ecológica do governo.

A encomenda tecnológica surge a partir de uma demanda de inovação advinda de algum ministério, órgão público ou empresa estatal. O MCTI é responsável por estruturar o desenvolvimento da tecnologia junto à empresa ou instituto contratado e, ao fim, o demandante se compromete a comprar o novo produto em escala.

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018, excluiu a necessidade de licitações em caso de compra de produtos inovadores, como é a intenção do uso dessas encomendas no contexto da transição ecológica.

Esse mecanismo chegou a ser questionado pelos europeus na discussão sobre um acordo entre Mercosul e União Europeia –posição que Fernandes avalia como hipócrita.

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas, ainda que o valor não tenha sido divulgado.

"[Para estabelecer esse valor, precisamos saber] quais são as demandas que irão, digamos assim, fechar o ciclo da inovação daqueles desafios da transição energética e da transição ecológica", diz Fernandes. Segundo ele, o MCTI espera receber as demandas de outras pastas e de órgãos públicos até o final do ano. O instrumento também será usado em outras áreas, como saúde.

Essas demandas precisarão seguir diretrizes estabelecidas ao longo do ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que reúne vários ministérios e representantes da indústria. Além das encomendas, essas demandas podem ser supridas por meio de editais ou carta-convite a empresas.

Questionado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse que as encomendas tecnológicas estão previstas no NIB entre os instrumentos de contratações governamentais, mas ainda não há definição sobre valores e setores em que o instrumento poderá ser utilizado.

O FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que Fernandes dirige, entrará como um dos mecanismos financeiros para essas compras. O fundo, contingenciado pela gestão Bolsonaro, voltou a ter destaque no governo Lula. O orçamento de 2024 reservou R$ 12,8 bilhões ao fundo; no ano passado foram R$ 10 bilhões.

"[A encomenda] é um instrumento novo que tem potencial gigantesco para promover o desenvolvimento do país. Toda inovação envolve risco, e o compartilhamento dele tem um lado via investimento, seja subvenção econômica ou crédito em condições mais favoráveis. Mas tem um outro lado de enfrentamento da incerteza associada à inovação que é o acesso ao mercado, que, nesse caso, é dado pelo poder público", diz Fernandes.

O instrumento é tido pela área econômica do governo como importante catalisador da inovação para a transição ecológica. Permite, por exemplo, auxiliar municípios no desenvolvimento de alternativas de mobilidade em energias renováveis.

Para ele, o instrumento também pode ser usado pela Petrobras, considerada por muitos como essencial no plano de transição energética do país. "Na medida em que ela assume mais a feição de uma empresa de energia, e não de petróleo e gás, acho que faz todo sentido."

A importância dada pelo governo brasileiro a essa ferramenta foi um dos pontos a travar as discussões do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo Lula quis alterar pontos do acordo inicial firmado na gestão Bolsonaro, mas enfrentou resistência dos europeus.

"A posição deles (europeus) é hipócrita, porque eles adotam isso amplamente, sobretudo na área de defesa. A área de defesa toda é operada através de demandas tecnológicas e isso depois é transplantado para aplicações civis. Eu entendo que eles queriam preservar uma posição que, no momento, é de assimetria; eles têm vantagem tecnológica, e queriam usá-la para disputar o mercado de compras públicas no Brasil e queriam limitar, portanto, a possibilidade de encomendas tecnológicas como indutora de capacidade tecnológica de inovação nacional", diz Fernandes.

Apenas empresas instaladas no Brasil, nacionais ou não, podem receber encomendas do Estado brasileiro, segundo Fernandes. Já nas licitações as empresas brasileiras podem ter margem de preferência de até 25% se forem cumpridos alguns requisitos, como inovação.

Esse ponto também foi questionado pela União Europeia durante as discussões –as negociações foram interrompidas devido à resistência de alguns países europeus, como a França.

ECONOMIA

Lucro ao fim da Expogrande é cinco vezes maior que no ano passado

Entre 4 e 14 de abril a Exposição faturou R$ 576 milhões, frente aos 110 milhões de reais arrecadados em 2023

16/04/2024 11h05

Balanço da Acrissul aponta que aproximadamente 114 mil pessoas visitaram a Exposição entre 04 e 14 de abril Gerson Oliveira/ Correio do Estado

Continue Lendo...

Entre os dias 04 e 14 de abril, a tradicional Exposição Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande) faturou em sua 84ª edição cerca de cinco vezes mais do que o lucro registrado em 2023, com os valores mais recentes passando da casa de R$ 576 milhões. 

Conforme balanço da entidade que promove o evento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a soma do faturamento interno bateu R$ 576.801.968,00. 

Enquanto isso, o fechamento após exposição de 2023 atingiu R$ 110 milhões, representando um crescimento anual de mais de cinco vezes no faturamento Expogrande, sendo que a previsão era que 2024 atingisse cerca de R$ 150 milhões. 

Diante do balanço final, contabilizando aproximadamente a visita de 114 mil pessoas, o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destacou a "captação de recursos para investimentos com taxas especiais e exclusivas para a Exposição", como um dos grandes atrativos. 

Ao todo, foram 16 leilões realizados durante a Expogrande, gerando faturamento de R$ 22 milhões, segundo a Acrissul, com a venda de mais de cinco mil animais. 

Esses números também representam avanços, já que no último ano foram 12 leilões; quatro mil animais vendidos e R$ 18 milhões de faturamento. 

2024 de mudanças

Diversas ações aconteceram no Parque de Exposições Laucídio Coelho para que o espaço sedia-se a 84ª edição da Expogrande, como a área de julgamentos que voltou a receber os animais para avaliação, já que no ano passado havia sido transformada em arena de shows. 

Também, a Acrissul detalha que a realocação do estacionamento de associados deu espaço para a arena de shows, que dentre as oito atrações recebidas neste 2024 cabe destacar os nomes de: Simone Mendes, Ana Castela, Launa Prado, e as duplas Henrique & Juliano e Victor & Leo.

Além disso, onde ano passado era a pista de julgamentos, neste 2024 recebeu o "Projeto Fazendinha Acrissul", onde as crianças tiveram contato com os mais diversos animais do campo. 

Em nota divulgada pela Acrissul, Bumlai complementa que, ainda que os preços da pecuária "andem de lado, principalmente com o valor da arroba estagnado", nota-se um esforço do produtor sul-mato-grossense em melhorar o rebanho; diminuir o tempo de abate pela tecnologia e capacitação da mão-de-obra, visando sempre uma melhor lucratividade.
**(Com assessoria)

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).