Há três anos, a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) entrava em mais um período de greve. Preocupada com seu futuro e tentando encontrar formas de ganhar dinheiro, a acadêmica Daiany Couto, de 28 anos, cansou de esperar o retorno das aulas e decidiu empreender. Ela já tinha a receita da popular sopa paraguaia de sua mãe e viu ali a sua grande oportunidade de mudar de vida. “Todos os meus amigos que vinham em casa pediam para comer a sopa. Na época, havia muita gente vendendo chipas por
R$ 1,00. Eu sabia que só precisava de um produto diferente. Criei sabores para tornar as sopas mais atrativas e saí vendendo de porta em porta”, recorda Daiany, que hoje é uma microempreendedora individual (MEI).
Os negócios evoluíram rápido. Em menos de um ano de atividade, e com orientações do Sebrae, Daiany e sua sócia, sua irmã Danielly Couto, 40, compraram um carrinho para transportar os produtos e chamar a atenção dos clientes pelas ruas da Capital. Também firmaram parcerias com padarias e outros estabelecimentos, onde deixam as sopas para comercialização. “Durante a semana, escolhemos alguns locais para ir com o carrinho, que é mais uma forma de divulgação do nosso negócio. Também já atendemos festas e eventos”, relata.
A história de Daiany é apenas uma entre os 106.896 microempreendedores individuais que estão atuando no mercado de Mato Grosso do Sul neste ano, e que comemoram, hoje, o dia do MEI. Destes, 42,5% estão na Capital, Campo Grande. De acordo com a base de dados do Portal do Empreendedor, 53,2% dos empreendedores sul-mato-grossenses são homens e 46,7%, mulheres.
Dentre as atividades, o comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios lidera os pequenos negócios em funcionamento no Estado, com 12.039 empreendimentos (11,54%), seguido da atividade de cabeleireiro, com 8.302 microempresários individuais (7,96%) e obras de alvenaria, com 5.802 empreendedores (5,56%). As lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares, com 3.832 empreendimentos (3,67%) e o comércio varejista de bebidas, com 2.519 pequenos negócios (2,41%), fecham o ranking das cinco principais atividades no Estado.
Em Campo Grande, os homens também são maioria no comando dos pequenos negócios — 53,25% são microempreendedores, ante o índice de 46,51%, relativo às mulheres. As principais atividades na Capital são comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios (4.830 microempresas, ou 10,86% do total); cabeleireiros (4.098 empreendimentos, o equivalente a 9,21%) e obras de alvenaria (2.062, ou 4,63%). Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares (1.247 MEIs, ou 2,81%), outras atividades de tratamento de beleza, com 1.211 microempresas (2,72%) e instalação e manutenção elétrica, com 1.187 empresas (2,66%) são as demais atividades que concentram maior número de microemprendedores individuais na cidade.
Para Daiany, todo o esforço em se tornar uma MEI foi recompensado, e hoje ela colhe os frutos da dedicação necessária a esse tipo de iniciativa. “Começamos com sacolinha, andando pelas ruas. Hoje já construímos uma cozinha e temos vários pontos de venda”, finaliza.
MERCADO
Em relação à forma de atuação no mercado, os números do Portal do Empreendedor apontam que em Mato Grosso do Sul, 48,52% dos microemprendedores individuais utilizam estabelecimento fixo e outros 30,11% trabalham no sistema porta a porta, postos móveis ou por ambulantes. Somente 8% tem como forma de trabalhar a internet. Outros 7,78% trabalham em local fixo, fora da loja, enquanto as televendas e os correios são a opção para, respectivamente, 2,86% e 1,98% dos empreendedores do Estado. As máquinas automáticas respondem por apenas 0,76% da forma de atuação dos pequenos n egócios no mercado local.
COMPARATIVO
Até 30 de setembro deste ano, o total de empreendedores optantes no Simei somaram 106.896 em Mato Grosso do Sul. O número é 1,28% inferior ao de 12 meses atrás (108.279). Já no comparativo com 31 de dezembro de 2017 (quando constavam no sistema 111.076 empreendedores), o recuo é de 3,76%.
Quando considerada somente a Capital, o universo é de 45.413 empreendedores, contingente 1,79% menor que o de um ano atrás (de 46.240 empreendedores). Em relação ao fim do ano passado, quando havia 47.561 empreendedores, a redução é de 4,52%.