Pressionada pela alta de preços dos alimentos, em educação e produtos da área de saúde, inflação oficial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acelerou na passagem de janeiro para fevereiro em Campo Grande e fechou em 0,52% no mês passado, frente a 0,20% registrado no primeiro mês do ano. No ano, a variação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na Capital sul-mato-grossense é de 0,72% e em 12 meses, de 3,40%.
De acordo com o IBGE, seis dos nove grupos pesquisados que compõem o índice de inflação apresentaram alta em Campo Grande no mês passado, com destaque para a educação, que teve o maior crescimento porcentual (+3,00%), com aumentos de preços em cursos regulares (+3,99%) e cursos diversos (3,53%).
Alimentação e bebidas, que tem o maior impacto na formação do IPCA, registrou aumento de 1,98% em fevereiro. Entre as principais contribuições, estão a elevação de preços de cereais, legumes e oleaginosas (+21,67%), hortaliças e verduras (+14,78%) e frutas (+8,24%). Em contrapartida, tiveram reduções de preço os itens óleos e gorduras (-1,41%) e panificados (-0,69%).
No grupo saúde e cuidados pessoais, a alta foi de 1,02%, influenciada principalmente por majorações de preço em produtos farmacêuticos (+2,58%), produtos óticos (+0,84%) e plano de saúde (+0,79%). Em vestuário, a variação foi de 0,59%, tendo, entre outros itens, alta de preços em roupas masculinas (+1,15%).
Os grupos despesas pessoais e comunicação acumularam ligeira elevação (respectivamente de 0,14% e 0,10%).
Em contrapartida, transportes apresentou a maior queda entre os grupos pesquisados (-1,18%), como reflexo das reduções de preço em combustíveis (-2,54%). Em habitação, com recuo de 0,18% no mês de fevereiro, os itens que mais impactaram foram artigos de limpeza (-1,12%) e combustíveis domésticos, como o gás de cozinha (-0,52%). Já o grupo artigos de residência teve retração de 0,19%, em decorrência da queda de preços em eletrodomésticos e equipamentos (-1,31%), entre outros itens.
PAÍS
Dentre as regiões pesquisadas, apenas uma capital, Brasília, registrou deflação em fevereiro (-0,13%). No Brasil, o índice nacional também avançou, de 0,32%, em janeiro, para 0,43% em fevereiro. A aceleração foi puxada pelos grupos de alimentos e de educação, que ficaram acima da inflação, com altas nos preços de 0,78% e 3,53%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, a variação foi de 3,89%.
Na educação, que teve o maior crescimento entre os nove grupos pesquisados, a alta reflete os reajustes do início do ano letivo. Destaque para as mensalidades dos cursos regulares, que subiram 4,58%, e tiveram o maior impacto individual sobre o IPCA de fevereiro.
Entre os grupos, os alimentos exerceram a maior pressão no índice nacional, mas desaceleraram na comparação com janeiro, quando registraram 0,90%. A alimentação no domicílio subiu 1,24%, impulsionada pelas altas nos preços do feijão-carioca (51,58%), da batata-inglesa (25,21%), das hortaliças (12,13%) e do leite longa vida (2,41%). Já a alimentação fora de casa caiu 0,04%, influenciada, principalmente, pelo item refeição (-0,22%).
De acordo com o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, as hortaliças costumam subir de preço nesse período. “A demanda costuma aumentar nas estações mais quentes, então as variações são mais acentuadas”.
Os preços do grupo habitação subiram 0,38% em fevereiro, pressionados pela alta de 1,14% na energia elétrica, que impactou o IPCA em 0,04 ponto percentual (p.p.). Gonçalves explica que os preços subiram em razão do aumento das alíquotas do PIS/Cofins na maioria das regiões pesquisadas. Ainda nesse grupo, o preço do gás de botijão caiu 0,72%, mesmo com o reajuste de 1,04% nas refinarias.
O grupo transportes caiu 0,34% e, de acordo com o gerente do IPCA, a queda de 16,65% nos preços das passagens aéreas foi o que segurou a inflação de fevereiro, com o maior impacto individual negativo, de -0,08 p.p. “As passagens têm um peso grande no orçamento das famílias. É um momento de fim de férias, começo das aulas, então os preços começaram a descer, também por conta do aumento no final do ano passado”, disse Gonçalves.
Além das passagens, outro item do grupo transportes com queda nos preços foi a gasolina, que ficou em -1,26%, o que ajudou a controlar a inflação. O etanol também apresentou queda, de 0,81%, enquanto óleo diesel e gás veicular subiram 0,36% e 7,75%, respectivamente.
O maior impacto positivo nos transportes foi do ônibus urbano, com alta de 1,50% e 0,04 p.p. de contribuição, por conta de reajustes nas tarifas em cinco das 16 regiões pesquisadas. (Com informações Agência IBGE)