Economia

COMPENSAÇÃO

Estado e municípios têm pressa para receber ajuda federal

Ajuda para MS será de R$ 1,16 bilhão, sendo que R$ 700 milhões ficarão com a administração estadual

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As projeções de queda na arrecadação no mês de maio têm aumentado a preocupação dos gestores públicos de Mato Grosso do Sul. Os impasses que levaram o projeto de lei de ajuda aos estados e municípios levar quase um mês para tramitar no Congresso Nacional, fizeram o sinal de alerta soar nas administrações locais.  

Ontem, o Senado aprovou texto final do projeto de lei que garante recomposição das perdas com impostos como de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e sobre Serviços (ISS) a estados e municípios. Agora, o presidente da República, Jair Bolsonaro, tem até 15 dias para decidir se sanciona a matéria, ou se veta total ou parcialmente. Caso ocorram vetos, o Congresso ainda teria de marcar sessão conjunta para analisar o conteúdo.  

A previsão é de que o Governo do Mato Grosso do Sul receba  da União R$ 700 milhões e as 79 prefeituras R$ 460,6 milhões, totalizando R$ 1,161 bilhão, em quatro parcelas.

O texto aprovado ontem, com várias categorias de servidores com aumento congelado está dentro do acordo feito entre o Poder Executivo e senadores. Na Câmara, o projeto chegou a ser alterado na última segunda-feira, com vários outros setores, além de policiais e profissionais da saúde, terem sido incluído na lista dos que poderiam receber reajuste.  

O Senado ontem derrubou várias emendas da Câmara (que alteravam o rateio e liberava aumento para várias categorias), mas confirmou parte de outra emenda que atinge as contrapartidas impostas ao serviço público. Além disso, o Plenário do Senado acatou totalmente a terceira emenda dos deputados federais, que suspende os prazos de validade de concursos públicos já homologados.

TENSÕES

A expectativa é que o presidente Jair Bolsonaro sancione a matéria, mas parlamentares temem que as tensões frequentes envolvendo os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB) e do Rio de Janeiro, Wilson Wizel (PSC), que também serão beneficiados com a ajuda, possa a atrapalhar a liberação da ajuda pelo Tesouro Nacional.  

O valor total do socorro é de R$ 120 bilhões. Os recursos devem ajudar os governantes locais. No caso do Estado, é estimado um rombo de R$ 250 bilhões na arrecadação de ICMS neste mês.  A prefeitura de Campo Grande, também terá perdas.  

PREFEITURAS

As prefeituras do interior do Estado apontam como vital a recomposição das perdas na arrecadação para a sobrevivência das cidades. De acordo com o presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomassul) e prefeito de Bataguassu, Pedro Caravina, a maioria dos municípios menores sobrevivem com o rateio do ICMS realizado pelo governo estadual.

Caravina afirma que os recursos são essenciais para que os municípios sobrevivam “O impasse é preocupante porque atrasa a aprovação, sanção do presidente e a chegada dos recursos aos cofres dos municípios. Se essa compensação de perda do ICMS e ISS não chegar, certamente muitos municípios não vão conseguir cumprir seus compromissos, em especial a próxima folha de pagamento dos servidores”, informou.

RATEIO

Ao todo, o governo de MS receberá R$ 622 milhões para custear as despesas administrativas e mais R$ 78 milhões para usar especificamente no atendimento às vítimas da doença, totalizando R$ 700 milhões.  

Já as prefeituras vão receber R$ 421 milhões para parte administrativa e serviços públicos e R$ 39,6 milhões para área de saúde, totalizando R$ 460,6 milhões.

A capital sul-mato-grossense, Campo Grande, vai ter direito ao maior valor, R$ 148,5 milhões; Dourados vai receber R$ 36,9 milhões;  Três Lagoas R$ 20,1 milhões, Corumbá R$ 18,4 milhões, Ponta Porã R$ 15,3 milhões.

Votos favoráveis

Os três senadores de Mato Grosso do Sul, Nelson Trad Filho (PSD), Soraya Thronicke (PSL) e Simone Tebet (MDB) foram favoráveis ao projeto. 

ADEUS LEÃO

Isenção triplica número de professores que vão deixar de pagar IR em MS

16,8% dos docentes da educação básica estavam isentos do IR até 2025; a partir de 2026, com a ampliação da faixa de isenção, 47,9% dos professores deixarão de pagar imposto

17/12/2025 12h30

Professor em sala de aula

Professor em sala de aula Bruno Henrique/ARQUIVO/CORREIO DO ESTADO

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Mato Grosso do Sul é um dos estados brasileiros com maior número de professores da educação básica beneficiados com a isenção do Imposto de Renda (IR).

Lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estabelece que quem ganha até R$ 5 mil está isenta de pagar IR e, quem ganha até R$ 7.350, terá descontos. Na prática, a nova isenção terá impacto na declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) de 2027, ano-base 2026.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontam que 16,8% dos docentes da educação básica estavam isentos do IR, em MS, até 2025. A partir de 2026, com a ampliação da faixa de isenção, 47,9% dos professores deixarão de pagar imposto.

Outros 18,5% dos professores da educação básica em MS serão contemplados com a nova regra, para quem ganha até R$ 7.350.

No Brasil, 620 mil professores da educação básica vão deixar de pagar o Imposto de Renda. Com isso, mais da metade dos profissionais passam a ser completamente isentos.

GERAL

Dados do Centro de Estudos Tributários e Aduaneiros da Receita Federal (Cetad) apontam que 392,6 mil contribuintes estarão completamente isentos de pagar Imposto de Renda, a partir de 2026, em Mato Grosso do Sul.

Até 2025, antes da ampliação da faixa de isenção, 229,6 mil declarantes já não pagavam o imposto no Estado.

Com isso, a isenção do Imposto de Renda beneficiará 162.987 sul-mato-grossenses a partir do ano que vem. Além dos quase 163 mil que ficarão isentos, outras 82.010 pessoas, com renda entre R$ 5 mil e R$ 7,35 mil mensais.

Levando em consideração a faixa de isenção para quem recebe até R$ 5 mil e descontos para quem ganha até R$ 7.350, 245 mil contribuintes sul-mato-grossenses serão beneficiados no total.

TAXAÇÃO DOS MAIS RICOS

Para compensar a perda de arrecadação, o texto prevê uma alíquota extra progressiva de até 10% para aqueles que recebem mais de R$ 600 mil por ano (R$ 50 mil por mês), cerca de 140 mil contribuintes. Para quem já paga 10% ou mais, não muda nada.

Hoje, contribuintes pessoas físicas de alta renda recolhem, em média, uma alíquota efetiva de 2,5% de IR sobre seus rendimentos totais, incluindo distribuição de lucros e dividendos. Enquanto isso, trabalhadores em geral pagam, em média, 9% a 11% de IR sobre seus ganhos.

Alguns tipos de rendimentos não entram nessa conta, como ganhos de capital, heranças, doações, rendimentos recebidos acumuladamente, além de aplicações isentas, poupança, aposentadorias por moléstia grave e indenizações. A lei também define limites para evitar que a soma dos impostos pagos pela empresa e pelo contribuinte ultrapasse percentuais fixados para empresas financeiras e não financeiras. Caso isso ocorra, haverá restituição na declaração anual.

PREVIDÊNCIA

Justiça autoriza prefeitura da Capital a reter repasse milionário ao Banco Master

Previdência do Município busca compensação de possíveis perdas com liquidação do banco por meio de retenção de consignados

17/12/2025 08h40

Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) aplicou dinheiro no Banco Master

Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) aplicou dinheiro no Banco Master Gerson Oliveira

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O juiz da 3ª Vara de Fazenda e Registros Públicos de Campo Grande, Marcelo Andrade Campos Silva, autorizou a prefeitura da Capital e o Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) a reter os descontos na folha de servidores ativos e inativos que seriam repassados ao Banco Master.

O magistrado ainda mandou o banco se abster de cobrar, negativar ou adotar medidas constritivas contra os servidores.

A medida visa compensar a dívida do Banco Master com o IMPCG, que em 2023 investiu R$ 1,2 milhão e tem um crédito de pelo menos R$ 1,4 milhão com a instituição financeira, liquidada pelo Banco Central do Brasil no mês passado, na mesma data em que uma operação policial levou para a prisão, ainda que por pouco mais de uma semana, o banqueiro Daniel Vorcaro, executivo do banco.

“Hei por bem deferir a tutela provisória de urgência requerida na inicial, para o fim de autorizar o depósito em juízo da importância de R$ 1.427.697,59, que seria repassada ao requerido Banco Master S.A. no dia 20 de dezembro de 2025, para fins de garantia para eventual compensação dos créditos recíprocos entre as partes”, decidiu o juiz.

O dinheiro será depositado em juízo, para, segundo o magistrado, não haver o perigo de irreversibilidade da medida. Cabe recurso da decisão.

Com a liquidação do Banco Master, os ativos e passivos do banco passam a ser geridos por um interventor nomeado pelo Banco Central.

O magistrado da Capital ainda determinou que o Banco Master se abstenha de efetuar cobranças, negativar ou adotar qualquer medida constritiva contra servidores ativos, aposentados ou pensionistas da Capital.

Instituto Municipal de Previdência de Campo Grande (IMPCG) aplicou dinheiro no Banco Master Foto: Dênis Felipe/NotebookLM

O Credcesta

Tanto a prefeitura quanto o IMPCG mantêm contrato de consignação com o Banco Master, o Credcesta, que permite descontos em folha de servidores ativos, aposentados e pensionistas.

Neste mês, o valor a ser repassado ao banco referente às consignações de novembro soma R$ 1,431 milhão. A ação sustentou que, diante da reciprocidade de créditos e débitos, é cabível a compensação entre as partes.

Há um ano o Correio do Estado denuncia, com reportagens em primeira mão, a armadilha a que os servidores são expostos com o Credcesta, colocando sua margem consignada de salário para o crédito rotativo de cartão de crédito.

Servidores endividados

A ação da prefeitura e do IMPCG contra o Banco Master ocorre em paralelo ao drama vivenciado por centenas de servidores municipais que caíram na armadilha financeira da instituição.

Reportagem do Correio do Estado mostrou que só neste ano foram ajuizadas mais de 270 ações, em Campo Grande, de trabalhadores que alegam dívidas impagáveis e juros abusivos.

O produto oferecido pelo banco, o Credcesta, foi vendido como consignado, mas, na prática, funcionava como um cartão de crédito com desconto apenas do pagamento mínimo em folha.

Isso levou ao superendividamento de servidores, como a agente comunitária de saúde R. E. S. A., que relatou: “Tenho um salário de R$ 3.703,67, mas vinha tendo descontos de R$ 3.157,35, sobrando apenas R$ 546 à minha disposição”. O caso foi relatado pelo Correio do Estado no mês passado, em primeira mão.

Outro caso emblemático é o da servidora I. V. S. L, que nunca utilizou o cartão, mas mesmo assim sofre descontos mensais: “Nunca saquei nada, nunca usei o cartão, mas todos os meses o banco retira R$ 265 da minha folha”.

Advogados das vítimas classificam os contratos como abusivos e lesivos. A defensora Laís Fujimori destacou: “Atualmente, a autora encontra-se em situação de endividamento progressivo e eterno, onde o desconto mensal não reduz a dívida principal, mas apenas cobre encargos financeiros abusivos, mantendo-a aprisionada a um contrato flagrantemente lesivo”.

Com a decisão do magistrado, há a expectativa de que pelo menos os nomes destes servidores deixem de estar negativados.

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