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Escolas particulares rejeitam acordo para reduzir mensalidade

Procon, Defensoria e Ministério Publico vão cobrar planilhas das escolas, que só fazem acordos individuais

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As escolas particulares de Mato Grosso do Sul não querem formalizar acordo sobre a redução nas mensalidades das instituições, em função da suspensão das aulas presenciais por causa da pandemia do coronavírus (Covid-19). A Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor (Procon-MS), o Ministério Público Estadual (MPE) e a Defensoria Pública apresentaram proposta de redução de 10% e 15% nas mensalidades, mas o sindicato das escolas negaram qualquer tipo de entendimento formal.

Conforme documento enviado pelo Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul (Sinepe), as instituições estão abertas a resolverem os problemas individualmente, mas não concordam em padronizar as soluções. “Consideramos desnecessário e inaceitável firmar compromisso formal em nome das nossas associadas, posto que nenhuma das propostas apresentadas pelas instituições de educação foram contempladas sobretudo quando as obrigações que tal termo impõe tem o condão engessar uniformizar e constranger a liberdade das relações contratuais entre as partes”, informa o documento assinado pela presidente do Sinepe, Maria da Glória Paim Barcellos.

O superintendente do Procon-MS, Marcelo Salomão, informa que foram realizadas diversas reuniões com o Sinepe, para que um patamar mínimo de desconto fosse definido. “Sugerimos entre 10% e 15% atrelados à pontualidade e não cumulativos para dar equilíbrio, além da não cobrança da multa em caso de cancelamento na faixa de zero a três anos, que é um seguimento mais sensível. Teve uma reunião em que o próprio sindicato veio com uma proposta vertical entre 5% e 25%. Fui tomado de surpresa com a negativa do Sinepe. Disseram que não concordam com a gerência dos órgãos consumeristas e liberaram as escolas para decidirem, cada uma por si”, explicou.

O defensor público Homero Medeiros, reforçou que a aula presencial, que foi contratada pelos consumidores, é diferente da aula remota que está sendo aplicada. “Sabemos que estamos diante de uma situação atípica. No caso da educação infantil, a lei não permite ensino remoto, mas os conselhos Estadual e Nacional de Educação abriram exceções por conta da Covid-19”, reiterou.  

Medeiros ainda lembra que não há como determinar desconto de 100% para todo mundo, porque a escola também tem despesas, então a intenção do acordo é tentar o equilíbrio entre consumidores e empresas.

CUSTO FIXO

O Procon estadual e a Defensoria Pública devem notificar as escolas para que entreguem conteúdo programático e planilhas de custos, para que estas justifiquem o porquê de não oferecerem os descontos. Durante a suspensão das aulas, o custo fixo das escolas, com material de limpeza, energia elétrica, dentre outras despesas, foi reduzido.

O superintendente do órgão de defesa acredita que é preciso de uma trava mínima para que o consumidor tenha respaldo na hora de negociar. “Hoje pela manhã fui procurado por um grupo de 39 escolas particulares pequenas dizendo que não se sentem representadas pelo Sinepe. Elas disseram que têm interesse em fazer um acordo. Devem encaminhar proposta”, informou Salomão.

Segundo um pai de aluna, que prefere não se identificar, até o momento a escola da filha mantém os mesmos preços praticados antes da pandemia.  

A Ordem dos Advogados do Brasil seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) também acompanha as negociações. De acordo com o presidente da Comissão do Direito do Consumidor da OAB-MS, Nikollas Pellat, a intenção é que cada escola apresente sua situação. “Depois de analisar individualmente os casos é que será possível determinar se cabe ação judicial ou civil pública. Dependendo da situação, em caso de se tornar oneroso, por exemplo, esse contrato pode ser revisto”, explicou.

IMPOSTO-RENDA

Senado aprova isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.824

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos

17/04/2024 20h00

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo Marcos Oliveira / Agência Senado

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O Senado aprovou nesta quarta-feira (17) o projeto de lei que isenta de Imposto de Renda quem ganha até dois salários mínimos, R$ 2.824 mensais. O texto segue para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A medida adotada pelo governo vem para evitar que pessoas que estavam isentas de IRPF passem a recolher pela primeira faixa da tabela por causa do último reajuste do salário mínimo —que subiu para R$ 1.412 em 1º de janeiro.

A exemplo do que fez no ano passado, Lula reajustou a faixa de isenção do IR, ampliando o número de contribuintes que deixarão de pagar o tributo. Salários, aposentadorias e pensões de dois salários mínimos ficarão isentos.

O reajuste é de R$ 6,97% na faixa inicial, subindo de R$ 2.112 para R$ 2.559,20. O governo concedeu um desconto extra de R$ 564,80 para chegar à isenção ao R$ 2.824.

Segundo a Receita, 15,8 milhões de brasileiros deixarão de pagar imposto neste ano, medida válida para empregados, autônomos, aposentados, pensionistas e demais contribuintes, e outros 35 milhões de cidadãos pagarão menos IR por causa da progressividade da tabela.

O texto foi enviado ao Congresso em fevereiro como MP (medida provisória), mas acabou avançando via projeto de lei diante da resistência da Câmara com a tramitação de MPs, que exigem uma comissão formada por deputados e senadores.


O projeto de lei foi apresentado pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), e relatado no Senado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP).

Durante a votação, senadores de oposição lembraram a promessa de Lula de isentar de IR quem ganha até R$ 5.000 por mês e tentaram ampliar a isenção de dois para três salários mínimos, o equivalente a R$ 4.236,00.

A proposta, no entanto, acabou derrotada durante a votação.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que, antes de Lula, a tabela do Imposto de Renda não era corrigida desde 2015 —no governo Dilma Rousseff (PT).

"Não é não querer dar. É, infelizmente, tem que dar sem provocar um impacto negativo, que seria eventualmente o não controle das contas públicas. Nós já estamos com um problema que não é nosso, é das guerras lá fora. Sobe petróleo, sobe dólar. Daqui a pouco vão querer subir juros."

Em seu parecer, o líder do governo Lula no Congresso disse também que o debate sobre a isenção será "mais bem aprofundado" durante a tramitação da reforma do Imposto de Renda —que o governo pretende enviar ao Congresso até o fim do ano.


Em janeiro, Lula reforçou o compromisso de campanha em entrevista a uma rádio na Bahia: "Eu tenho um compromisso de chegar até o fim do meu mandato isentando todo mundo que ganhar até R$ 5.000. Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga Imposto de Renda".

Segundo o governo federal, a redução de receitas prevista com a medida neste ano é de R$ 3,03 bilhões. O valor passa para R$ 3,53 bilhões no próximo ano e para R$ 3,77 bilhões em 2026.

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Economia

BC não intervém no câmbio quando mercado precifica risco de investir no Brasil, diz Campos Neto

Declaração foi dada após dólar ter tido cinco sessões consecutivas de fortes altas

17/04/2024 14h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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O Banco Central não faz intervenções no mercado de câmbio quando os agentes econômicos precificam o risco de investir no Brasil, afirmou Roberto Campos Neto, presidente da autoridade monetária, nesta quarta-feira (17).

A declaração foi dada em uma reunião com investidores, organizada pela XP, em Washington, nos Estados Unidos, um dia depois de o dólar ter encerrado a sessão de terça (16) cotado a R$ 5,268, operando em seu maior valor desde março de 2023.
Após cinco sessões consecutivas de fortes altas, a moeda americana operava em queda na manhã desta quarta, devolvendo parte dos ganhos.

Segundo Campos Neto, essa função é usada em casos de disfunção no mercado de câmbio, lacuna de liquidez ou episódios marcados por má interpretação dos investidores.
"Não reagimos ao fato de as pessoas estarem precificando nosso prêmio de risco. Reagir a isso é muito perigoso porque há muitas maneiras diferentes de fazer hedge [instrumento de proteção] do prêmio de risco no Brasil", disse.

O presidente do Banco Central atribuiu a maior parte do estresse do mercado financeiro à piora do cenário externo e outra parcela à questão fiscal doméstica.

No cenário global, o principal fator de atenção está relacionado à perspectiva de que o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) reduza os juros apenas no segundo semestre devido à resiliência da economia americana. Houve ainda o acirramento dos conflitos no Oriente Médio, com o ataque do Irã a Israel e um eventual impacto sobre o preço do petróleo.

Na política doméstica, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs uma revisão na trajetória das contas públicas, reduzindo a velocidade do ajuste fiscal. Para 2025, a meta fiscal passa a ser zero, não mais um superávit 0,5% do PIB (Produto Interno Bruto), conforme o PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) do próximo ano.

"Há muito tempo dizemos que é muito importante perseverar com as metas. Novamente, não há relação mecânica [entre a questão fiscal e a política de juros]. [...] Mas a evidência que temos do que aconteceu nos últimos dias nos diz que o mercado ficou mais preocupado com a parte fiscal", disse.

"Isso pode mudar as expectativas sobre qual será o equilíbrio fiscal no futuro e isso terá um efeito no prêmio de risco. Isso também torna o trabalho [do BC], em termos de política monetária, mais difícil e mais custoso. A reação do mercado implica que parte da revisão recente vem da parte fiscal, mas uma parte muito maior vem do [ambiente] externo", complementou.

Campos Neto voltou a afirmar que as âncoras fiscal e monetária estão muito relacionadas e que, com a mudança em um dos lados, a autoridade monetária precisa entender agora como isso influenciará a sua função de reação.
"Sempre defendemos o fato de que eles deveriam se ater à meta e fazer o que fosse necessário para alcançá-la. Entendemos que houve a necessidade de mudança. A ideia não é comentar tanto sobre fiscal, mas tentar ver como isso vai influenciar nossas funções de reação através das várias medidas que são importantes para nós", disse.

"O importante para nós é como essas variáveis [decorrentes da questão fiscal e do cenário externo] influenciam nosso quadro e se achamos que isso é temporário ou se há uma mudança mais estrutural na qual precisamos prestar atenção", acrescentou.

Diante de uma nova turbulência no cenário econômico, Campos Neto relembrou uma conversa que teve com seu antecessor, Ilan Goldfajn, quando assumiu o comando da autarquia.

"Ele me disse que nunca há um momento calmo no Banco Central. Acho que estava certo. Quando olho para trás naqueles anos em que começamos, tivemos crise na Argentina, depois Brumadinho [rompimento da barragem]. Acho que não tivemos um período de três meses sem qualquer tipo de crise", afirmou.

O presidente do BC disse também que a autoridade monetária fará o que for necessário para levar as expectativas de inflação em direção às metas definidas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

A partir deste ano, o alvo é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o objetivo é considerado cumprido se oscilar entre 1,5% (piso) e 4,5% (teto).

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