Economia

NÃO É DE GRAÇA

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Energisa terá R$ 42 milhões para adiar reajuste de tarifa até julho

Conselho de consumidores anuncia que recorrerá da correção de 6,9% nas contas de luz

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Durante os 90 dias em que deixará aplicar o reajuste de 6,9% na tarifa de energia elétrica, a Energisa-MS (EMS) será compensada com o não recolhimento de R$ 42,174 milhões. Durante o período, qualquer prejuízo será reposto na tarifa do próximo ano. Os benefícios foram assegurados pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em reunião na terça-feira, que definiu o valor a ser cobrado dos cerca de 1 milhão de consumidores atendidos pela concessionária.  

No encontro, os diretores da Agência aprovaram o texto apresentado pelo relator Sandoval de Araújo Feitosa Neto, que analisou os custos operacionais e financeiros da Energisa entre abril de 2019 e abril deste ano para definir o novo valor da tarifa, que passa a ser a sétima mais alta do País, segundo tabela da Aneel. A tarifa convencional ficou em R$ 0,645 por quilowatt-hora.

No relatório, Sandoval Neto definiu que, a pedido da própria empresa, o aumento ficaria suspenso por 90 dias, até 30 de junho, sendo aplicado a partir do dia 1º de julho.  

Porém, homologou “o valor mensal de recursos da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) a ser repassado pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) à EMS, a fim de custear os descontos retirados da estrutura tarifária”, reconhecendo o “direito da EMS ao valor total de R$ 42.174.948,51, referente à não arrecadação da receita tarifária adicional no período”.

Esse valor foi dividido em três meses, e a Energisa ficou autorizada a deduzir “R$ 14.058.316,17 no valor do recolhimento das contas mensais da CDE à CCEE para as competências de abril, maio e junho de 2020”.  

A recomposição financeira ao fundo setorial por parte da EMS será feita em até seis parcelas iguais, a partir da competência de julho de 2020, devidamente corrigidas pela taxa Selic.

Na apresentação do relatório, Sandoval Neto explicou que “para atenuar o reajuste tarifário, que é definido por causa das regras contratuais”, a Aneel não poderia suspender sua aplicação sem um pedido formal, que foi feito pela Energisa, propondo o acordo para que seja mantida a tarifa atual com a suspensão do recolhimento da cota da CDE, ressaltando que, para acatar a proposta, seguiu orientações do Ministério de Minas e Energia, que solicitou medidas específicas para atenuar o impacto da pandemia da Covid-19 para os consumidores e para o setor energético.

Entretanto, mesmo sem o relator citar possíveis prejuízos da Energisa-MS, haverá o repasse aos consumidores, de acordo com a Aneel, que divulgou em sua página na internet: “A diferença nas receitas será ajustada e considerada nos próximos processos tarifários das distribuidoras”.

Além da Energisa-MS, reajustes aprovados para as distribuidoras CPFL Paulista e Energisa Mato Grosso também foram postergados seguindo os mesmos critérios.

CONSELHO RECORRE

O Conselho dos Consumidores da Área de Concessão da Energisa (Concen) não concorda com a composição do reajuste e vai recorrer.

O reajuste homologado para a concessionária – de 6,9% – tem impacto de 6,89% para o consumidor de baixa-tensão e de 6,93% para os de alta-tensão. A presidente do Concen, Rosimeire Costa, defende a redução de componente sobrestimado e ingressará com recurso contra o índice aprovado.

“Nós recebemos a planilha, nosso consultor fez todos os cálculos, e o que deveria ser homologado é uma tarifa de 4,9%. Então, nós vamos entrar, a partir da publicação em Diário Oficial, com uma homologação contra esse recurso, porque a gente comprovou que houve uma queda de consumo de energia de 8% em fevereiro. E não temos o risco hidrológico que foi previsto lá, estamos com reservatórios cheios. Então, não há motivos para o consumidor pagar esse reajuste”, disse a presidente do Concen.

Para compensar o período em que o reajuste não será validado, a concessionária pediu diferimento, ou seja, nos próximos três meses vai deixar de repassar R$ 42,1 milhões à Conta de Desenvolvimento Econômico, valor que posteriormente será recomposto com aplicação da taxa Selic. “O diferimento é um adiamento, então, quando chegar em abril de 2021 esse valor (R$ 42,1 milhões), nós vamos pagar a diferença efetivamente corrigido pela Selic, o que pode prejudicar o consumidor”, disse.  

O relator do processo, diretor Sandoval Feitosa, alegou que, diante da pandemia da Covid-19, uma das linhas de ação traçadas pela Aneel é justamente verificar as coberturas dadas às empresas que hoje estariam sobrestimadas.

“Ninguém poderia supor uma crise dessa magnitude, impacta o consumo. E também tivemos registro de chuvas nos principais reservatórios favoráveis, também sobrestimou bandeiras e essas duas variáveis passarão por análise do conjunto de ações para enfrentamento da crise da Covid-19”.

Além do risco hidrológico, outros pontos sustentados pelo Concen são o uso do IGP-M, que embora previsto contratualmente prejudica o consumidor, uma vez que em 12 meses fechou em 6,81%, ante 3,37% do IPCA. 

ENERGIA LIMPA

Governo quer encomenda tecnológica ainda neste ano para transição energética

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas

16/04/2024 14h00

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O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação quer ter até o final deste ano um plano com prioridades e diretrizes do uso do poder de compra do Estado como incentivo à criação de tecnologias ligadas à transição ecológica, diz o secretário-executivo da pasta, Luis Fernandes. 

A ferramenta utilizada para esse fim serão as encomendas tecnológicas, em que o governo contrata empresas para desenvolver produtos inexistentes no mercado.

Em entrevista à Folha de S.Paulo no início do mês, o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Ricardo Dubeux, disse que o poder de compra do governo será usado para superar gargalos tecnológicos em áreas escolhidas como prioritárias, como energias solar e eólica, além da produção de hidrogênio verde e biocombustíveis. Dubeux lidera o Plano de Transição Ecológica do governo.

A encomenda tecnológica surge a partir de uma demanda de inovação advinda de algum ministério, órgão público ou empresa estatal. O MCTI é responsável por estruturar o desenvolvimento da tecnologia junto à empresa ou instituto contratado e, ao fim, o demandante se compromete a comprar o novo produto em escala.

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, regulamentado em 2018, excluiu a necessidade de licitações em caso de compra de produtos inovadores, como é a intenção do uso dessas encomendas no contexto da transição ecológica.

Esse mecanismo chegou a ser questionado pelos europeus na discussão sobre um acordo entre Mercosul e União Europeia –posição que Fernandes avalia como hipócrita.

Parte dos R$ 300 bilhões do programa Nova Indústria Brasil (NIB), apresentado pelo governo Lula no ano passado, vai para o uso dessas encomendas, ainda que o valor não tenha sido divulgado.

"[Para estabelecer esse valor, precisamos saber] quais são as demandas que irão, digamos assim, fechar o ciclo da inovação daqueles desafios da transição energética e da transição ecológica", diz Fernandes. Segundo ele, o MCTI espera receber as demandas de outras pastas e de órgãos públicos até o final do ano. O instrumento também será usado em outras áreas, como saúde.

Essas demandas precisarão seguir diretrizes estabelecidas ao longo do ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, que reúne vários ministérios e representantes da indústria. Além das encomendas, essas demandas podem ser supridas por meio de editais ou carta-convite a empresas.

Questionado, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços disse que as encomendas tecnológicas estão previstas no NIB entre os instrumentos de contratações governamentais, mas ainda não há definição sobre valores e setores em que o instrumento poderá ser utilizado.

O FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), que Fernandes dirige, entrará como um dos mecanismos financeiros para essas compras. O fundo, contingenciado pela gestão Bolsonaro, voltou a ter destaque no governo Lula. O orçamento de 2024 reservou R$ 12,8 bilhões ao fundo; no ano passado foram R$ 10 bilhões.

"[A encomenda] é um instrumento novo que tem potencial gigantesco para promover o desenvolvimento do país. Toda inovação envolve risco, e o compartilhamento dele tem um lado via investimento, seja subvenção econômica ou crédito em condições mais favoráveis. Mas tem um outro lado de enfrentamento da incerteza associada à inovação que é o acesso ao mercado, que, nesse caso, é dado pelo poder público", diz Fernandes.

O instrumento é tido pela área econômica do governo como importante catalisador da inovação para a transição ecológica. Permite, por exemplo, auxiliar municípios no desenvolvimento de alternativas de mobilidade em energias renováveis.

Para ele, o instrumento também pode ser usado pela Petrobras, considerada por muitos como essencial no plano de transição energética do país. "Na medida em que ela assume mais a feição de uma empresa de energia, e não de petróleo e gás, acho que faz todo sentido."

A importância dada pelo governo brasileiro a essa ferramenta foi um dos pontos a travar as discussões do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. O governo Lula quis alterar pontos do acordo inicial firmado na gestão Bolsonaro, mas enfrentou resistência dos europeus.

"A posição deles (europeus) é hipócrita, porque eles adotam isso amplamente, sobretudo na área de defesa. A área de defesa toda é operada através de demandas tecnológicas e isso depois é transplantado para aplicações civis. Eu entendo que eles queriam preservar uma posição que, no momento, é de assimetria; eles têm vantagem tecnológica, e queriam usá-la para disputar o mercado de compras públicas no Brasil e queriam limitar, portanto, a possibilidade de encomendas tecnológicas como indutora de capacidade tecnológica de inovação nacional", diz Fernandes.

Apenas empresas instaladas no Brasil, nacionais ou não, podem receber encomendas do Estado brasileiro, segundo Fernandes. Já nas licitações as empresas brasileiras podem ter margem de preferência de até 25% se forem cumpridos alguns requisitos, como inovação.

Esse ponto também foi questionado pela União Europeia durante as discussões –as negociações foram interrompidas devido à resistência de alguns países europeus, como a França.

ECONOMIA

Lucro ao fim da Expogrande é cinco vezes maior que no ano passado

Entre 4 e 14 de abril a Exposição faturou R$ 576 milhões, frente aos 110 milhões de reais arrecadados em 2023

16/04/2024 11h05

Balanço da Acrissul aponta que aproximadamente 114 mil pessoas visitaram a Exposição entre 04 e 14 de abril Gerson Oliveira/ Correio do Estado

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Entre os dias 04 e 14 de abril, a tradicional Exposição Agropecuária Internacional de Campo Grande (Expogrande) faturou em sua 84ª edição cerca de cinco vezes mais do que o lucro registrado em 2023, com os valores mais recentes passando da casa de R$ 576 milhões. 

Conforme balanço da entidade que promove o evento, a Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a soma do faturamento interno bateu R$ 576.801.968,00. 

Enquanto isso, o fechamento após exposição de 2023 atingiu R$ 110 milhões, representando um crescimento anual de mais de cinco vezes no faturamento Expogrande, sendo que a previsão era que 2024 atingisse cerca de R$ 150 milhões. 

Diante do balanço final, contabilizando aproximadamente a visita de 114 mil pessoas, o presidente da Acrissul, Guilherme Bumlai, destacou a "captação de recursos para investimentos com taxas especiais e exclusivas para a Exposição", como um dos grandes atrativos. 

Ao todo, foram 16 leilões realizados durante a Expogrande, gerando faturamento de R$ 22 milhões, segundo a Acrissul, com a venda de mais de cinco mil animais. 

Esses números também representam avanços, já que no último ano foram 12 leilões; quatro mil animais vendidos e R$ 18 milhões de faturamento. 

2024 de mudanças

Diversas ações aconteceram no Parque de Exposições Laucídio Coelho para que o espaço sedia-se a 84ª edição da Expogrande, como a área de julgamentos que voltou a receber os animais para avaliação, já que no ano passado havia sido transformada em arena de shows. 

Também, a Acrissul detalha que a realocação do estacionamento de associados deu espaço para a arena de shows, que dentre as oito atrações recebidas neste 2024 cabe destacar os nomes de: Simone Mendes, Ana Castela, Launa Prado, e as duplas Henrique & Juliano e Victor & Leo.

Além disso, onde ano passado era a pista de julgamentos, neste 2024 recebeu o "Projeto Fazendinha Acrissul", onde as crianças tiveram contato com os mais diversos animais do campo. 

Em nota divulgada pela Acrissul, Bumlai complementa que, ainda que os preços da pecuária "andem de lado, principalmente com o valor da arroba estagnado", nota-se um esforço do produtor sul-mato-grossense em melhorar o rebanho; diminuir o tempo de abate pela tecnologia e capacitação da mão-de-obra, visando sempre uma melhor lucratividade.
**(Com assessoria)

 

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