Economia

CRISE

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Endividamento das famílias bate recorde durante pandemia

Dois milhões de clientes já pediram para adiar pagamentos

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A crise econômica provocada pela pandemia da covid-19 já levou dois milhões de clientes a bater na porta dos cincos maiores bancos do País para renegociarem R$ 200 bilhões de empréstimos. O levantamento divulgado na segunda-feira, 6, pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) não informa, porém, o valor total que já foi negociado até agora por Banco do Brasil, Bradesco, Caixa e Santander. O Itaú Unibanco informou que aceitou apenas 5% dos 302 mil pedidos que recebeu.

Pressionada por críticas de empresas e pessoas físicas sobre dificuldades para negociar uma adiamento nas prestações em dois ou três meses, a Febraban afirmou que entende a "ansiedade" de diversos setores, mas é "preciso compreender que esse é um processo gradual e complexo, que demanda diversas providências e, em muitos casos, envolvem mudanças regulatórias".

A associação cita como exemplo de mudanças de normas que precisaram ser feitas a liberação de depósitos compulsórios por parte do Banco Central. O compulsório é formado por uma parte do dinheiro depositado nos bancos pelos correntistas. Esses recursos são mantidos no BC e os bancos não podem utilizá-los para fazer empréstimos, por exemplo.

Até o momento, o BC anunciou a injeção de R$ 1,2 trilhão no sistema financeiro. Parte dos recursos ainda depende de regulamentação para começar, de fato, a chegar às instituições financeiras, mas o BC tem afirmado que o mercado já "está líquido" e que mais medidas estão a caminho. "Ao contrário do que aconteceu na crise de 2008, desta vez, não estamos observando um empoçamento, mas, sim, um aumento substancial nas necessidades por recursos líquidos, o que torna esta crise bem diferente da anterior", afirmou a Febraban na nota.

No sábado, durante conferência online com representantes do varejo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o "empoçamento" de recursos nos bancos estaria retardando a chegada de ajuda para quem precisa na crise. Por isso, a aposta do governo é permitir que o BC negocie diretamente carteiras de crédito e títulos de empresas. A medida está prevista na PEC do "orçamento de guerra", que já foi aprovada pela Câmara e precisa do aval do Senado.

A assessoria da Febraban diz que não há uma contestação ao ministro Guedes, mas "apenas um esclarecimento do setor". Além disso, a entidade diz que os bancos internacionais cortaram as linhas para os bancos brasileiros, o que diminuiu a oferta de recursos no mercado.

Para o diretor da consultoria Teros, Juan Ferres, não se trata de falta de liquidez, neste momento, já que as captações de CDB e outros instrumentos semelhantes pelos bancos aumentaram nos últimos dias. "Trata-se de um problema operacional de avaliação de risco para destravar o processo", avalia o economista, que montou uma plataforma em tempo real aberta na internet, com dados do impacto da crise em diversos indicadores da economia real. "Por mais que se injete liquidez, os bancos estão tendo muita dificuldade para elaborar uma proposta de crédito aos clientes, já que não há parâmetros para precificar esse crédito "

O economista explica que nem os bancos nem as empresas sabem ao certo quanto tempo e qual a intensidade da crise, de modo que se torna difícil definir, por exemplo, qual carência um estabelecimento irá precisar para poder começar a pagar a dívida ou mesmo se esse estabelecimento irá conseguir se manter depois da crise. Essa incerteza levaria a um alongamento do tempo de análise dos pedidos.

Segundo Ferres, a redução na concessão de créditos para lojistas ou empresas pode ser vista, por exemplo, nos dados de fluxo de operações de antecipação de recebíveis de cartão de crédito. A queda decorre de dois fatores: falta de recebíveis (e garantias) dessas empresas, já que o fluxo financeiro habitual caiu entre 30% e 70%, dependendo do setor; e da incerteza quanto à intensidade e duração da crise ainda existente.

ENDIVIDAMENTO

Pesquisa recente da Confederação Nacional de Comércio (CNC) mostrou que em março o endividamento bateu recorde: 66,2% dos trabalhadores possuíam dívidas entre cartão de crédito, cheque especial, crédito pessoal, crédito consignado, carnês, financiamentos de carros, financiamentos de imóveis. Embora mais endividadas, a inadimplência das famílias estava relativamente estável, o que deve mudar agora.

"Os bancos não querem dar dinheiro novo, nem querem alongar. Querem comprar só títulos públicos. O BC tem de reduzir mais os juros para os bancos ganharem menos dinheiro ao comprarem os títulos públicos", afirma Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da CNC.

O setor de comércio previa um aumento das vendas do varejo de 3% no ano, mas a previsão já é de uma queda de 4%. Para Freitas, é preciso evitar que o País entre numa depressão. "Ainda não estamos numa depressão. Estamos começando uma recessão. Agora, depressão é coisa mais grave. Tem que esperar um pouco mais."

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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