Economia

LAVOURAS

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Chuva traz alívio e produtores retomam plantio da soja

Algumas regiões tiveram 21 dias de estiagem, o que poderia prejudicar a safra

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Após quase dois meses de escassez de chuvas, produtores rurais de Mato Grosso do Sul têm melhores perspectivas com o plantio da safra de soja. Com base nas informações do Boletim Casa Rural, elaborado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), até o dia 8, a área plantada de soja no Estado alcançou 60,3%.

O levantamento aponta que a situação das lavouras nas três regiões, acompanhadas pelo projeto Siga MS, é favorável para o plantio. Os produtores aproveitaram para efetuar o plantio nas primeiras semanas deste mês. “A previsão climática no mês de novembro apresenta até o momento condições de clima favorável para o plantio, chuvascom frequên­cia, possibilitando o plantio constante nas próximas semanas”, informa o documento.

A região central do Estado segue ligeiramente à frente, com 61,6% de área plantada. Com o aumento da frequência e regularização das chuvas, a expectativa é de que o plantio siga acelerado nas próximas semanas. Cabe enfatizar que na safra passada, nesta mesma semana, o plantio alcançava a marca de 94% em Mato Grosso do Sul. 

EXPECTATIVA

De acordo com a analista técnica da Famasul Tamires Azoia de Souza, o plantio da soja em Mato Grosso do Sul alcançou o equivalente a 1,908 milhão de hectares. “Essa diferença se dá, sobretudo, à condição de neutralidade climática [nem La Niña nem El Niño] em que estamos passando este ano, que faz com que o período chuvoso tenha início tardio. Apesar do atraso em relação aos anos anteriores, o plantio encontra-se dentro da janela recomendada pela Embrapa e Mapa para a soja em Mato Grosso do Sul, portanto, esperam-se ainda boas produtividades na colheita”, explica a engenheira-agrônoma. 

ÁREA PLANTADA

Na região norte, 60,1% das lavouras estão semeadas e a região sul tem média de 59,9% de área plantada. O agrônomo que atende a região sul do Estado, Ricardo Rigon, disse que já houve melhora na situação de Dourados e região. “Agora está todo mundo plantando. Já tem quase 60% da soja plantada e, na próxima semana, o plantio vai  avançar bastante, após as chuvas registradas”, explicou.

Conforme o relatório da Casa Rural, a porcentagem de área plantada na safra 2019/2020 é inferior em aproximadamente 33,87% em relação à safra 2018/2019. Em comparação com os dados do período anterior, estima-se, até o momento,aumento de área plantada em aproximadamente 6,18%, passando de 2,979 milhões para 3,163 milhões de hectares.

Em relação à expectativa do volume de produção, é estimado aumento de 12,57% em relação à safra anterior. O volume de produção de grãos foi de 8,800 milhões de toneladas na safra 2018/2019  e passará para 9,906 milhões de toneladas na safra 2019/2020. A produtividade para a próxima safra está estimada em 52,19 sacas por hectare.

SECA

A escassez de chuvas em Mato Grosso do Sul refletiu no replantio de algumas áreas de soja e há previsão de atraso no plantio da safrinha de milho. Até o dia 3, diferentes áreas do Estado se encontravam com até 21 dias sem chuva. Alguns produtores rurais do Estado anunciaram perdas financeiras com replantio de soja e risco de enfrentar seca e geada com o milho. 

O agrônomo Ricardo Rigon confirmou que a situação estava complicada para os agricultores no começo do mês. “Algumas áreas precisaram ser replantadas, porque algumas plantas já perderam potencial produtivo em razão da falta de água. Nosso plantio vai se intensificar agora a partir do meio do mês de novembro, assim sendo a colheita será em março. A data para o plantio do milho é até 10 março, então provavelmente vamos passar desta data. Com isso, podemos ter de enfrentar problemas de seca e geada no milho”, disse.

CHUVAS

Conforme o Sistema de Monitoramento Agrometeorológico (Agritempo), na região centro-norte do Estado ocorreram precipitações entre os dias 4 e 8, com média acumulada de 18 mm no município de Coxim, 16 mm em Pedro Gomes, 8 mm em Rio Verde de Mato Grosso, 15 mm em São Gabriel do Oeste e 20 mm em Sonora.

Na região sudoeste, a média acumulada, no período de 4 a 8 deste mês, foi de 21 mm no município de Ponta Porã e 35 mm em Antônio João. Já na região sul, a média acumulada no período foi de 14 mm no município de Caarapó, 3 mm em Laguna Carapã, 12 mm em Aral Moreira, 6 mm em Coronel Sapucaia e 2 mm em Amambai.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) hoje a previsão é de chuva isolada, principalmente à tarde, no norte e noroeste de Mato Grosso do Sul.

PECUÁRIA

A pecuária também sofreu com a escassez de chuvas. Sem umidade, as pastagens não brotaram, prejudicando a alimentação dos bovinos. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, o momento é de estratégia.

“As reses prejudicadas pela estiagem devem ser selecionadas e comercializadas no mercado, por meio de leilão, por exemplo. O sindicato criou o Leilão Agro Forte, para possibilitar que produtores associados e não associados comercializem esse gado, que tende a ser um pouco mais magro. E aqueles que ficarem na fazenda acabaram por achatar um pouco mais a margem do pecuarista, uma vez que deverá ser feito um trabalho de nutrição adequado ao rebanho”, afirmou.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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