Economia

ANÁLISE

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Aumento do trabalho por conta própria está relacionado a aplicativos

Aumento do trabalho por conta própria está relacionado a aplicativos

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A consolidação da economia de aplicativos, que influenciou novos tipos de ocupações no mercado de trabalho, pode ser um dos fatores responsáveis pelo crescimento do número de trabalhadores por conta própria no país.

A análise faz parte da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para o 4º trimestre de 2019, divulgada hoje (12), na sede do instituto, no centro do Rio.

De acordo com o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Carlos Henrique Corseuil, o movimento aparece de forma bem nítida quando se verifica o crescimento do emprego por setor de atividade e por ocupação.

“O que vemos é um destaque muito grande nos setores de transportes terrestres e entrega de mercadorias para trabalhadores por conta própria. Isso indica que, como são setores de predominância de serviços em que se usa muito aplicativo, a gente faz essa relação, lembrando que o setor por conta própria tem registrado altas bastante expressivas no nível de ocupação. E os setores relacionados às novas tecnologias têm puxado essa alta”, afirmou.

Trabalho por conta própria

O técnico ressaltou que o trabalho por conta própria cresce geralmente nos momentos em que o desemprego aumenta. Mas, agora, o desemprego está caindo e o movimento aparece em sentido oposto. “Isso está sugerindo que há alguma outra força, que não mais o aumento do desemprego, empurrando o aumento do trabalho por conta própria.”

Outro fator que pode ter interferido nas mudanças é institucional, e se refere à terceirização das atividades, que também reflete no aumento da informalidade por conta própria.

“O setor de trabalho por conta própria dá mais flexilidade de horário, e isso é visto, por algumas pessoas, como um atrativo desse segmento. O que acontece é que esse atrativo talvez tenha sido potencializado por esses novos elementos, que entraram recentemente no mercado brasileiro, tanto o institucional como o tecnológico. É como se tivesse uma propensão de certos indivíduos em se ligar no segmento por conta própria, que foi potencializado por estes fatores mais recentes”, disse Corseuil.

Previdência

Segundo o técnico, o aumento do segmento "por conta própria" tem acompanhado a diminuição da parcela de trabalhadores que contribuem para a Previdência. “É um dado que temos que acompanhar, para saber se isso vai reverter no momento de recuperação mais forte da economia. Vamos ver se o percentual dos que não contribuem para a Previdência diminui ou aumenta”, disse.

O pesquisador do Ipea ressaltou, no entanto, que em caso de crescimento da economia, a contribuição para Previdência pode aumentar. “Isso tende a melhorar a condição do trabalhador por conta própria, inclusive no rendimento dele e aí, eventualmente, aumenta também a propensão do trabalhador por conta própria em contribuir para a Previdência”, indicou.

Desocupação e desalento

A carta de conjuntura avalia as taxas de desocupação e desalento do trabalhador. Segundo Corseuil, o leque mais amplo dos indicadores mostra um cenário um pouco mais favorável do mercado de trabalho.

Até inicio de 2018, a notícia boa era praticamente restrita à queda do desemprego e outros apontavam para piora no mercado de trabalho. Segundo o técnico, o panorama mudou.

Em 2019, já se vê um conjunto maior de indicadores apontando melhora no mercado de trabalho. Além do desemprego continuar caindo, a parcela dos que estão desempregados pelo menos há dois anos, procurando emprego, está em queda.

Outro dado é que a parcela dos trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, também está recuando, com queda na parcela de trabalhadores desalentados.

“Há uma série de sinais que apontam para um movimento de melhora do mercado de trabalho. Ainda tem muito espaço para melhorar. O desemprego está caindo, mas ainda está muito alto. O emprego formal começa a apontar subida, mas ainda em ritmo um pouco menor do que a subida do mercado informal. Apesar de ainda termos muito que melhorar, pelo menos estamos no caminho da melhora”, completou.

Desigualdade

A desigualdade, no entanto, ainda é um ponto negativo, porque continua alta, embora estável. “Para certos segmentos – e aí entra o item "por conta própria" – a desigualdade sobe.

"Acho que a questão da desigualdade vai ser chave para continuarmos acompanhando. É um indicador que ainda não melhorou. Parou de piorar, o que é um primeiro passo,. Mas ainda está estável, em patamar bem alto”, afirmou. Ele acrescentou que, ao comparar os dados do terceiro trimestre de 2019 com o início do ano ou com o mesmo trimestre de 2018, a desigualdade está mais ou menos no mesmo patamar.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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Economia

Petrobras quer retomar obras em navios inacabados pré-Lava Jato

Embarcações eram construídas por estaleiro que fechou as portas após início da operação

18/04/2024 21h00

Fernando Frazão; Agência Brasil

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A Petrobras estuda uma maneira de retomar as obras de dois navios petroleiros remanescentes das encomendas feitas ainda no primeiro programa de revitalização da indústria naval brasileira, nas primeiras gestões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As embarcações eram construídas pelo estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), que fechou as portas em 2015 após a descoberta do esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. Hoje, elas pertencem ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que financiou as obras.

Os dois navios eram parte de um contrato de quatro embarcações do tipo Panamax assinado entre o Mauá e a Transpetro, subsidiária da Petrobras para o transporte de petróleo e derivados.

Delas, apenas uma foi entregue. Outras duas estavam em fase avançada de construção e a quarta, ainda em estágio inicial. Os navios mais avançados passaram anos no cais do estaleiro Mauá e hoje estão no estaleiro Ilha, na zona norte do Rio, que pertence ao mesmo grupo.

Em evento sobre o setor nesta quinta-feira (18), o presidente da Transpetro, Sergio Bacci, disse que a empresa vem negociando com o BNDES a compra dos navios para concluir as obras. "É intenção da Transpetro retomar esses navios", afirmou.

Uma das embarcações sofreu inundações na casa de máquinas durante o período em que esteve parado no Mauá, o que danificou o motor. A troca demandaria abrir novamente o casco, o que é um desafio ao projeto.

"Não é simples", afirmou Bacci. "Para trocar o motor tem que fazer uma cesariana no navio", comparou. A ideia seria contratar um estaleiro para realizar a operação e concluir as obras.

Na época, os navios foram encomendados por US$ 87 milhões, cada um. Foi a última licitação de navios do programa naval dos primeiros governos Lula, que tenta novamente fomentar a atividade do setor.

A Transpetro prepara-se para lançar licitação para a encomenda de quatro navios para o transporte de combustíveis, já aprovadas pela Petrobras, mas cujo leilão depende de medidas do governo para ampliar competitividade dos estaleiros brasileiros.

Entre elas, está a retomada da cobrança de imposto de importação sobre navios, que ficaram isentos em lei aprovada pelo governo Jair Bolsonaro (PL). Outra é a aprovação pelo Senado de projeto de lei que acelera a depreciação de ativos industriais no país, que já passou pela Câmara.
Bacci reforçou que a Transpetro estuda contratar mais doze navios --quatro de combustíveis líquidos e oito de gás de cozinha-- mas a encomenda ainda não foi aprovada pela Petrobras e, portanto, deve ficar para 2025.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, defendeu que, apesar dos problemas do passado, o Brasil deve voltar a fomentar a indústria naval "sem nenhum sentimento de culpa".

Ele apresentou a demanda da Petrobras para o setor, que inclui módulos de plataformas de produção de petróleo, desmantelamento de plataformas antigas e a construção de navios e embarcações de apoio à produção.

A companhia já lançou licitação para 12 barcos de apoio a plataformas em alto mar e planeja licitar mais 10 ainda este ano. Outros 11 serão necessários até 2030. Ao todo, são previstos investimentos de US$ 2,5 bilhões, com a geração de 28 mil empregos.

Prates defendeu também a retomada de obras de refino paralisadas pela Lava Jato, como a Refinaria Abreu e Lima e o antigo Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
"Temos que terminar, vamos retomar uma por uma. Vai virar o quê? Elefante branco, com 80% concluído, como essa planta de fertilizantes do Mato Grosso do Sul? Se for viável, faremos."

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