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Auditoria vasculha irregularidade
em mais de R$ 5 bi em notas

Entre semana passada e hoje há seis procedimentos instaurados

RODOLFO CÉSAR

29/05/2017 - 18h12
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A Controladoria-Geral do Estado confirmou hoje que está com seis auditorias abertas para apurar possíveis irregularidades em termos de benefício fiscal concedidos a empresas. O mais recente foi aberto hoje, depois de denúncia que envolveria sonegação fiscal e possível pagamento de propina dentro do governo estadual.

Somente na auditoria que envolve a Braz Peli Comércio de Couros, que foi instaurada hoje, há mais de R$ 5 bilhões em notas emitidas que podem ter sonegação fiscal envolvida.

O secretário de Estado de Governo e de Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, confirmou a auditoria durante coletiva concedida hoje à tarde na governadoria.

Na semana passada, o órgão instaurou auditoria para verificar cinco termos que estão relacionados ao frigorífico JBS. A medida foi tomada depois que delação premiada dos irmão Joesley e Wesley Batista mencionaram possíveis pagamentos de propina em Mato Grosso do Sul para que houvesse benefício fiscal.

Hoje, o procedimento instaurado refere-se ao curtume Braz Peli Comércio de Couros, que fica em Campo Grande. Entre setembro e outubro do ano passado foi identificado comportamento fiscal irregular com relação a volume comercializado e a Secretaria de Fazenda determinou suspensão do regime de tributação que era aplicado a ela. Empresários ligados a esse grupo também relataram possível pagamento de propina para garantir isenções.

A Braz Peli tem operações envolvendo também os estados de São Paulo e Rio Grande do Norte. 

"Dos seis ofícios que nós expedimos para os estados, dois já foram retornados com informações de fraude em relação a fornecimento dessa empresa, Braz Peli. Houve uma determinação do governador Reinaldo Azambuja, ontem à noite (28), para se buscar esclarecimento desses fatos", disse Eduardo Riedel.

O total de notas emitidas pela Braz Peli a serem averiguadas ultrapassa os R$ 5 bilhões e até agora foram analisados R$ 4,634 milhões.

Já há disputa judicial em torno da autorização de uso do benefício fiscal envolvendo a empresa e o governo estadual. Liminar do Tribunal de Justiça, por enquanto, garante isenções. "Nossa procuradoria entrou na Justiça buscando valer o entendimento do Estado de Mato Grosso do Sul para recolhimento desses tributos", informou o secretário de Governo.

Conforme divulgação feita hoje, no segundo trimestre deste ano, a Braz Peli movimentou R$ 215 milhões e não recolheu Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) por conta de liminar judicial.

Foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) recurso para tentar barrar benefícios que hoje a empresa possui. Registro na Polícia Civil também foi feito por parte do governo do Estado.

A reportagem tentou contato com a Braz Peli por meio de dois números de telefone, mas até a publicação desta matéria ninguém atendeu.

META FISCAL

Governo Lula revê trajetória das contas e adia ajuste fiscal para próximo presidente

A meta fiscal será zero para 2025, igual a este ano, com uma alta gradual até chegar a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028.

15/04/2024 18h00

Após o déficit zero no ano que vem, o governo prevê um superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,50% do PIB em 2027 e 1% do PIB em 2028. Gabriela Biló/Folhapress

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai propor uma revisão na trajetória das contas públicas que, na prática, adia o ajuste fiscal para o próximo presidente da República.

A meta fiscal será zero para 2025, igual a este ano, com uma alta gradual até chegar a 1% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2028.

Os números sinalizam uma flexibilização em relação à promessa feita no ano passado, na apresentação do novo arcabouço fiscal, de entregar um superávit de 0,5% do PIB no ano que vem e alcançar um resultado positivo de 1% do PIB já em 2026, último ano de mandato de Lula.

A opção do Executivo pela meta zero no ano que vem também indica ainda a possibilidade de novo déficit, já que há uma margem de tolerância de 0,25% do PIB para mais ou menos. Para este ano, o governo já prevê um resultado negativo de R$ 9,3 bilhões.

Além da piora do cenário, o Executivo também reduziu a velocidade do ajuste fiscal. Se antes o esforço adicional era de 0,5 ponto percentual ao ano, a melhora do resultado agora será de 0,25 ponto ao ano em 2026 e 2027.

Após o déficit zero no ano que vem, o governo prevê um superávit de 0,25% do PIB em 2026, 0,50% do PIB em 2027 e 1% do PIB em 2028, já no primeiro biênio do mandato do próximo presidente da República.

A piora no alvo da política fiscal deve ter consequências negativas sobre a trajetória da dívida pública. Segundo estimativas da própria área econômica, é preciso um superávit de 1% do PIB para estabilizar a dívida -patamar que, agora, só deve ser alcançado no próximo governo.

A intenção do governo de perseguir uma meta menos ambiciosa foi revelada pela Folha de S.Paulo. O número constará no PLDO (projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2025, a ser apresentado nesta segunda-feira (15) ao Congresso.

Na tarde desta segunda, a poucas horas da divulgação oficial, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) confirmou à Globonews a meta zero em 2025, em uma inusual entrevista exclusiva concedida pelo chefe da pasta antes de uma coletiva à imprensa convocada para tratar justamente do PLDO.

Nem Haddad nem a ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) participarão da coletiva para justificar a piora no cenário fiscal, tarefa que caberá a secretários das duas pastas.

"Nós não costumamos antecipar os dados da LDO antes da entrevista oficial, mas vazaram esses dois dados [meta de 2025 e salário mínimo], e aí a imprensa toda está dando. Até me desculpo por estar falando disso antes das 17h, que é o horário combinado. Mas, sim, os dados que eu tenho são esses", disse o ministro.

Além da meta, ele fez referência à previsão de salário mínimo de R$ 1.502 no ano que vem, como antecipou a Folha de S.Paulo.

Apesar da revisão do cenário fiscal dos próximos anos, Haddad disse não desistiu de alcançar um superávit ainda neste mandado do governo Lula. "Tem 2026 ainda", afirmou.

A flexibilização da trajetória fiscal se dá diante de um quadro desafiador para continuar aumentando a arrecadação e alcançar o superávit de 0,5% do PIB, como prometeu o ministro da Fazenda.

Embora o governo tenha aprovado uma série de medidas de receitas ao longo de 2024, boa parte delas são extraordinárias e não se repetirão no ano que vem.

Além disso, membros do Executivo têm a avaliação de que a agenda de arrecadação está se exaurindo, o que dificulta ir atrás de novas receitas.

Um sinal disso são as resistências enfrentadas pelo governo na discussão de medidas enviadas ao Legislativo no fim de 2023, como a reoneração da folha de pagamento de empresas e prefeituras, o fim do Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos) e a limitação do uso de créditos judiciais pelas empresas para abater tributos.

A Fazenda precisou abrir as negociações e flexibilizar boa parte dessas iniciativas para melhorar sua aceitação no Congresso. Consequentemente, isso afeta a capacidade do governo de reequilibrar as contas públicas.

Na entrevista à Globonews, Haddad disse que o governo vai manter a interlocução com o Congresso Nacional em busca de novas fontes de receitas. "Vamos rever os gastos tributários", disse. "Vamos fazer a arrecadação voltar um patamar razoável, acima de 18% [do PIB]. A gente está mirando em 18,5% [do PIB]."

Para este ano, a meta já é de déficit zero, e a avaliação mais recente do Orçamento indica um resultado negativo em 0,1% do PIB -dentro da margem de tolerância da meta fiscal, que é de 0,25 ponto percentual para mais ou menos.

Embora a meta seja igual para 2024 e 2025, o governo tem o discurso de que a proposta de Orçamento do ano que vem precisará ser enviada cumprindo esse objetivo central, enquanto neste ano o resultado esperado já é de déficit. Por essa comparação, o governo estaria garantindo a trajetória de melhora contínua das contas.

Meta 2025

Haddad confirma meta fiscal de déficit zero para 2025 e salário mínimo de R$ 1.502

Há um ano, a equipe econômica havia estabelecido que buscaria fazer um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025

15/04/2024 16h00

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e presidente Luiz Inácio Lula da Silva Arquivo

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou no período da tarde desta segunda-feira, 15, que o governo definiu a meta fiscal do próximo ano como déficit primário zero, assim como o alvo deste ano, conforme mostrou mais cedo o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. Há um ano, a equipe econômica havia estabelecido que buscaria fazer um superávit de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025.

A confirmação foi dada em entrevista à GloboNews. Haddad pediu desculpas por antecipar os números antes da divulgação pelo Ministério do Planejamento do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) ainda no período da tarde desta segunda-feira, mas argumentou que os números já haviam sido "vazados" à imprensa.

Haddad confirmou também que a projeção para o salário mínimo no próximo ano é de R$ 1.502.

Haddad foi questionado se, com a decisão de revisar a meta de 2025, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teria desistido de fazer superávits neste mandato. O ministro rebateu, contudo, que ainda haverá 2026 para buscar esse alvo.

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