O consumo de alimentos livres de agrotóxicos deu um salto em relação ao ano anterior, devido a crise sanitária, a alimentação saudável ganhou mais destaque na mesa dos brasileiros.
De acordo com a Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis),– entidade sem fins lucrativos que trabalha para divulgar conceitos e práticas orgânicas, durante a quarentena a procura pelos produtos teve um aumento de 55%.
A professora e nutricionista, Sara Silva, destaca que os alimentos orgânicos são conhecidos por serem livres de agrotóxicos, componentes químicos e fertilizantes, que são prejudiciais à saúde, além de apresentarem mais nutrientes e mais sabor que os inorgânicos.
“Sempre existiu um certo preconceito em relação aos produtos orgânicos, como sendo algo extremamente caro, em Campo Grande está havendo uma maior procura o que é bem importante. O ideal seria que todos se alimentassem da forma mais natural possível, isso a longo prazo representa saúde”, pontuou a profissional ao Correio do Estado.
Últimas notícias
O Brasil está se consolidando como um grande produtor de alimentos orgânicos. Já são, aproximadamente, 17 mil propriedades certificadas em todas as unidades da federação, a produção em sua maioria vem de pequenos produtores.
Para a nutricionista os benefícios dos produtos orgânicos são inúmeros. “O assunto é muito sério, o Brasil tem autorização para o uso de diversos agrotóxicos que em outros países, são proibidos. Ao escolhermos opções mais saudáveis, privamos o nosso corpo de receber substâncias químicas que estão relacionadas com o aparecimento de alergias, câncer, infertilidade e doenças respiratórias, muitas pessoas nem tem noção dos malefícios a longo prazo”, destacou.
Pedro Rodrigues, revende orgânicos há 2 anos e meio em feiras de Campo Grande, devido à pandemia da Covid-19, passou a receber pedidos pela internet e realizar as entregas de frutas, verduras e legumes, adotando todas as medidas de biossegurança necessárias.
“Já tenho meus clientes fixos, famílias que não abrem mão de consumir produtos livres de agrotóxicos, a solução que encontrei foi passar a realizar entregas, muitas pessoas querem receber em casa pela facilidade e segurança”, explica.
O Brasil tem hoje 22 mil produtores de orgânico, que movimentam anualmente cerca de R$ 4,5 bilhões, com um crescimento médio de 15% a 20% ao ano.
Rodrigues destaca que semanalmente são entregues pelo menos 20 cestas pela cidade. “A pandemia fez com que algumas pessoas parassem para se preocupar com a saúde e os alimentos que consumiam, os produtos orgânicos oferecem bem mais segurança”, pontuou.
FISCALIZAÇÃO
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável por determinar qual tipo de agrotóxico pode ser utilizado e qual a quantidade adequada para cada alimento. Isso é chamado de Limite Máximo de Resíduos.
Conforme o último levantamento realizado pelo Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), os alimentos que possuem mais agrotóxicos são: abacaxi, alface, arroz, alho, batata-doce, beterraba, cenoura, chuchu, goiaba, laranja, manga, pimentão, tomate e uva. Foram analisados cerca de 270 agrotóxicos diferentes.
A nutricionista Sara Silva, destacou algumas dicas para reduzir os riscos de possíveis intoxicação:
- Lave bem os alimentos: a higienização de legumes, verduras e frutas pode reduzir os resíduos de agrotóxicos que se concentram nas superfícies dos alimentos, porém não há pesquisas que comprovem que lavar adequadamente os alimentos ajude na remoção total;
- Opte por vegetais da estação: sempre que possível, prefira legumes, verduras e frutas regionais e da safra, pois trarão menos agrotóxicos;
- Desconfie de alimentos "perfeitos": vegetais muito grandes, com aparência muito brilhante, sem manchas e que duram muito podem indicar agrotóxicos em excesso;
- Retire a casca dos alimentos: tirar a parte externa de legumes e frutas pode minimizar a quantidade.