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ECOSSISTEMA

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Saiba tudo sobre o Pantanal e sua rica biodiversidade

Ocupada pelo agronegócio, região pode ser exemplo da união de economia e sustentabilidade

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Um santuário ecológico. Um incrível ecossistema, com mais variadas espécies da fauna e flora. A lista de denominações para definir o Pantanal de Mato Grosso do Sul é enorme, tamanha a riqueza de sua biodiversidade.

A maior planície inundável do planeta ocupa 89.826 quilômetros quadrados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou 25% do território sul-mato-grossense. 

Toda essa área é povoada por 174 espécies de mamíferos, 580 de aves, 131 de répteis, 57 de anfíbios e 271 peixes. Apenas de plantas, segundo a Embrapa Pantanal, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), são mais de 2 mil.  

O número parece expressivo, mas de acordo com o pesquisador Walfrido Moraes Tomas, da Embrapa Pantanal, o número depende muito da extensão do ecossistema.

“Por exemplo, a Mata Atlântica vai desde o nordeste até o sul do país, e essa área enorme contém ambientes com interface marinha, montanhas muito altas, e variedades de clima, e isso sim gera mais riqueza de espécies de fauna e flora”, exemplifica, e prossegue apontando as características da região pantaneira.  

“O Pantanal é relativo pequeno e praticamente plano, então não tem muita variedade climática e nem de relevo, o que limita o surgimento de espécies únicas”, disse.

Apesar disso, isso não significa que a região não tenha espécies únicas, conforme o pesquisador.

“Elas existem, especialmente plantas, como umas 4 ou 5 espécies de amendoim selvagem, por exemplo. Mas ainda existem outras espécies de distribuição restrita ao Pantanal, e o fato é que ainda desconhecemos muito sobre a biodiversidade na região”, destacou.

Em 2018, pesquisadores da Embrapa publicaram um estudo sobre a descoberta do Tupanvírus, um vírus gigante, mas que não causa doenças.

O primeiro Tupanvírus foi encontrado no sedimento de uma salina localizada em uma fazenda ao sul da região do Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá.

CONCEITO

Existem discussões entre geógrafos, biólogos e autoridades quanto à classificação do Pantanal. Tanto o IBGE com o Ministério do Meio Ambiente (MMA) o consideram como um bioma, enquanto o consenso de geógrafos é de apontá-lo como faixa de transição.

No entanto, Tomas aponta que não há problema em considerar a região como bioma.

“Tecnicamente, o Pantanal é uma região contém ecossistemas que se encaixam em quatro dos 14 tipos básicos de biomas: Savanas, Áreas Úmidas de Água Doce, Florestas e Ambientes Aquáticos de Água Doce”, detalha o pesquisador.

“Como o Brasil adotou arbitrária e erroneamente o conceito de bioma, não há problema nenhum em considerar o Pantanal como ‘bioma’ válido nessa situação, já que isso serve apenas para dividir regiões mais ou menos diferentes em termos ecológicos”, explicou.

QUEIMADAS

Fenômeno recorrente, as queimadas se tornaram um problema que se arrasta há várias décadas. Devido à atividade agropecuária na região, parte dessas queimadas são causadas para manejo da vegetação e melhorar a qualidade para o gado.

Para minimizar os danos, o governo de Mato Grosso do Sul proibiu em 2014 a queimada controlada entre 1º de agosto e 31 de outubro na região pantaneira. 

Apesar disso, o fogo tem importância no cotidiano do ecossistema.

“Em qualquer savana o fogo é um elemento ecológico importante. Sua eliminação causa consequências para o funcionamento desses ecossistemas. No entanto, o uso exagerado do fogo para manejar a vegetação causa impactos negativos profundos”, alerta Tomas.

Ele cita uma sabedoria popular do Pantanal que a queimada deve ocorrer entre o fim do período das chuvas e antes da seca, para evitar a propagação das chamas.

“A outra forma de usar o fogo era queimar após as primeiras chuvas, no fim do ano. Essas queimadas, assim, ficam restritas a pequenas áreas, e não causam incêndios devastadores como vemos corriqueiramente no Pantanal”, lembra.

O pesquisador aponta que é possível conciliar economia e sustentabilidade no Pantanal.

“O Estado proíbe queimadas no período mais seco do ano, mas é exatamente nesse período que os grandes incêndios ocorrem. Então tem alguma coisa errada. Por outro lado, é possível conciliar o uso pecuário das savanas, como o Pantanal, e usar o fogo para manejar a vegetação”, explicou.

Tomas prossegue destacando um modelo que pode ajudar nesse sentido.

“Atualmente, defende-se a queima prescrita, que é aquela adotada em momentos corretos, com avaliação da vegetação e das condições climáticas, e servem para evitar acúmulo de material combustível e incêndios catastróficos. Essa abordagem talvez seja a mais correta, e impede que a mesma área seja queimada todos os anos, levando a uma degradação do solo e da qualidade da vegetação para o gado e para a biodiversidade”, afirmou.

PRESERVAÇÃO

E se fossem criadas mais reservas naturais para ajudar na preservação? O pesquisador lembra que o conceito de conservação inclui também a preservação em áreas protegidas, além do uso sustentável da terra.

“As reservas têm sua função, que é preservar amostras de ecossistemas em seu funcionamento o mais próximo do natural possível, sem interferência humana. No entanto, é preciso considerar que o maior desafio da conservação não está nas áreas protegidas, e sim nas áreas utilizadas por atividades humanas”, explicou.

Tomas lembra ainda que o Código Florestal prevê que áreas de proteção possam estar dentro de propriedades rurais.

“Isso tudo tem uma função muito clara, baseada na percepção de que os seres humanos são parte e dependem totalmente da natureza para existir. Não há meio termo nessa conclusão”, aponta.

“Por isso, a conservação e a sustentabilidade abarcam essas estratégias de proteger amostras relevantes dos ecossistemas,  em unidades de conservação públicas e privadas, além de regulamentar a proteção nas propriedades rurais através de Áreas de Proteção Permanente (APPs) e reservas legais”, complementa.

AMEAÇA À FAUNA

Mais do que vários ecossistemas, o Pantanal é uma região notória por abrigar grandes populações de espécies ameaçadas,  várias delas se recuperando nas últimas décadas.

“As onças tiveram suas populações drasticamente reduzidas em função da caça punitiva e para comércio de peles, mas houve uma recuperação”, lembra.

O pesquisador também cita outro exemplo: as ariranhas. “Foi o mesmo caso das ariranhas, que foram caçadas até sua quase extinção na região mas que hoje ocorrem em quase todos os rios e lagoas maiores do Pantanal”, completa.

Tomas sugere mais uma vez que a união entre a atividade pecuária e a preservação ocorra para evitar mais casos como já ocorreu anteriormente.

“Assim, a melhor forma de proteger essas espécies é adotar formas de produção que respeitem as condições capazes de garantir a sua persistência  no Pantanal, e isso passa pela conservação nas propriedades rurais, que somam mais de 90% da planície pantaneira”, defendeu.  

Para o pesquisador, criar estratégias para produtores rurais é uma alternativa, com políticas de incentivo para preservar suas propriedades.

“Essa é uma forma de recompensar esses proprietários pelo serviço que prestam à sociedade, protegendo não só a biodiversidade, mas também os diversos benefícios que o Pantanal presta ao planeta, ou seja, os serviços ecossistêmicos”, ressalta

Ícone pantaneiro, a onça-pintada já foi muito temida e perseguida, mais isso parece estar mudando.

“Todos os grandes predadores sempre foram temidos pelos seres humanos, e esse é um traço que vem de milhões de anos de evolução de nossa espécie. A situação de conflito se consolidou quando passamos a domesticar animais e a criá-los para consumo e geração de riqueza. Como esses grandes predadores muitas vezes predam esses animais domesticados, surgiu um conflito entre economia e convivência”, relembra.

“No Pantanal, como em muitos outros lugares, além da caça punitiva devido à predação do gado houve ainda a caça visando à venda de peles, encerrada no fim da década de 1960, quando a caça comercial foi proibida no Brasil. Esse processo quase dizimou a onça no Pantanal”, explicou.

Foi a natureza que ajudou a reverter essa situação, já na década de 1970.

“Em meados da década de 1970 o Pantanal iniciou um período de grandes cheias. Isso criou condições ecológicas para o aumento das populações de onças, beneficiado pela criminalização de seu abate, aumento da fiscalização e da conscientização por parte de muitos fazendeiros. O resultado foi um aumento gradual da população de onças, que voltaram a ocupar lugares onde essas haviam praticamente desaparecido”, explicou.

Com o crescimento da população de onças, turistas do mundo todo passaram a procurar o Pantanal para observar o felino.

“Atualmente, isso tem atraído turistas do mundo todo, porque o Pantanal é o lugar mais fácil de se observar onças em seu ambiente natural. Tem gerado divisas em função do turismo de observação em regiões como o Porto Jofre, em Poconé [Mato Grosso], além de Miranda e Pantanal do Rio Negro, no Mato Grosso do Sul”, relatou.

PERÍODOS

Entre janeiro e fevereiro, é possível aproveitar o período das cheias para contemplar a flora local em passeios de barco ou chalana. Em março e abril, o cenário ganha mamíferos e aves, e o clima já fica mais quente e chuvoso.

Já em maio, o Pantanal atinge a fase da vazante, ou seja, a transição da cheia para uma temporada de seca. Até junho, as aves colorem ainda mais os céus, principalmente o colheireiro.

A partir de agosto, começam a nascer filhotes nos ninhais e os ipês rosa e lilás dão o tom da planície. Até o mês seguinte, esse é o melhor período para pescaria, já que há menos chuvas.

Em outubro, os filhotes das aves começam a se arriscar fora dos ninhais. O clima fica ainda mais quente até dezembro, permitindo belíssimas vistas do pôr-do-sol.

ATRATIVOS

A pandemia de Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) afetou diretamente o setor de turismo não só na região pantaneira, como em todo estado. Em abril, 34% das empresas do setor de hotelaria tiveram faturamento zero, segundo o Observatório do Turismo (ObservaturMS), da Fundação de Turismo do Estado (Fundtur-MS), e 8% delas tiveram de encerrar as atividades.

No fim de junho, a Fundtur lançou um plano de retomada do turismo local, após a flexibilização do setor pelos municípios.  

Um desses atrativos é a Fazenda San Francisco, em Miranda. Com desconto, o pacote de dois dias e uma noite custa R$ 392 por pessoas (apartamento quádruplo).

Também foi lançado o voucher quarentena, com validade até 23/12/2021. Os pacotes podem ser parcelados em até 3x sem juros via boleto bancário (crédito só será considerado após a confirmação de pagamento do boleto). Os pacotes dentro do voucher quarentena terão 20% de desconto.

Outra atração é a Estrada Parque Pantanal. Com 120 km, ela reúne trechos da MS-184 e da MS-228, localizados nos municípios de Miranda, Corumbá e Ladário. A viagem pode ser feita de carro de passeio, ônibus ou veículos de turismo. Porém, o ideal é fazer o percurso em veículos com tração para enfrentar os alagamentos do período de cheias.

Para acessar a estrada, o turista tem duas opções. Partindo de Campo Grande, via BR-262, deve acessar o Buraco das Piranhas, após passar por Anastácio, Aquidauana e Miranda, para chegar à MS-184. Saindo de Corumbá, acesse a MS-228.

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DIÁLOGO

Confira a coluna Diálogo na íntegra, desta quinta-feira, 28 de março de 2024

Por Ester Figueiredo ([email protected])

28/03/2024 00h01

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Rubem Alves - escritor brasileiro
Não haverá borboletas 
se a vida não passar por longas 
e silenciosas metamorfoses”.


FELPUDA

Ex-prefeito de município do interior que já tentou ser pré-candidato a governador e suplente “de qualquer coisa”, mas não conseguiu, está neste ano eleitoral querendo disputar novamente a prefeitura, único espaço que lhe restou em sua paróquia política. Ocorre que o dito-cujo vem sendo soterrado por uma avalanche de processos que, mais um pouco, sobrará só o nariz de fora. Afe!

 

Chá

Hoje, a partir das 19h30min, em sua sede, a Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) promove o primeiro Chá Acadêmico deste ano, tendo como convidado o imortal Arno Wehling, da Academia Brasileira de Letras (ABL). Ele abrirá o projeto ABL na ASL: Palestras Imortais.

Mais

O tema da palestra de Arno Wehling será Um “idealismo constitucional”? No bicentenário da Constituição de 1824. Ao longo do ano, cinco imortais acadêmicos da Academia Brasileira de Letras farão palestras durante as programações dos Chás e Rodas Acadêmicas da ASL

 

Dr Edgar Nasser - Foto? Namour FilhoDr Edgar Nasser - Foto: Namour Filho

 

 Julie Montgomery e Sofia Patsch Julie Montgomery e Sofia Patsch



 


Arsenal

Nesses meses que antecedem as eleições, a prefeita Adriane Lopes deverá enfrentar, digamos, seu inferno astral político. A oposição está se formando na Câmara Municipal e há quem afirme que deverá dar muitas, mas muitas dores de cabeça, mesmo. O quadro atual de legendas que estão preparando os petardos são: PSDB, PT, Podemos, MDB, PDT, PSD, PRD, PSB e União Brasil. Dos 29 vereadores, apenas cinco são do PP, partido da prefeita.

Trampolim

Depois de encontrar trancadas as portas do MDB e do União Brasil para que não entrasse 
e cogitar filiar-se no PP ou no PL, sem avanços, o ex-prefeito Marcos Trad conseguiu abrigo 
no PDT, outrora poderoso em MS e que, atualmente, vive escassez de lideranças. A ideia dos pedetistas-mor seria usar o ex-prefeito, que sairá candidato a vereador, como trampolim para tentar conquistar o maior número de vagas na Câmara Municipal de Campo Grande. Para isso, é bom lembrar que tem de combinar com o eleitor antes.

Sem pompas

Marcos Trad chega ao PDT, mas sem tapete vermelho estendido na porta. O ainda pré-candidato 
a prefeito Lucas de Lima, deputado estadual e presidente da legenda em Campo Grande, andou torcendo o nariz para a filiação do ex-prefeito. Mas, como o futuro pedetista costurou sua acolhida junto à cúpula nacional, o parlamentar teve que “engolir o choro” e acatar a decisão. 

Aniversariantes
 

Dr. Gustavo Lotfi Costa,
Ralphe da Cunha Nogueira, 
Adriana Santos Feitosa Esvicero, 
Manoel Valle Rocha 
(Rocha Miyazato), 
Jorge Abdul Ahad,
Iracema Chuzum,
Salim Kamel Ribeiro Ruiz,
Luiz Carlos Katurchi,
Paulo Henrique Ribeiro Rocha,
Rita de Cassia Melo Moura,
Cezar Augusto Barboza Alves,
Delmiro Higa,
Severino Josias Pessoa,
Vilmar Gomes Barbosa,
Carlos Alberto Vargas Freire,
Francisca Leandro de Souza,
Luma Fernandes D´Avila,
Luiz Simão Staszczak, 
Guida Marsura,
Dalva Proença Brum Cabral, 
Mariana Vale,
Rafael Chester Almirão Nasrallã,
Dr. Leandro Steinhorst Goelzer, 
Marcelo Lucarelli Rodrigues,
Dr. José Roberto Pereira Ximenes, Ayrton de Araújo,
Ambrosia Garcia Colman,
João Alfredo Vieira Carneiro,
Rosiane Klein da Silva, 
Geraldo Shigueru Tashima,
Mário Norio Kawaminami,
Alexsandro de Souza,
Ana Lúcia Alves Batista,
Augusto César dos Santos,
Maria Cristina Solberger,
Djalma Galvão Vasconcelos, 
Alonso Cuellar, 
Laudely Rodrigues Barros,
Luiz Carlos Amaral dos Santos,
Maria Aparecida de Almeida Delvalhes,
Cândida Ferreira, 
Pedro Tibana,
Emilio Gimenez,
Pascaly Rocha Vilella, 
Heloisa Helena Nunes da Cunha Maia de Souza, 
Dr. Mauro Pires de Oliveira, 
Geralda Sandim,
Sidnei Figueiredo, 
Silvio Maciel da Cruz, 
Janine Elza Ferreira Correa,
Maria José Guerrieri da Silva,
Altenir Nogueira Menezes, 
Ana Carolina Lessonier,
Dayana Ferreira Souza,
Alexandre Espinosa Júnior,
Manoel Miguel Terto, 
Marcos Garcia,
Ione dos Santos Souza,
Nivaldo Castor da Silva,
Jesus Gomes Vieira,
Celeste Aguillar,
Antonia Iara Costa Soares, 
Edir Ferreira de Vasconcelos,
Hugo de Souza Guedes,
Paulo Luiz Rocha Teixeira,
Marcela Marina de Araújo,
Flávia Morales Trevisan Salomão, 
Rosani Dal Soto Santos, 
José Luiz Faria dos Santos,
Adriana Cristina Aveiro, 
Reginaldo Marinho da Silva,
Gabrieli Cáceres,
Samille Carmona,
Sandra Mara Taborda Serra,
Sueli Gonçalves Ovelar,
Ovidia Clotilde Alvarenga Ribeiro,
Solanir Faria Brito Correa,
Leonardo Correa Miranda,
Sonia Rodrigues Gomes de Oliveira,
Eliete Pereira de Souza, 
Jorge Caldas Feitosa Filho,
Luiz Fernando Palmerio,
Dirce Ferreira dos Santos, 
Ana Tereza de Almeida Vidoto,
Diogo da Mota Jardim,
Eduardo Gomes do Amaral,
Eraldo Ferreira Viana,
Loyraci Alves de Queiroz,
Jucimara Zaim de Melo,
Larissa Raquel Correia Rocha Zerbinati, 
Márcia Rodrigues Gorisch, 
Ana Lúcia Laburu Alencar, 
Tadeu Sebastião da Silva Delgado,
Thiago Alves Chianca Pereira Oliveira,
Valdeci Moraes Rocha,
Maria Antonia Rodrigues da Silva, 
Cacildo Baptista Palhares,
Cláudia Cafure Alves Corrêa Antunes,
Messias Soares de Carvalho,
Paula Fernanda Grun da Silva,
Rosângela de Mattos Dalperio,
Juliana Lucia Azevedo, 
Sônia Maria Ferreira Gomes,
Tânia Mara Souza,
Mário Márcio Mesquita Alves,
Jorge Luís Viana Nunes.

Colaborou Tatyane Gameiro

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CIDADE BRANCA

É Verdade e dou fé

Exposição, livro e outras ações marcam os 150 anos da Comarca de Corumbá, a primeira a ser instituída em Mato Grosso do Sul; abertura e abastecimento de antigas e novas cápsulas do tempo fazem parte da celebração

27/03/2024 10h00

Uma peça teatral contando a trajetória do barão de Vila Maria fez parte da agenda desta terça-feira; programação segue hoje na Cidade Branca

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Sesquicentenário, que significa o mesmo que um período de 150 anos, pode parecer uma palavra pouco palatável para muitos.

Mas, quem trabalha direta ou indiretamente com o Poder Judiciário em Corumbá, vem se acostumando com o termo.

É que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) preparou uma série de ações para marcar a data neste ano, e boa parte do esforço volta-se também para aproximar a comunidade local do município e, de algum, mobilizar toda a população sul-mato-grossense em torno desse marco.

Comarca é um termo jurídico que denomina a cidade que tem um Fórum. Com os 150 anos da Comarca de Corumbá, fundada em 1874, o resgate promovido pelo TJMS quer fazer lembrar que o que se emancipa, na data histórica, é a configuração jurídica e toda uma cultura de direito público no território que pouco mais de um século depois viria a ser reconhecido oficialmente como Mato Grosso do Sul.

A CIDADE

“A importância de Corumbá no contexto nacional é notável, e, enquanto comarca, podemos dizer que marcou e marca significativamente o Judiciário sul-mato-grossense. Antigamente, quando os cartórios extrajudiciais não resolviam, a população tinha de procurar o Tribunal de Relação, que era em Cuiabá, a capital da época”, afirma Zeli Paim de Menezes Lopes Vasques.

Formada em Letras e em Direito, Zeli é especialista em gestão documental física e digital. Ela é diretora do Departamento de Gestão Documental e Memória do TJMS e peça fundamental na equipe do Tribunal que segue envolvida com a celebração dos 150 anos.

“Temos o inquérito policial mais antigo que encontramos, que é de 1853”, orgulha-se.

“As comarcas atualmente são compostas por servidores públicos concursados, por juízes de Direito e somente os processos vão em grau de recurso quando de alguma obscuridade ou de insatisfação das partes. Após a instalação das comarcas, as pessoas eram nomeadas a trabalhar, não eram concursadas”, ensina Zeli Paim, que reitera o importante papel de Corumbá em contexto mais amplo.

“A cidade de Corumbá tem uma relevância significativa para o nosso estado. Enquanto estado uno, era a porta de entrada do grande comércio, que vinha pelo Rio Paraguai e, daqui, ia para Cuiabá, a capital. A cidade de Corumbá era mais importante que Campo Grande. A comarca data sua instalação no ano de 1874. O Tribunal de Relação, como se fosse um Fórum, por ser em Cuiabá, dificultava as decisões pela distância”, afirma.

O BARÃO

“Corumbá foi palco da entrada da tropa paraguaia quando da guerra. Nessa época, era Brasil Império. Sabendo que a tropa vinha subindo para entrar em Corumbá, barão de Vila Maria saiu a cavalo e foi até o Rio de Janeiro avisar ao Império sobre a tropa que avançava. Essa viagem ele fez em 79 dias, 60 cavalgando e 19 de descanso intercalados”, recupera Zeli Paim.

O barão de Vila Maria era Joaquim José Gomes da Silva, pioneiro na região que viria a se tornar Corumbá, que recebeu o título de Dom Pedro II, em 1862, é o fundador da Fazenda Firme, importante polo de pecuária, e tem papel de destaque também na Guerra do Paraguai.

“A família do barão de Vila Maria não teve importância apenas para Corumbá, mas a Nhecolândia tem esse nome por conta de um dos filhos do barão. Dono de vastas terras, de Corumbá até Coxim”, afirma a especialista.

A HOMENAGEM

“Trazendo a história para data mais próxima, podemos destacar a importância de Corumbá pelas Forças Armadas, que atuaram e atuam cuidando da nossa fronteira. A mineração que traz ganhos para famílias corumbaenses e riquezas para o nosso estado, apesar de que, em data anterior, a Justiça teve de atuar para defender o meio ambiente com o Ministério Público”, comenta.

É com o intuito de resgatar e prestigiar a comarca e os cidadãos que contribuíram para o desenvolvimento da região, segundo Zeli Paim, que o Poder Judiciário de MS exporá “a história e processos históricos” no Fórum da cidade, em parceria com Exército, Marinha, Ministério Público e Academia Sul Mato-Grossense de Letras, com livros em que diversos autores retratam a Cidade Branca.

“Todo o evento foi preparado pelo Tribunal de Justiça e será o primeiro, tendo em vista que, este ano, Paranaíba também completará 150 anos”, lembra a diretora. “Na exposição, mostraremos o rastro da história da comarca. Trouxemos três processos que destacamos como importantes, o Exército fez um apanhado desses 150 anos, a Marinha apresentará a história em banners e o Ministério Público apresentará vídeo institucional”, anuncia Zeli Paim.

Uma peça teatral contando a trajetória de vida do barão de Vila Maria foi encenada ontem por atores locais, em Corumbá. “Teremos o lançamento do livro ‘150 Anos – Rastros da História’. Nosso departamento [Departamento de Gestão Documental e Memória] foi responsável pela pesquisa e a redação do livro”, informa Zeli Paim. 

“Quando nos debruçamos nas pesquisas e começamos a edição do livro, a montagem da exposição, a análise de documentos antigos, processos que são custodiados no memorial do TJMS, navegamos em um misto de emoção e raiva pelos acontecimentos e percebemos o quão importante esses cidadãos do passado foram para que chegássemos até os dias atuais. Se eles não fossem destemidos, provavelmente, não teríamos o que temos hoje, em termos de reconhecimento enquanto cidadãos de um país tão extenso como nosso Brasil”, analisa.

A exposição “Rastros da História” foi inaugurada no Fórum de Corumbá, onde também se concentraram outras atividades: apresentação da cápsula do tempo, concerto da banda do Exército, instalação do 2º Gabinete de Integração da Comarca de Corumbá e apresentação do monólogo do processo do barão de Vila Maria. Confira no box a programação de hoje.

SERVIÇOS

  • 150 Anos da Comarca de Corumbá
  • Hoje, em Corumbá
  • 8h
  • Missa em ação de graças, na
  • Catedral Nossa Senhora da Candelária.
  • 9h30min
  • Instalação da placa n° 2 na calçada da Delegacia da Polícia Civil, antiga sede do Fórum de Corumbá, Rua Major Gama, nº 290, Centro.
  • 10h30min
  • Rastros da História
  • Instalação da placa n° 3 na calçada do Museu da História do Pantanal (Muhpan), Rua Manoel Cavassa, nº 275.
  • 16h
  • Sessão solene especial no
  • Centro de Convenções do Pantanal, Rua Domingos Sahib, nº 579, Centro.

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