Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

"O mundo se encontra em um ponto de mutação"

"O mundo se encontra em um ponto de mutação"

Continue lendo...

“O mundo se encontra em um ponto de mutação”
Vice Hamilton Mourão, para quem o modelo econômico pós 2ª Guerra está ‘se rompendo’

Líder do ‘centrão’ é quem dá cartas na Câmara
Rodrigo Maia que nada, “o cara” na Câmara dos Deputados é cada vez mais Arthur Lira (AL), líder do PP e do “centrão”. Ele está presente nas vitórias e sobretudo nas derrotas do governo Bolsonaro, como quando liderou a exclusão do Pacote Anticrime da autorização para que polícia fizesse escutas telefônicas sem autorização judicial. Foi dele também a decisão de excluir Estados e Municípios da Reforma da Previdência.

Este não passa
O governo não conta com Arhur Lira também na MP que desobriga grande empresas de publicar editais e balanço em jornais impressos.

Saldo governista
O líder do centrão garante que tem dado mais vitórias do que derrotas ao governo, como a Reforma da Previdência e a cessão onerosa.

Batuta nas mãos
Cheio de moral, há dias Lira “pediu” ao presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, para encerrar a sessão e evitar novas derrotas do governo.

Perseguição, não
Arthur Lira também cita sua oposição a iniciativas, na Câmara, para perseguir Luciano Bivar, presidente do PSL: “Não vamos permitir”.

Licitação do STF tenta driblar vinhos nacionais
Tem uma razão não declarada a exigência de vinhos com premiações internacionais, de safras posteriores a 2010, na licitação do Supremo Tribunal Federal (STF) para aquisição de comes & bebes. É a saída que o STF encontrou para revogar antiga prática, dos tempos de regime militar, de servir vinhos nacionais em recepções oficiais. Alguns intragáveis, esses vinhos constrangiam anfitriões pelas dores de cabeça causadas em dignitários estrangeiros em visita oficial ao Brasil.

Prêmios como ‘seguro’
No edital de R$1,1 milhão para comes & bebes de visitas oficiais, o STF impôs um seguro contra má qualidade: vinhos premiados 4 vezes.

Espumante, a exceção
Os espumantes brasileiros se enquadram nas exigências do STF. São produtos de elevada qualidade, que colecionam prêmios no exterior.

Paladar preservado
A área de licitações do STF poupou o presidente Dias Toffoli, grande conhecedor de vinhos nacionais que certamente ele não aprecia.

Cartões do governo
Os gastos dos três tipos de cartões corporativos do governo federal estão no menor nível dos últimos cinco anos. O recorde é de 2017, quando foram torrados R$453,6 milhões, seguido por 2016, com R$407,5 milhões. Este ano, até novembro, foram R$176 milhões.

Assim não dá
Na base do “se colar, colou”, parlamentares próximos ao governo têm feito indicações de pessoas que deixam ruborizados os funcionários da Abin, encarregados de checar a vida pregressa de cada um deles.

Perderam o juízo
Há sentenças que apenas reforçam os que defendem a extinção da Justiça do Trabalho. Como no caso da decisão espalhafatosa que “reconhece” vínculo empregatício de um aplicativo como motoboys.

Conselho profissional
O Supremo Tribunal Federal deve julgar esta semana o cancelamento automático de inscrição em conselhos profissionais por inadimplência da anuidade. O pedido é da OAB. E sem processo administrativo.

Propaganda enganosa
A Azul disparou e-mails para seus clientes oferecendo 250% de bônus para quem transferisse pontos para um amigo ou familiar. Por má-fé ou falta de noções matemáticas, o bônus, na prática, é de apenas 150%.

Pior banco do mundo
Cliente do Cetelem, banco parceiro de Submarino, Americanas e outros sites, teve cartão clonado, e tentou fazer a contestação das compras. O banco se negou. Disse que o cliente que se vire para reaver o dinheiro.

Tá sabendo legal
A Claro tem abordado pessoas e usando lorotas para convencê-las a mudar de operadora. Segundo os atendentes, “por ter velocidade maior de internet no celular, vai consumir menos dados da franquia do plano”.

Grana além-salário
O Senado já distribuiu R$1,6 milhão em diárias para servidores da Casa apenas entre janeiro e novembro deste ano. São R$ 5.141 todos os dias de 2019, além do salário. E a conta não inclui os senadores.

Pensando bem...
...tem político que, solto, vale apenas o que pesa.

PODER SEM PUDOR

Greve teatral
O AI-5, ato institucional que revogou as liberdades democráticas no Brasil de 1968, levou muitos adversários do regime militar à cadeia. Entre eles Carlos Lacerda, que resolveu iniciar uma greve de fome no cárcere. O médico e amigo Antônio Rebello, que monitorava o pulso de Lacerda, começou a ficar preocupado e vivia implorando para que o líder carioca suspendesse a greve. Um dia fez uma comparação definitiva: “Você está tentando fazer Shakespeare no País da Dercy Gonçalves!” Percebendo o ridículo da situação, Lacerda desistiu da greve.

___

Com André Brito e Tiago Vasconcelos

www.diariodopoder.com.br

artigos

A escalada do jogo de soma zero em Brasília

11/12/2025 07h30

Continue Lendo...

A recente indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva do advogado-geral da União, Jorge Messias, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) reacendeu o debate sobre a crescente dificuldade de governabilidade no âmbito do Poder Executivo.

Embora a escolha para o STF seja prerrogativa presidencial e tradicionalmente aprovada pelo Senado – gesto que reforça a legitimidade institucional e a harmonia entre os Poderes –, trata-se de um processo que raramente encontra resistência. Em 134 anos, apenas cinco indicações foram rejeitadas pelo Senado, todas ainda no início da República, sob Floriano Peixoto.

Desde o início do terceiro mandato de Lula, o governo tem registrado o pior índice de aprovação de suas pautas no Congresso desde a redemocratização. Esse enfraquecimento ganhou corpo a partir do governo de Dilma Rousseff e se ampliou nos anos seguintes.

Michel Temer foi o único a obter vitórias relevantes, ainda que ao custo de ampliar o protagonismo de deputados e senadores. Nem Jair Bolsonaro nem Lula – apesar de sua força política e carisma – conseguiram frear o avanço das emendas parlamentares, que comprimem a margem de ação do Executivo, especialmente na área econômica.

Para tentar contrabalançar o peso crescente do Congresso sobre o Orçamento, Lula vem optando por indicar nomes alinhados ao governo para posições estratégicas, inclusive no Judiciário. A nomeação de Flávio Dino ao STF é um exemplo emblemático dessa estratégia. Em movimento inverso, o presidente também trouxe ao Executivo figuras do Judiciário, como o ex-ministro Ricardo Lewandowski, atual titular da Justiça. Essa dinâmica de avanços e recuos, porém, contribui para bloquear a capacidade dos Três Poderes de exercerem integralmente seus papéis constitucionais.

O Executivo, pressionado, tem recorrido cada vez mais à judicialização de suas políticas. O Legislativo, por sua vez, consolidou-se como um “Executivo paralelo”, operando quase como um sistema parlamentarista informal. O Judiciário, ao atuar como intérprete expansivo da Constituição, muitas vezes assume funções legislativas, criando contorcionismos jurídicos para suprir lacunas políticas.

O que emerge desse arranjo é um jogo de soma zero, que compromete a formulação de um projeto nacional coerente e moderno. Cada Poder avança sobre a esfera do outro, mas nenhum amplia, de fato, sua capacidade de governar. O resultado é um país paralisado por impasses institucionais que corroem a eficácia do Estado e dificultam a construção de consensos duradouros.
 

artigos

Provas digitais obtidas no exterior não são automaticamente válidas

11/12/2025 07h15

Continue Lendo...

A decisão do Tribunal Superior de Zurique de anular provas extraídas da plataforma criptografada Sky ECC, por violação de territorialidade, ausência de suspeita individualizada e inobservância das regras suíças de vigilância, marca um momento decisivo no debate global sobre admissibilidade e validade de evidências digitais. Trata-se de um precedente que reforça limites jurídicos em um contexto de investigações transnacionais cada vez mais dependentes de dados e cooperação policial internacional.

Proferida em 15 de agosto de 2025, a decisão examinou a admissibilidade de dados obtidos por autoridades francesas no âmbito de operações contra a Sky ECC, amplamente utilizada por grupos criminosos em diferentes países. A Corte acolheu integralmente a argumentação da defesa e declarou as provas inadmissíveis, afirmando que houve violação direta da soberania suíça. 

Isso ocorreu porque as autoridades francesas desencadearam uma manipulação da rede que levou dispositivos Sky ECC localizados em território suíço a transmitir suas chaves criptográficas para um servidor sob controle francês, sem nenhum pedido de cooperação ou autorização judicial da Suíça. O Tribunal classificou o procedimento como uma medida coercitiva estrangeira ilegal, determinando a exclusão absoluta das provas e rejeitando qualquer possibilidade de ponderação com base na gravidade dos fatos ou na utilidade investigativa.

O Tribunal também destacou que, no momento das medidas francesas, não havia suspeita concreta contra o réu, o que torna ilegítima qualquer forma de vigilância sob a legislação suíça, que exige suspeita individualizada para autorizar medidas secretas. As ordens emitidas na França eram tão abrangentes que geraram interpretações divergentes em toda a Europa: alguns tribunais entenderam que miravam operadores da plataforma, outros concluíram que o alvo eram todos os usuários ou até mesmo “pessoas desconhecidas”. Em nenhum desses casos, argumentou o Tribunal Superior de Zurique, o limiar mínimo de suspeita exigido pelo Direito suíço teria sido atingido. 

Em situações em que medidas recaem sobre pessoas indeterminadas, eventuais achados envolvendo terceiros configurariam meras descobertas incidentais, insuficientes para legitimar a vigilância. O Tribunal anotou ainda que algumas das condutas investigadas nem sequer constituiriam crimes aptos a justificar medidas de interceptação no país.

A decisão também enfrentou o debate sobre o direito da defesa de acessar dados brutos das comunicações interceptadas, tema que tem ganhado relevo nos tribunais europeus. Embora não tenha fixado uma tese, a Corte observou que o material fornecido no caso não corresponde ao conceito de “dados brutos” definido pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos, apontando futuras discussões sobre transparência, cadeia de custódia e integridade da prova digital.

O julgamento desencadeou uma forte reação pública e política na Suíça, acompanhada por esforços de comunicação destinados a sugerir que a decisão representaria ameaça à segurança nacional. Apesar dessa pressão, o Tribunal manteve o foco na legalidade estrita e na proteção das garantias processuais, afastando o argumento utilitarista de que a eficácia da investigação justificaria atropelos a limites territoriais e legais.
A decisão de Zurique projeta efeitos para além da Europa. Em um contexto no qual investigações criminais dependem cada vez mais da circulação de dados entre países, a Corte reforçou que cada Estado deve aferir, de forma autônoma, a validade da prova à luz de sua legislação interna, em consonância com orientação do Tribunal Europeu de Direitos Humanos. Provas digitais obtidas no exterior, portanto, não são automaticamente válidas: sua admissibilidade exige respeito às regras nacionais sobre interceptação, cadeia de custódia e limites territoriais.

Num cenário em que infraestruturas tecnológicas e plataformas criptografadas operam acima das fronteiras, a decisão evidencia o papel essencial da advocacia criminal internacional. A atuação técnica e coordenada entre defesa, peritos e especialistas em diferentes países se torna decisiva para expor violações, garantir acesso a material íntegro e assegurar que a prova digital cumpra os requisitos legais necessários.

O caso suíço demonstra que a prova digital não está imune ao devido processo legal e que, quando nasce de violações à soberania, ao Direito interno ou à falta de suspeita individualizada, sua exclusão é não apenas possível, mas obrigatória.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).