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Universidades pesquisam criação de reator que produz energia com fusão nuclear

Universidades pesquisam criação de reator que produz energia com fusão nuclear

JORNAL DA USP

06/02/2018 - 20h03
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Uma parceria entre a USP e a Universidade de Princeton (PU) vem contribuindo para as pesquisas relacionadas com o desenvolvimento de protótipos de reatores que um dia poderão produzir energia praticamente inesgotável, a partir da fusão nuclear.

Entre as possibilidades, está a construção de usinas que forneçam energia suficientemente limpa, a ponto de diminuir a emissão de gases tóxicos ao meio ambiente e evitar o acúmulo de dejetos radioativos.

Neste sentido, a tese de doutorado de Vinícius Njaim Duarte trouxe entendimento inédito sobre o comportamento de ondas que afetam a continuidade de reações de fusão, prejudicando a eficácia na produção de energia.

O estudo teve supervisão dos pesquisadores Ricardo Galvão e Nikolai Gorelenkov —dos Laboratórios de Física de Plasmas do IF e da PU, respectivamente. Um artigo de autoria de Duarte, junto a outros colaboradores, condensou as descobertas e foi publicado com destaque na revista Physics of Plasmas.

A repercussão foi tanta, que um laboratório que opera a maior máquina dedicada a estudos sobre fusão magnética dos EUA realizou experimentos com o fim de testar as predições do modelo de Duarte, através do uso de uma máquina conhecida como tokamak.

Trata-se de um protótipo experimental de reator de fusão nuclear, dentro do qual se confina, em uma câmara de vácuo, um gás composto de isótopos de hidrogênio, sob a forma de plasma (quando se aquece um gás neutro a temperatura muito elevada, obtendo íons e elétrons).

Dentro do tokamak, sob forte campo magnético e alta temperatura, as partículas do plasma se chocam, fazendo com que seus núcleos eventualmente se unam em um processo conhecido como fusão nuclear. A energia liberada é extremamente alta.

O tokamak é hermeticamente fechado, evitando perdas de partículas e de energia para o meio exterior. O ambiente com altíssima energia acumulada e com um plasma submetido a forte campo magnético gera ondas do mesmo tipo daquelas criadas a partir de explosões solares: as ondas de Alfvén.

Segundo Duarte, o que se observa em máquinas tokamak é que essas ondas “interagem com uma certa população de íons altamente energéticos, presentes no plasma”. Quando a interação foge do controle, as partículas são expelidas do plasma e esse fenômeno “é muito indesejável, porque é necessário manter as partículas do plasma bem confinadas”, preservando a autossuficiência do reator.

A maneira como esses íons “fogem” está relacionada à natureza da oscilação das ondas de Alfvén. Se a onda tem frequência fixa, as partículas normalmente são perdidas por difusão. Se possui variações abruptas, apresentam um mecanismo de auto-organização e são ejetadas de forma convectiva.

EFICIÊNCIA

A pergunta que permanecia em aberto — qual o fator experimental que determina qual será a resposta espectral das ondas de Alfvén — foi elucidada pelo estudo ao propor, teórica e experimentalmente, que a turbulência afeta a dinâmica dos íons energéticos contidos no plasma.

Verificou-se que as oscilações das ondas de Alfvén com frequência fixa são comuns em plasmas com alta turbulência e raras em condições onde o plasma se encontra em baixa turbulência, quando as ondas têm sua frequência sujeita a variações abruptas.

“Se controlamos a turbulência do plasma, controlamos, de certa forma, a oscilação das ondas de Alfvén. Controlando essa oscilação, é possível controlar a forma como essas partículas vão ser ejetadas do plasma e isso pode fazer toda a diferença na eficiência do reator”, explica Duarte. A meta é desenvolver capacidades de prever cenários e, consequentemente, abrandar as perdas de partículas.

O estudo pode contribuir no desenvolvimento de um reator experimental de fusão: um tokamak orçado em cerca de 20 bilhões de euros. Trata-se do International Thermonuclear Experimental Reactor (ITER), convênio formado por diversos países, com metade da construção já realizada. 

“No ITER vai ser muito caro realizar um experimento. Então, é muito interessante que tenhamos ferramentas que consigam predizer como o plasma vai se comportar. Ao entendermos como as ondas vão evoluir, fica mais viável controlá-las”, esclarece.

ENERGIA LIMPA

A energia nuclear é responsável pelo fornecimento de quase 15% da energia mundial e atualmente é obtida apenas a partir da fissão nuclear. Neste processo, segundo Galvão, o reator produz energia a partir do rompimento de átomos de alto número atômico (urânio) que, ao se dividirem, criam outros elementos de pesos atômicos menores, liberando nêutrons com alta energia.

Ele explica que as reações de fusão liberam “muito mais energia” que as de fissão. Porém, é mais fácil produzir fissão do que fusão, já que o primeiro processo é autossuficiente, porque ocorre através de reações em cadeia. O problema é que isso torna a fissão perigosa, porque os elementos e partículas que se formam a partir do urânio “ficam no reator e irradiam energia por milhares de anos”.

PRÓXIMOS DESAFIOS

Um dos próximos desafios é descobrir quais os materiais mais adequados para constituir a câmara de vácuo do reator de fusão, que devem ser resistentes para aguentar os altos níveis de energia acumulados dentro do tokamak. “O plasma fica dentro da câmara e partículas tentam atravessá-la.”.

Essas partículas “deslocam” os átomos das paredes da câmara, comprometendo a integridade do tokamak. “Nós não sabemos ainda que materiais resistem a esses danos, porque é necessário ter um reator para testar. O ITER também busca testar quais os materiais que realmente resistiriam aos danos da radiação”, aponta Galvão.

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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