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Pesquisa mostra sucesso do vírus da zika no tratamento de tumores cerebrais

Pesquisa mostra sucesso do vírus da zika no tratamento de tumores cerebrais

Istoé

26/04/2018 - 16h18
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Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) descobrem que o vírus da zika é capaz de infectar e matar as células de tumores cerebrais com grande eficácia, sem causar danos às células saudáveis. 

De acordo com os autores da pesquisa, os resultados sugerem que, no futuro, vários tipos de tumores agressivos do sistema nervoso central poderiam ser tratados com algum tipo de abordagem envolvendo o uso do vírus da zika, conhecido por sua preferência por atacar células do cérebro em formação.

Realizada por cientistas do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, sob coordenação da geneticista Mayana Zatz, nesta quinta-feira, 26, na revista científica Cancer Research, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer.

Segundo Keith Okamoto, autor principal da pesquisa, estudos anteriores já haviam mostrado que o vírus da zika tem uma grande afinidade por células do sistema nervoso central, em especial as células-tronco neurais, que dão origem aos neurônios. Assim, quando um feto é infectado, o vírus ataca seu sistema nervoso e reduz drasticamente a quantidade de células-tronco neurais, gerando problemas como a microcefalia.

Por outro lado, segundo Okamoto, estudos feitos pelo grupo da USP sobre tumores do sistema nervoso central mostravam que as células que compõem esses tumores têm características semelhantes às das células-tronco neurais e estão ligadas ao processo de disseminação do câncer – a metástase.

“Essas células tumorais são especialmente resistentes aos tratamentos convencionais como quimioterapia e radioterapia. Por isso decidimos investigar se o vírus da zika, que infecta células-tronco normais, poderia também infectar e matar as células tumorais que têm características de células-tronco”, disse Okamoto ao Estado.

Para realizar a pesquisa, os cientistas infectaram com zika células humanas derivadas de dois tipos de tumores cerebrais que afetam especialmente crianças de até cinco anos de idade: meduloblastoma e tumor teratóide rabdóico atípico. O procedimento também foi feito com células de câncer de mama, de próstata e de intestino.

Em um dos experimentos, os pesquisadores utilizaram essas células tumorais humanas para induzir o crescimento de tumores cerebrais “humanos” em camundongos. Depois de desenvolver o câncer em estágio avançado, os animais receberam uma injeção com o vírus da zika. Os tumores regrediram em 20 dos 29 animais tratados com o vírus – em sete deles, a remissão foi completa e o tumor desapareceu. O vírus também bloqueou e reverteu metástases.

“O estudo mostrou que o vírus da zika de fato possui afinidade com as células do sistema nervoso central, infectando e matando as células tumorais de forma seletiva. O mesmo não ocorreu com os tumores de mama, próstata e intestino. As células-tronco tumorais se mostraram ainda mais suscetíveis a serem destruídas pelo vírus do que as células-tronco sadias. Observamos também que o vírus não foi capaz de infectar os neurônios maduros”, explicou Okamoto.

Segundo o cientista, o fato do vírus da zika não afetar os neurônios maduros é crucial do ponto de vista da segurança, já que a destruição de neurônios saudáveis seria uma barreira para o uso do vírus em uma futura terapia contra o câncer cerebral.

“Mostramos que o vírus tem propriedade oncolítica, isto é, ele é capaz de atacar preferencialmente as células tumorais, preservando as células normais do mesmo tecido. Essa linha de estudos é bastante nova e nosso estudo é o primeiro com o vírus da zika a mostrar resultados em células humanas”, disse o pesquisador.

Okamoto conta que as propriedades oncolíticas já haviam sido observadas em outros vírus e a estratégia do uso de vírus como “arma” contra o câncer já é uma realidade. Em 2015, a FDA – a agência americana responsável pela regulação de fármacos, terapias e alimentos – aprovou um tratamento que utiliza uma forma modificada do vírus da herpes para tratar melanoma.

No ano passado, quando os cientistas brasileiros já haviam enviado o novo artigo para publicação, um grupo de cientistas americanos publicou um estudo que também mostrou como o vírus da zika destrói células de glioblastoma – outro tipo de câncer cerebral -, mas o estudo foi feito sem o uso de células humanas.

“O estudo sobre o glioblastoma é importante, porque é um tipo de câncer agressivo que carece de tratamento. Mas o estudo não foi feito com células de tumores humanos – e sim com células de tumores de camundongos, que respondem de forma diferente”, disse Okamoto.

Como foram utilizadas células de tumores humanos nos camundongos, o estudo brasileiro conseguiu demonstrar não apenas que o vírus da zika consegue reduzir os tumores, mas também inibir a metástase. No caso do glioblastoma, a metástase é rara, já que o paciente costuma morrer antes que o tumor se alastre.

“Outra novidade importante do nosso estudo é que pela primeira vez foi feito um estudo de escalonamento da dose. Isto é, nós adicionamos quantidades crescentes do vírus às células tumorais para descobrir qual é a quantidade mínima capaz de promover a infecção. Verificamos que uma dose do zika 50 vezes menor que a utilizada pelos americanos já é suficiente para eliminar os tumores”, explicou Okamoto.

O estudo brasileiro também mostrou que depois de atacar as células-tronco tumorais, o vírus da zika não consegue se reproduzir com eficiência – o que evitaria que os pacientes tratados contra o câncer ficassem doentes com a infecção viral.

“Normalmente, quando um vírus infecta uma célula, ele sequestra sua maquinaria para se replicar e depois libera uma quantidade imensa de partículas virais que irão infectar outras células. Mas descobrimos que, por algum motivo, o vírus não consegue se replicar de forma eficiente na célula de câncer, porque as partículas virais produzidas são defeituosas, com pouca capacidade para destruir células normais.”

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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