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Cara, vacina com proteção maior contra meningite tem problemas de distribuição

Cara, vacina com proteção maior contra meningite tem problemas de distribuição

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A mais completa vacina contra a meningite, que protege contra os tipos  A, C, W e Y, enfrenta problemas de abastecimento e distribuição há pelo menos três anos. A dose da imunização pode custar R$ 500 e só é encontrada em clínicas particulares.

"A vacina é produzida de acordo com a demanda. Você faz um planejamento do que vai vender de meningite do tipo B em 2020 e pede em 2019. Se em 2020 houver um surto ou uma demanda inesperada, não teremos reposição de estoque", diz Geraldo Barbosa, presidente da ABCVAC (Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas).  "A gente sempre é pego de surpresa."

Um dos exemplos de corrida às clínicas de vacinação ocorreu na semana passada, com a morte por meningite meningocócica de Arthur Araújo Lula da Silva, 7, neto do ex-presidente do Lula. As buscas no Google por meningite meningocócica cresceram 4.000% na última semana, e pesquisas sobre vacinas contra a infecção tiveram crescimento de 2.600%.

Outro problema, de acordo com Barbosa, é a concentração de oferta da imunização em grandes centros, com a consequente falta de acesso em áreas mais isoladas.

Por fim, o presidente da ABCVAC também afirma que os prazos de validade das doses têm sido reduzidos, o que impossibilitaria a construção de um estoque para momentos de escassez. "Com um produto de valor agregado alto, fica difícil fazer estoque."

O custo alta da vacina meningocócica ACWY pode ser explicado pela sua complexidade. "É como quatro vacinas em uma só", diz Isabella Ballalai, vice-presidente da Sbim (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Além disso, entra em jogo a disputa internacional pela imunização, que é produzida por indústrias fora do Brasil. Nesses casos, os laboratórios enviam seus lotes para quem pagar mais, diz Ballalai.

Todos esses fatores ajudam explicar a dificuldade de encontrar a vacina nas clínicas. 

Entre as farmacêuticas que produzem a vacina conjugada, somente a GSK (GlaxoSmithKline) afirma ter tido problemas de distribuição. "O fornecimento da vacina ACWY, Menveo, durante o ano de 2018, foi menor do que a demanda e esperamos que a situação da oferta da vacina em questão melhore no segundo semestre de 2019", disse a GSK em nota.

Segundo a GSK, atrasos e interrupções temporárias de algumas linhas de produção da vacina foram causados pela "complexidade de produção e da necessidade de harmonização de processos fabris, após a aquisição do negócio vacinas da Novartis, pela GSK".

A Sanofi Pasteur, que produz a vacina Menactra, afirma que a vacina teve abastecimento constante nas clínicas em 2018 e em 2019.

A Pfizer, que adquiriu a vacina Nimenrix do laboratório GSK, diz que está em processo de transferência de produção e que o fornecimento da vacina responde à demanda.

No entanto, não é só a vacina conjugada ACWY que, segundo especialistas, tem problemas de distribuição. A imunização contra meningite tipo C, que está disponível no SUS e combate o sorogrupo majoritário (75% dos casos) no país, também teve seu fornecimento comprometido no ano passado.
Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo, em 2018, o país apresentava situação "crítica" no abastecimento. 

O Ministério da Saúde afirma que a falha na distribuição das doses da vacina ocorreu devido a atrasos na entrega por parte da Fundação Ezequiel Dias (Funed). A pasta afirma que recorreu à Opas (Organização Pan-americana da Saúde) para buscar a vacina em produtores internacionais, mas não teve sucesso. 

Em nota, o ministério afirma que em 2019 já encaminhou 1,7 milhão de doses da vacina aos postos de saúde e que a remessa de março corresponderá a 100% do solicitado pelos estados. Em todo o ano de 2018 foram 9,8 milhões de doses.

A incorporação ao calendário nacional do SUS da vacina conjugada ACWY, recomendada pela Sbim e pela Sociedade Brasileira de Pediatria, está nos planos do ministério, que no momento diz estar estudando formas de aquisição e o cronograma de distribuição.

A inclusão, contudo, é complexa, principalmente por conta das grandes quantidades de doses necessárias para o país e, por isso, deve ser conduzida de modo planejado para evitar problemas, principalmente pensando nas reclamações em relação ao abastecimento, diz Ballalai. "Seria uma irresponsabilidade oferecer a vacina sem tê-la."

Além disso, a especialista afirma que só a oferta de uma nova vacina não garante proteção à população. 
Ainda que a vacina contra o tipo C esteja disponível gratuitamente no SUS, as taxas de coberturas são de 86,58% (2017) e de 79,04% (dados preliminares de 2018). O ideal é que se chegue a 95%.

A vacinação contra meningite em adolescentes, que também está disponível na rede pública, é importante para evitar a circulação da doença. Nesse segmento da população, porém, as taxas de cobertura são ainda menores. 

"Ainda não está na cabeça da população a vacinação de adolescentes", diz Ballalai. "Só vamos ver adolescente vacinado adequadamente quando tivermos a vacinação escolar de rotina. Países que vacinam rotineiramente esse grupo nas escolas têm boas coberturas."
 
VACINAS CONTRA MENINGITE
Ao nascer
Na rede pública:
- BCG (Bacilo Calmette-Guerin). Previne as formas graves de tuberculose, principalmente miliar e meníngea.

Aos 2 meses
Na rede pública:
- Pentavalente, 1ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite e infecções por HiB;
- Pneumocócica 10 Valente, 1ª dose. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo.

Aos 3 meses
Na rede pública:
- Meningocócica C, 1ª dose. Previne a doença meningocócica C.
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, 1ª dose. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y. Custa entre R$ 270 e R$ 425 a dose; a idade ideal para as doses pode variar de acordo com a formulação;
- Meningocócica B, 1ª dose. Previne a doença meningocócica do tipo B. Custa entre R$ 490 e R$ 800 a dose.

Aos 4 meses
Na rede pública:
- Pentavalente, 2ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite e infecções por Haemóphilus influenzae tipo B;
- Pneumocócica 10 Valente, 2ª dose. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo.

Aos 5 meses
Na rede pública:
- Meningocócica C, 2ª dose. Previne doença meningocócica C.
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, 2ª dose. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y. Custa entre R$ 270 e R$ 425 a dose; a idade ideal para as doses pode variar de acordo com a formulação;
- Meningocócica B, 2ª dose. Previne a doença meningocócica do tipo B. Custa entre R$ 490 e R$ 800 a dose.

Aos 6 meses
Na rede pública:
- Pentavalente, 3ª dose. Previne difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e meningite e infecções por HiB.

Aos 7 meses
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, 3ª dose. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y. Custa entre R$ 270 e R$ 425 a dose; a idade ideal para as doses pode variar de acordo com a formulação;
- Meningocócica B, 3ª dose. Previne a doença meningocócica do tipo B. Custa entre R$ 490 e R$ 800 a dose.

Aos 12 meses
Na rede pública:
- Pneumocócica 10 Valente, reforço. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo;
- Meningocócica C, reforço. Previne doença meningocócica C.
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, 4ª dose. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y. Custa entre R$ 270 e R$ 425 a dose; a idade ideal para as doses pode variar de acordo com a formulação;
- Meningocócica B, reforço. Previne a doença meningocócica do tipo B. Custa entre R$ 490 e R$ 680 a dose.

Aos 5 anos
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, reforço. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y) - reforço. Custa entre R$ 270 e R$ 370.

Dos 11 aos 14 anos
Na rede pública:
- Meningocócica C, dose única ou reforço. Doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C.
Em clínicas privadas:
- Meningocócica ACWY, reforço. Previne a doença meningocócica dos tipos A, C, W e Y) - reforço. Custa entre R$ 270 e R$ 370.

Dos 10 aos 19 anos
Na rede pública:
- Pneumocócica 23 Valente, uma dose a depender da situação vacinal. Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo.

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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