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Brasil lança plano contra superbactérias e hospitais racionalizam antibióticos

Brasil lança plano contra superbactérias e hospitais racionalizam antibióticos

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 A guerra contra as bactérias e outros micro-organismos está reunindo hospitais, médicos, governo e indústria farmacêutica na mesma trincheira. Com alguns micróbios capazes de sobreviver aos antibióticos mais poderosos já criados, o medo é que as infecções causadas por eles matem milhões de pessoas nas próximas décadas.

O problema já assombra o presente. De acordo com estimativas do governo britânico, 700 mil pessoas morrem anualmente por causa de infecções e, entre 2015 e 2050, o número de mortos em decorrência apenas de infecções por supermicróbios pode chegar a 2,4 milhões, segundo uma estimativa da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

O custo para lidar com esse cenário um tanto catastrófico também seria enorme, de cerca de EUR 3,5 bilhões (R$ 14,9 bilhões) anuais em média para cada país membro da organização.

Uma estimativa americana aponta que de 20% a 50% dos tratamentos com antibióticos naquele país ou são incorretos ou são desnecessários -ou seja, o remédio é usado para casos mais simples, que não precisariam de antibiótico, ou o remédio errado é usado para tratar determinada infecção.

No Brasil ainda há poucos dados a respeito do tema. A Anvisa monitora desde 2010 as chamadas infecções primárias de corrente sanguínea ocorridas em UTIs de 1.900 hospitais de todo o país, mas o número está longe de representar o total de pessoas acometidas pelos micróbios multirresistentes.

Desde a descoberta da penicilina pelo escocês Alexander Fleming, 90 anos atrás, já se sabe que existem na natureza alguns micro-organismos que são simplesmente imunes a certos antibióticos. Isso significa que, em sua maquinaria celular, esses micróbios dispõem de meios de degradar ou simplesmente se livrar dessas moléculas agressoras.

O problema ganha dimensão se levarmos em conta que essas estratégias de resistência podem ser copiadas e compartilhadas entre as bactérias, gerando organismos multirresistentes.

No fim das contas, os antibióticos, quando mal empregados, destroem as bactérias "mais ou menos". Sobram apenas aquelas extremamente hábeis e capazes de gerar infecções dificílimas ou até impossíveis de combater com as ferramentas farmacológicas atuais.

A conclusão a que diversos setores chegaram é que é necessário racionalizar o uso das drogas.
Um exemplo já em prática é o da Santa Casa de Santos, que por ser referência da região em casos complexos, tem alto consumo de antibióticos. É sabido, porém, que o ambiente hospitalar é um dos mais favoráveis para as infecções multirresistentes, graças à confluência de doentes.

Uma estratégia adotada no hospital tentou reduzir o tempo de internação dos pacientes. "Eles acabavam ficando muito tempo internados só para fazerem uso do antibiótico, mas o ambiente hospitalar é de risco. A gente sabe que uma pessoa corre mais risco de vida ao entrar num hospital do que ao fazer uma viagem de avião", afirma a farmacêutica Priscilla Sartori, responsável pelo programa de gerenciamento de uso de antibióticos (ou "stewardship", no jargão em inglês) do hospital.

A prefeitura da cidade é parceira da iniciativa, aplicando a medicação a domicílio quando necessário. Em alguns casos, o paciente pôde ficar 80 dias a menos no hospital, relata Sartori. Mas há cuidados a serem tomados: "Alta hospitalar não é alta médica. A desospitalização tem de ser feita com qualidade. Se isso acontece, a recuperação no ambiente domiciliar é muito mais rápida."

Como saldo da iniciativa, que teve início em 2017, mais de mil dias de UTI foram economizados, abrindo vagas para quem mais precisava.

Um dos desafios na hora de fazer a gestão de antibióticos é a especificidade de cada país e hospital. Ana Gales, coordenadora do Comitê de Resistência Antimicrobiana da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Unifesp, diz que iniciativas isoladas existem há algumas décadas, mas que só há poucos anos começaram a surgir esforços mais coordenados, especialmente na Europa, nos EUA e em outros países como Canadá e Austrália.

"Por aqui eu tenho que informar ao corpo clínico a realidade microbiológica deste hospital, qual é a melhor opção terapêutica é melhor para os pacientes daqui, que é diferente do Hospital Oswaldo Cruz, do Hospital das Clínicas da USP e mais diferente ainda de qualquer hospital dos EUA", explica o infectologista Pedro Mathiasi, que há três anos coordena o programa de stewardship no HCor, em São Paulo.

Ele explica que a cada seis meses ou um ano é preciso fazer um inventário dos patógenos presentes no hospital e descobrir o perfil de resistência deles. Assim é possível descobrir dados valiosos como o fato de 25% das bactérias dali serem resistentes ao antibiótico quinolona -droga muito usada para tratar infecções urinárias. Dessa forma é possível escolher outra droga mais adequada para resolver o problema.

O uso de antibióticos no hospital caiu cerca de 20%; também houve queda no emprego de antifúngicos, de 25%. Na UTI pediátrica a redução chegou a 60%.  Além do custoreduzido, há menor chance de efeitos colaterais para quem é tratado dessa forma mais racional.

Tanto a Santa Casa de Santos quanto o HCor contaram com o apoio da farmacêutica MSD, que tem auxiliado hospitais a implementarem seus programas de stewardship, inclusive apoiando a montagem de laboratórios de microbiologia –onde os patógenos podem ser identificados, assim como a quais antibióticos eles são resistentes.

Depois de algumas iniciativas setoriais, no último mês de dezembro o Brasil lançou um programa multiministerial para lidar com o tema (ministérios do Meio Ambiente, da Saúde, da Agricultura e Ciência e Tecnologia, entre outros órgãos), delineando uma estratégia que abrange desde a educação dos profissionais de saúde, a promoção de higiene humana e animal e a ação de vigilância sanitária para garantir que as diretrizes serão cumpridas.

Também em dezembro, a Anvisa publicou regras de como interpretar testes de sensibilidade a antibióticos -cruciais para a escolha do melhor tratamento . A orientação é usar a estratégia mais branda possível capaz de matar os micro-organismos.

Outra medida, já em vigor, é a retenção de receita na farmácia a fim de coibir o uso indiscriminado de antibióticos.

Um dos aspectos mais ignorados da questão, conta Ana Gales, é o uso de antibióticos em animais de corte. "Os animais engordam mais e têm menos infecções. Esse uso incorreto na ração, para promoção de crescimento, é pior porque ele se dá em subdose, favorecendo ainda mais a seleção dessas bactérias resistentes."

A infectologista conta que algumas medidas simples podem ser empregadas pela população, a fim de evitar infecções por organismos multirresistentes. A primeira é evitar idas desnecessárias aos hospitais. Se precisar ir, o recomendável é lavar muito bem as mãos.

Outra recomendação que anda esquecida é se vacinar. Adultos também têm que manter a carteirinha de vacinação em dia a fim de evitar doenças como tétano, pneumonia e febre amarela.
 
A descoberta de alguns dos principais antibióticos:
- 1909: Salvarsan (Arsfenamina)
Um composto sintético, foi capaz de tratar a sífilis com eficácia pela primeira vez 
- 1928: Penicilina
Primeiro antibiótico de amplo espectro a tratar infecções sérias de estreptococos e estafilococos 
- 1943: Streptomicina
Marcou o início da era de ouro dos antibióticos, foi o primeiro tratamento para tuberculos 
- 1953: Vancomicina
Um dos antibióticos com eficácia mais duradoura; bactérias resistentes só surgiram depois de três décadas 
- 1962: Quinolonas
Usado em alguns casos de infecção urinária, podem ter efeitos debilitantes graves 
- 1976: Carbapenemas
Ainda relativamente bem eficazes, são os último recurso para tratar muitas infecções
- 1987: Daptomicina 
Uma das últimas classes de antibióticos descoberta

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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