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Anticorpos produzidos em laboratório
facilitam busca por medicamentos

Anticorpos produzidos em laboratório
facilitam busca por medicamentos

JORNAL DA USP

22/01/2018 - 15h05
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Anticorpos são proteínas do nosso sistema de defesa que neutralizam a ação das substâncias tóxicas produzidas por bactérias e vírus invasores. Por suas características, os anticorpos ajudam a entender a ação de substâncias que influenciam no funcionamento das células e de todo o organismo.

Com isso, cientistas da USP estão utilizando anticorpos produzidos em laboratório para identificar mudanças em células que sirvam de alvos para novos medicamentos. O estudo é descrito em artigo da revista científica Plos One, com a participação de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.

O desenvolvimento dos anticorpos presentes na pesquisa começou em 2004, a partir da cooperação com Lakshmi Devi, da Icahn School of Medicine at Mount Sinai (Estados Unidos).

“Os anticorpos são ferramentas biotecnológicas importantes, pois reconhecem mudanças estruturais nas células causadas pelos receptores, que são proteínas que regulam a atividade das células, com repercussão em todo o organismo”, relata a pesquisadora Andrea Heimann, da empresa Proteimax Biotecnologia Ltda, que produz os anticorpos utilizados nos estudos.

Na época, ela fazia doutorado em Fisiopatologia Experimental na Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Havia a necessidade de buscar anticorpos diferentes para estudos sobre receptores de substâncias associadas ao funcionamento do sistema nervoso, como dopamina, opioides e serotonina.”

A pesquisadora destaca que o conhecimento sobre os receptores é fundamental no desenvolvimento de novos medicamentos pela indústria farmacêutica.

“Por exemplo, cerca de 40% dos fármacos existentes no mercado atuam em um grupo de receptores que estão associados a dor e a doenças como hipertensão arterial, diabetes, obesidade e câncer” , diz. “A partir das informações sobre os receptores, são criados medicamentos que ativam ou inibem sua atividade”.

PEPTÍDEOS

Peptídeos são substâncias derivadas de proteínas que apresentam importantes funções no nosso organismo. Alguns atuam como hormônios, como a insulina; outros, como neuromoduladores, que é o caso da angiotensina; outros podem funcionar como analgésicos e até antibióticos. Cientistas têm estudado largamente estes compostos, buscando sintetizá-los em laboratório.

No Laboratório de Farmacologia de Peptídeos Intracelulares, do ICB, os anticorpos produzidos pela Proteimax servem para verificar qual a ação de cada peptídeo. “Sozinhas, as moléculas dos peptídeos não produzem efeito, por isso elas precisam ligar-se aos receptores”, aponta o professor Emer Ferro, que coordena o Laboratório.

Os receptores, por sua vez, são proteínas presentes nas membranas das células, e levam a mudanças no funcionamento celular. Se pensarmos que cada célula expressa 10 mil proteínas diferentes, e no corpo humano existem 30 mil proteínas, fica evidente a importância de ter um maior número de anticorpos para as pesquisas.

“Os peptídeos que darão origem aos anticorpos são desenhados no computador e construídos quimicamente em laboratório, usando técnicas de bioinformática”, afirma Andrea.

Os peptideos são desenhados de tal forma que quando injetados em animais, produzam anticorpos que reconhecem esses peptídeos. Normalmente, por esse mecanismo o organismo tenta se livrar de microrganismos como vírus e bactérias. Como os anticorpos reconhecem pequenas partes das proteínas (os peptídeos), isso levou ao desenvolvimento do método de produção de “anticorpos sob encomenda”.

“Os peptídeos são injetados em animais para serem multiplicados, da mesma forma que aqueles utilizados na fabricação de vacinas”. Os anticorpos são extraídos do sangue, depois de coagulado.

AVANÇOS

“Os anticorpos obtidos, quando se agregam à membrana das células, reconhecem as mudanças sofridas pelos receptores”, descreve Ferro. “Desse modo, é possível saber qual o efeito do peptídeo e estabelecer possíveis alvos para a produção de fármacos”.

As pesquisas têm apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do projeto temático Farmacologia de Oligopeptídeos e Peptídeos Intracelulares, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Para produzir os anticorpos, a Proteimax foi criada com apoio do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Desde 2005, a Proteimax já produziu 40 anticorpos diferentes.

Desde 2002, o Laboratório já testou mais 30 peptídeos diferentes, como a hemopressina, que além de aliviar a dor, também reduz a pressão arterial e a ingestão de alimentos.

“Embora o peptídeo tenha sido identificado em 2003, apenas em 2007 foi conhecido o seu alvo, ou seja, sua ação sobre o receptor de canabinoides, que desencadeia todos esses efeitos”, ressalta o professor. “Também se constatou um efeito indesejável, pois o peptídeo é ansiolítico, ou seja, pode induzir à depressão”.

A descoberta sobre o receptor de canabinoides, no entanto, auxiliou a pesquisa sobre o peptídeo pep 19, que em testes com animais reduziu peso corporal, gorduras localizadas e melhorou índices de glicemia, colesterol e pressão arterial, sem causar efeitos adversos no sistema nervoso.

Agora, o pep 19 será testado em seres humanos, com potencial para uso em medicamentos contra a obesidade. O artigo sobre os anticorpos, Generation of G protein-coupled receptor antibodies differentially sensitive to conformational states, foi publicado pela Plos One em novembro de 2017.

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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