Cidades

PROJETO DE LEI

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Tribunal quer acesso a lista de espera por cirurgias eletivas

Ideia é tentar reduzir a judicialização da saúde

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O Poder Judiciário quer propor a elaboração de projeto de lei que estabeleça regulação do sistema público de saúde de Mato Grosso do Sul de forma mais transparente. 

Atualmente, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), aproximadamente 4 mil pessoas aguardam uma cirurgia eletiva, apenas em Campo Grande. Algumas passam anos esperando pelo procedimento, outras optam pela Justiça para terem o direito garantido de forma mais rápida. Outras 34 mil estariam à espera de uma consulta ou exame com um especialista no Estado, de acordo com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

O Estado é hoje o que mais tem demanda proporcional a sua população em relação à judicialização da saúde. Este ano, até o dia 28 de novembro, 6.874 processos ingressaram no Judiciário pleiteando algo relacionado à saúde, seja pedido de medicamentos, cirurgias ou exames. O número já é maior que o acumulado de todo o ano passado, quando foram registrados 6.429 processos.

O desembargador Nélio Stábile, coordenador do Comitê Estadual do Fórum do Judiciário para a Saúde do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), explica que o novo sistema pode ajudar a diminuir a judicialização da saúde.
“A minha ideia é, a partir do comitê, propor um projeto de lei, a exemplo de Santa Catarina, que propiciou a regulação de forma instantânea. Assim se sabe quem está na fila de determinado tratamento”.

O modelo foi tirado de uma lei já em vigor em Santa Catarina e, conforme o desembargador, a ideia foi apresentada como exemplo durante encontro do comitê nacional. “Lei que determina que as filas sejam sempre públicas, acessíveis a todos. Para que todo mundo saiba qual o lugar na fila para determinando procedimento. Então eu vou ter que esperar quanto tempo? Assim o paciente vai saber em que lugar ele está na fila e o magistrado vai saber também”. 

Para Stábile, se uma lei como essa entrasse em vigor em Mato Grosso do Sul, isso evitaria que as pessoas fossem ultrapassadas na fila por aquelas que recorreram à Justiça para conseguir fazer um procedimento ou mesmo ter acesso a um especialista. “Às vezes, a pessoa está esperando uma cirurgia há dois anos,chega outra que judicializou e o juiz concedeu uma liminar, o que é devido realmente. Mas quem judicializou nem entrou na fila, ou entrou na fila a pouco tempo e vai fazer a cirurgia antes. É isso que a gente quer evitar, essa confusão entre quem está sendo ultrapassado ou não. Essa lei traria na verdade as diretrizes para formação dessa fila”, afirmou.

Na última reunião deste ano do comitê estadual, realizada no dia 29 de novembro no Tribunal de Justiça, Stábile solicitou aos representantes do Executivo estadual e do municipal as diretrizes que regem o sistema de regulação em Mato Grosso do Sul, tanto das filas de cirurgias eletivas no Estado, como de consultas e exames. Entretanto, nenhum dos dois entregou o documento.
“Como não se sabe hoje quem está aguardando o que e há quanto tempo, quando chega o pedido ao magistrado, ele tem que considerar não o lugar na fila, porque não se sabe, ele tem que considerar se é necessário e se o poder público tem que fornecer, então ele determina que forneça. Se tiver essa fila clara e objetiva, o magistrado vai dizer: ‘Olha realmente é devido o tratamento para o paciente, mas tem pessoas que estão aguardando a mais tempo que o senhor. Então vou determinar que faça, mas depois dos que estão a mais tempo aguardando’”, exemplifica Stábile.

SANTA CATARINA

A Lei nº 17.066, publicada em janeiro de 2017 pelo então governador de Santa Catarina, João Raimundo Colombo (PSD), determina que seja publicada na internet a “lista de espera dos pacientes que aguardam por consultas (discriminadas por especialidade), exames e intervenções cirúrgicas e outros procedimentos nos estabelecimentos da rede pública de saúde do Estado de Santa Catarina”.

De acordo com o Stábile, a divulgação desses dados –preservando a identidade do paciente – seria uma forma de dar transparência ao sistema. “Se não dá para atender todos ao mesmo tempo ou de forma bastante rápida, ao menos se sabe em que lugar ele está na fila e se não está sendo ultrapassado por conta do Judiciário ou por conta do próprio ente público. Essa regulação de caráter geral é que nós precisaríamos ter”.

CONTRAPONTO

O titular da Sesau, José Mauro de Castro Filho, afirma que existe “um grande problema, que é a indicação de qual é a prioridade”. Segundo ele, a posição na fila seria relativa, já que depende da condição do paciente.

“Quando é ambulatorial é mais plausível, quando existe uma indicação de que aquela doença pode se agravar levando a risco de morte, qual é a classificação desse paciente nessa lista? Então, essa mensuração que é difícil”.

AÇÕES JUDICIAIS

Reportagem do Correio do Estado publicada no dia 28 de novembro mostrou que, atualmente, a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul tem aproximadamente 300 ações ajuizadas em Campo Grande para pacientes que pedem cirurgias eletivas relacionadas à ortopedia, a maioria por problemas no joelho.

Sem acordo

Cimi critica Lula por propor a Riedel compra de fazenda para "salvar" indígenas em Dourados

Para órgão ligado à Igreja Católica, solução para crise Guarani e Kaiowá é "demarcação de terras, como manda a Constituição"

15/04/2024 19h19

Eduardo Riedel e Lula durante evento na JBS, em Campo Grande Marcelo Victor

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O Conselho Indigenista Missonário (Cimi), órgão ligado à Igreja Católica e que é um dos maiores apoiadores da causa indígena no Brasil, divulgou nota criticando a proposta feita pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), na manhã de sexta-feira (12). 

Na ocasião, Lula propôs a Riedel a compra, “em sociedade”, de uma fazenda para “salvar aqueles Guarani que vivem perto de Dourados, na beira da estrada”. Para completar, o presidente da República ainda pediu que Riedel lhe telefone quando encontrar a fazenda para ser adquirida para alocar os indígenas em situação de extrema vulnerabilidade. 

Para o Cimi, em nota publica nesta segunda-feira (15), o discurso do presidente da República “provocou revolta nas lideranças indígenas e em uma ampla gama de aliados dos povos originários”. “O presidente propôs a compra de terras tradicionalmente ocupadas para os Guarani, no lugar da demarcação de terras nos moldes que determina a Constituição Federal”, argumentou o Cimi. 

O órgão da Igreja Católica ainda completou: “ É fato que Lula sabe que essa possibilidade, além de ser explicitamente vedada pelos incisos 1 e 6 do artigo 231 da Constituição, jamais será capaz de atender às necessidades básicas e essenciais dos Kaiowá e Guarani. Inclusive tendo em vista, por exemplo, todas as problemáticas existentes nas oito reservas criadas pelo antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI)”.

Ainda para a entidade ligada à causa indígena, a fala de Lula abre margem para interpretações que invertem a ordem constitucional, no que diz respeito ao direito originário que os povos indígenas têm à demarcação de suas terras tradicionalmente ocupadas.

“Ao invés de propor a compra de terras para indígenas, Lula poderia propor, como fez há vinte anos, a aquisição de terras não tradicionais para assentar os não indígenas de boa fé que eventualmente tenham recebido títulos do Estado e que serão impactados pela demarcação das terras indígenas. Conforme destacado por Lula, o governo federal já promoveu o reassentamento de famílias impactadas e tal solução está totalmente protegida pela legislação”, argumentou o Cimi em nota.

Governador

O governador Eduardo Riedel (PSDB) na sexta-feira (12) disse que não só apoia a proposta de Lula, como a defende desde que presidia a Federação da Agricultura e da Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul)

Há pouco mais de uma década, em 2013, apoiou a criação pelo Poder Executivo, na época chefiado por André Puccinelli (MDB), do Fundo para Aquisição de Terras Indígenas (Fepati). 

“É um caminho que a gente vem apontando há muito tempo. Que a gente comece por essas propriedades, e que a gente dê solução a isso”, afirmou Eduardo Riedel, em vídeo gravado em seu gabinete, na noite de sexta-feira (12).

“Ao invés de propor a compra de terras para indígenas, Lula poderia propor, como fez há vinte anos, a aquisição de terras não tradicionais para assentar os não indígenas de boa fé que eventualmente tenham recebido títulos do Estado e que serão impactados pela demarcação das terras indígenas.

Conforme destacado por Lula, o governo federal já promoveu o reassentamento de famílias impactadas e tal solução está totalmente protegida pela legislação”, argumentou o Cimi em nota.

O Cimi aproveitou para criticar Riedel, e lembrou que quando ele presidiu a Famasul, ajudou a organizar um evento chamado na época de “Leilão da Resistência”, contra as várias ocupações de terra que ocorria na época. 

“Lula, seu governo, todos os fazendeiros e todos os empreendimentos sobre terras tradicionais dos Guarani deveriam compreender que a reivindicação deles não será jamais momentânea. Que mesmo distantes de seus territórios, seu sentido de pertencimento a eles é incondicional, inegociável e transmitido de geração em geração. E que basta uma mínima mudança na correlação de forças para que sua resistência e suas ações autodeterminadas se manifestem e confirmem seu caráter permanente”, finaliza a nota do Cimi.
 

Reivindicações

O Cimi ainda listou cinco passos para uma solução definitiva para a conflito e crise humanitária na região do Sul de Mato Grosso do Sul, que para o órgão, vai além da compra de fazenda. 

A primeira delas é a demarcação de todas as fazendas reividicadas pelos Kaiowá e Guarani no Estado, nada menos que 900 mil hectares de terra, e que segundo eles, representa que menos de 10% do território que perteceu a estes dois povos. 

O Cimi ainda aproveitou ao citar este passo, para alfinetar o presidente da República mais uma vez, ao criticar o fato de a proposta ter sido feito dentro de uma unidade da JBS, em Campo Grande, que terá sua capacidade de abate ampliada, e a geração de empregos dobrada para 4,6 mil vagas diretas, por causa da habilitação para exportação para a China a partir desta planta. 

“Cabe ressaltar que o setor da pecuária, representado pelo frigorífico onde Lula discursou, ocupa mais de 60% das terras do estado”, ironizou a nota do Cimi. 

O Cimi ainda quer que o governo atue para tornar inconstitucional a Lei 14.701/2023, conhecida como “Lei do Marco Temporal”. O Cimi ainda quer que a União adote um parâmetro para demarcar terras indígenas a partir do julgamento do Supremo Tribunal Federal que considerou inconstitucional a tese do marco temporal. 

Mas não é só isso, o Cimi quer a garantia de recursos financeiros e técnicos para identificar, declarar e homologar as terras Kaiowá e Guarani “há décadas pendentes”. 

O órgão ainda pede para Lula ordenar ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowiski, que declare a Terra Indígena Ypoi - Triunfo, no município de Paranhos, fronteira com o Paraguai. Segundo o Cimi, a reserva “se encontra há um ano sem sinal de andamento junto ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJ), depois de décadas negligenciada no âmbito da Funai”.

Por fim, o órgão da Igreja Católica quer que o governo federal providencie os meios, recursos e terras para realocar pessoas de boa-fé, “não envolvidas em conflitos armados contra os Guarani e Kaiowá e que foram impactadas pelo processo de demarcação”. 

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Novo Pac

Com recurso de R$ 800 mil, rotunda passará por processo de estudo para viabilizar revitalização

Iphan-MS e a Prefeitura de Campo Grande debateram ações de planejamento com o recurso liberado pelo governo Federal por meio do Novo Plano de Aceleração do Crescimento, para realizar estudo de revitalização da área

15/04/2024 18h20

Com R$ 800 mil de investimento liberado a rotunda passará por estudos que viabilizem a restauração do espaço Marcelo Victor / Correio do Estado

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Com investimento de R$ 800 mil liberado pelo Novo Plano de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), a rotunda deve passar por uma revitalização. O planejamento passou por discussão entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em Mato Grosso do Sul (Iphan-MS) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande.

A reunião ocorreu três dias após parte do complexo desabar entre o Iphan e a Prefeitura da Capital, para debater ações emergenciais em partes do Complexo Ferroviário da antiga Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, bem cultural tombado pelo Instituto em 2009.

O projeto receberá R$ 800 mil em investimento que já está aprovado, para que seja elaborado estudos da arquitetura do espaço de desta forma desenvolvam projetos para a restauração do patrimônio histórico. 

“Esse é o passo número um para as obras. Então, a Sectur está cadastrando essa ação junto ao Governo Federal para permitir o repasse do recurso à administração municipal, que licitará os projetos de arquitetura. E esse estudo será feito numa construção em conjunto entre o Iphan, prefeitura e sociedade civil organizada para pensar na melhor ocupação e usos para aquela região tão importante da nossa cidade”, explica o superintendente do Iphan-MS, João Santos.

A prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), destacou que é fundamental para o município, em parceria com órgãos de competência na área, a realização de um projeto para que seja feita a revitalização de toda a área. 

“A prefeitura tem o objetivo de preservar e quer que a população tenha acesso a esses locais, que são nosso patrimônio histórico e cultural. Por isso, o Executivo está à disposição com as equipes técnicas e fará esse compromisso para que, no futuro, esse complexo possa voltar a ter vida na capital”, explicou Adriane.

A chuva do dia 7 de abril, acarretou no desabamento de parte do teto do local que no passado funcionava como abrigo das locomotivas. Estiveram presentes na reunião os representantes da secretaria Municipal de Obras (Sisep), a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Sectur) e a Subsecretaria de Gestão e Projetos Estratégicos (Sugepe).

Interdição

Um dia após o desabamento que ocorreu na região da Rotunda Ferroviária de Campo Grande, a Defesa Civil foi até o local e interditou os galpões históricos que compõe o complexo na Capital

Importante explicar que esse complexo da Rotunda da Ferroviária chegou a ser reservado, nos planos da Prefeitura Municipal, para abrigar um Museu Interativo com instalações multimídias que deveria contar toda a história da ferrovia noroeste do Brasil. 

Histórico


Memória cultural de todo um sistema econômico, o complexo da Rotunda foi financiado em 1939, pelo então governo de Getúlio Vargas, durante o regime de Estado Novo, com as obras iniciando entre 1941 e concluídas dois anos depois. 

Esse espaço contempla a rotunda em si, que - comportando a época 13 locomotivas - fica sendo a maior edificação do local; além do girador de 20 metros de diâmetro. 

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), todo o complexo foi tombado como patrimônio (nas esferas Municipal, Estadual e Federal) após os movimentos de Campo Grande a partir de 1996, pelo Decreto número 3.249, de 13 de maio. 

Já em março de 1997 o Governo do Estado vai em direção ao decreto campo-grandense e publica a lei n.º 1.735, em 26 de março de 1997, tombando os sítios das estações do Complexo Ferroviário, Histórico e Urbanístico da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil.


** Colaborou Marcelo Victor e Leo Ribeiro

 

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