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Transferência de líderes do PCC foi estopim de motins em série em MS

Operação em Dourados foi sigilosa para evitar comboio para a Máxima

GLAUCEA VACCARI E RAFAEL RIBEIRO

18/04/2018 - 18h23
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A transferência de seis líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas na fronteira com o Paraguai, foi o estopim para explodir a série de rebeliões que afetou presídios em quatro cidades de Mato Grosso do Sul entre a manhã e a tarde desta quarta-feira (18).

O Correio do Estado apurou que as policias Militar e Civil e o setor de inteligência da Secretaria de Estado de Justiça chegaram aos nomes dos 'torres', como são chamados os líderes da facção. Apesar das identidades não terem sido reveladas, descobriu-se que o sexteto foi preso neste ano em operações especiais na fronteira para coibir o tráfico. Pelo menos um deles estaria envolvido no assassinato do investigador Wescley Dias Vasconcelos, 37 anos, executado a tiros em Ponta Porã, no início de março.

Há pelo menos uma semana que diretores da Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen) descobriram que os líderes mudaram a rotina habitual do raio II da Penitenciária Estadual de Dourados, onde estavam encarcerados e ficam, geralmente, detentos identificados como integrantes da quadrilha. Celulares foram descobertos e ramificações dos 'torres' em Três Lagoas começaram a vir à tona: ordens de assaltos e encomendas. 

A Pasta investiga se os quatro jovens mortos em tiroteio com a PM no último dia 12, no entorno do presídio de Três Lagoas, seja em decorrência de ordens do grupo. Na ocasião, os acusados jogavam armas e drogas para a área interna quando foram surpreendidos pelos policiais e reagiram a tiros à abordagem.

Foi a motivação final para a transferência dos líderes para o Presídio de Segurança Máxima, na região leste da Capítal, onde o controle é maior. Restava saber como proceder na transferência sem maiores percalços.

Uma operação pente-fino na PED foi acertada para recolha de celulares e imobilização do sexteto durante o banho de sol sem problemas. O trabalho foi mantido em sigilo pela Sejusp para evitar justamente crises e envolveu o Batalhão de Choque, tropa de elite da PM. Deu certo. Em reuniões internas, as autoridades da segurança do Estado aprovaram o desempenho, já que as rebeliões se concentraram em quatro cidades e o 'salve', ordens dadas pela facção aos integrantes, não se propagou, evitando agentes ou policiais feridos e não houveram reféns 

Entre os crimes registrados, apenas um preso que teve os dedos decepados em Três Lagoas. Um acerto de contas antigo, sem ligação exclusiva com o fato desta tarde, mas sim um álibi que acabou sendo usado para a barbárie.

Até a publicação desta matéria, a chegada e isolamento dos líderes na Máxima foi realizada sem transtornos. Equipes de aegntes penitenciários seguem em alerta e a Polícia Militar permaneceria no presídio para evitar novos motins.

O CASO

Operação pente-fino realizada no Penitenciária Estadual de Dourados (PED) desencadeou princípio de rebelião de presos nos presídios de Campo Grande, Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti. Os detentos se recusaram a voltar para as celas depois do banho de sol e danificaram algumas celas.

De acordo com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), ação conjunta foi realizada entre o órgão e o Batalhão de Choque da Polícia Militar na PED, em Dourados. Durante a operação, alguns internos tentaram impedir o acesso dos policiais para impedir que as vistorias fossem feitas pelos agentes penitenciários, ocasionando o princípio de tumulto.

A operação teve repercussão em outros presídios do Estado. Na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande e na Penitenciária de Três Lagoas a manifestação ocasionou danos em algumas celas, como barras das grades quebradas, e um detento do interior machucou a mão, sendo socorrido. Em Dois Irmãos do Buriti houve apenas motim, sem danos ou feridos.

Conforme a Agepen, todos os tumultos foram controlados pelas direções dos estabelecimentos penais e agentes penitenciários, sem necessidade de intervenção da Polícia Militar em nenhuma unidade.

Na operação pente-fino realizada em Dourados foram apreendidos celulares, sete carregadores, quatro fones de ouvido, dois chips, 89 armas artesanais, 40 barras de ferro e 12 canos de ferro que foram retirados das próprias celas, além de 136 gramas de maconha e 164 gramas de cocaína.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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