Cidades

MÃO DE OBRA DO TRÁFICO

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Mães são aliciadas pelo tráfico de drogas em MS

Benefício de prisão domiciliar é visto como arma de convencimento pelos criminosos

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Mulheres com filhos pequenos ou mesmo grávidas podem estar sendo usadas como “mulas” (transportadoras) do tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul. A estratégia foi adotada em aproveitamento de facilidades criadas por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que desde 2018 tem permitido às mulheres grávidas ou com filhos menores, quando presas, possam ser  colocadas em prisão domiciliar, ou seja, que fiquem em casa.

Últimos levantamentos feitos pela Agência de Administração Penitenciária de Mato Grosso do Sul (Agepen) apontam que desde 2018, quando saiu a decisão do STF em habeas corpus coletivo, 268 mulheres - mais de 20% da atual massa carcerária feminina estadual (de 1.094 internas) - foram beneficiadas.

Outras 167 detentas, em tese, fariam jus ao mesmo benefício. No Brasil já seriam pelo menos 3,5 mil mulheres mandadas para casa para cumprimento de pena ou enquanto aguardam o andamento de seus processos criminais.

Ainda conforme a Agepen, como os pedidos são analisados caso a caso, conforme apresentados pela Defensoria Pública ou por advogados particulares, não há número de quantos requerimentos chegaram ao Judiciário e quantos  foram i ndeferidos.  

TORNOZELEIRAS

Pelo mapeamento de janeiro deste ano, 264 mulheres encontram-se sob acompanhamento, mediante uso de tornozeleiras eletrônicas, pela Unidade Mista de Monitoramento Virtual da Agepen.

Como presas provisórias (ainda sem condenação), são 27 sob medida cautelar e 29 em prisão domiciliar. Entre as já condenadas são 218 com tornozeleiras - 14 no domiciliar, 168 no semiaberto e 36 do regime aberto.  

Estatísticas da mesma Agência Penitenciária indicam que mais de 70% das mulheres privadas de liberdade no Mato Grosso do Sul são acusadas da prática de crime tráfico de entorpecentes.  

Para policiais que trabalham na repressão ao tráfico, é possível que mulheres que são mães estejam sendo usadas dentro de uma estratégia do tipo “caso seja presa, não vai ficar na cadeia”.  

No aliciamento algumas são movidas pela emoção, prestando-se ao papel para atender homens - maridos, namorados - já presos, seja para carregar drogas para dentro das penitenciárias ou para o tráfico externo. Outras acabam sendo convencidas ou coagidas em troca de um pouco de dinheiro.

No final do ano, por exemplo, uma mãe de 19 anos foi presa pelo Departamento de Operações de Fronteira (DOF), em Dourados, com 26 quilos de maconha. Ela estava com a filha de 11 meses no momento em que foi flagrada carregando a droga.  A mulher disse ter sido contratada para ir até Ponta Porã e buscar os tabletes da maconha. O destino do produto  seria Campo Grande e Cuiabá (MT)

“Entendemos que os traficantes procuram inovar suas ações a cada dia no intuito de tentar burlar a fiscalização, bem como se utilizam de artimanhas para evitar criminalizações como a utilização de crianças e/ou adolescentes pelo fato de serem inimputáveis. E recentemente o uso de mulheres gestantes ou mães de crianças em virtude das inovações legislativas”, observou diretor do DOF, tenente-coronel Marcos Paulo Gimenez.

O diretor, porém, evitou criticar as facilidades que traficantes encontram na contratação dessas mulheres. “Acreditamos que o legislador, ao promulgar a lei que trata do assunto buscou, de forma humanitária, priorizar o bem-estar da criança em obediência à Constituição Federal e ao Estatuto da Criança e do Adolescente já que a manutenção do filho junto à mãe fora do cárcere é fator determinante para o desenvolvimento pleno da criança”.

DECISÃO 

A Há dois anos, a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu -  por maioria de votos - conceder habeas corpus coletivo para determinar a substituição da prisão preventiva por domiciliar de mulheres presas em todo o território nacional, que sejam gestantes ou mães de crianças de até 12 anos, ou de pessoas com deficiência, sem prejuízo da aplicação das medidas alternativas previstas no Código de Processo Penal (CPP).

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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