Um dia depois da Polícia Federal (PF) desencadear a Operação Carne Fraca - que desarticulou esquema que fraudava comércio de carne no Brasil, contando até com uso de produtos químicos para “maquiar” carne podre - o Governo do Estado divulgou nota cobrando ações urgentes dos órgãos federais. O temor do Estado é impacto severo na economia de Mato Grosso do Sul.
Em nota, o titular da Secretaria Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck, afirmou que o Estado pode ser um dos mais prejudicados com a repercussão da operação por ser um dos maiores produtores e exportadores de carne.
“O risco, hoje, é desestruturar a cadeia produtiva de aves, bovinos e suínos, comprometendo as exportações e o consumo interno”, disse o secretário.
O Governo teme que o Brasil perca espaço no mercado internacional, que por consequência pode reduzir o PIB e impactar severamente na economia do país.
“Temos que ter responsabilidade deste momento, a União Europeia já pediu um reunião de emergência com o Ministério da Agricultura. Temos que ser rápidos na averiguação e em medidas que garantam a qualidade dos produtos brasileiros”, disse.
Verruck irá até Brasília na terça-feira (21) se reunir com representantes do Ministério da Agricultura para mais detalhes sobre os rumos da operação da Polícia Federal. Análise da situação com representantes de setores regionais da produção da carne será feita já na segunda-feira.
ESQUEMA
A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em um esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
Em dois anos de investigação, detectou-se que as Superintêndencias Regionais de Paraná, Minas Gerais e Goiás atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público.
Mediante pagamento de propina, eles facilitavam a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva. Pela manhã, funcionários do ministério foram detidos.
Foram investigadas grandes empresas do setor, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas. Também há envolvimento, segundo a PF, de frigoríficos menores, como Mastercarnes, Souza Ramos e Peccin, do Paraná, e Larissa, que tem unidades no Paraná e em São Paulo.