A partir de hoje, o bilhete do transporte coletivo voltará a custar R$ 4,10, depois de 13 dias em que foi cobrado o valor de R$ 3,95 pela viagem, mesmo custo do ano passado. A liminar que impedia o reajuste concedido no fim de 2019 pelo prefeito Marcos Trad (PSD) foi revogada depois de município e Consórcio Guaicurus concordarem em realizar um termo de ajuste de gestão. Para impedir que novos impasses como esse continuem ocorrendo, o concessionário do transporte em Campo Grande e a administração municipal já tomam medidas para reformular todo o sistema, alterando linhas e frequências.
Ontem, depois da audiência de conciliação promovida pelo Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), o diretor do Consórcio Guaicurus confirmou os planos e, inclusive, adiantou resultado de pesquisa feita no ano passado, para verificar as mudanças no comportamento e a necessidade dos usuários do sistema. O sistema, segundo ele, teve no ano passado 5 milhões de usuários por mês, em média. Também foi verificado que 65% do movimento ocorre na região sul de Campo Grande.
O desequilíbrio na distribuição de linhas e passageiros constatado no levantamento surpreendeu os gestores do Consórcio Guaicurus. O sistema de distribuição de linhas foi projetado como se o Terminal Bandeirantes fosse o que mais absorvesse passageiros, mas a constatação é que, atualmente, a maior parte da demanda se concentra no Terminal Guaicurus (saída para São Paulo) e nos bairros do entorno.
“Ainda vamos elaborar uma segunda pesquisa, que será feita por meios digitais. O objetivo é verificar as tendências do usuário, os trajetos que eles mais fazem, os horários em que precisam mais do transporte, entre outros fatores”, informou João Rezende.
Na outra ponta, a Prefeitura de Campo Grande também deve dar início, neste ano, a uma revisão do Plano de Mobilidade Urbana, o que inclui as regras do transporte coletivo. A revisão será bancada com parte dos recursos destinados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento ao programa Reviva Campo Grande.
“As necessidades e os hábitos da população, quando se trata de mobilidade urbana, mudaram muito na última década, e nossa adaptação é uma necessidade”, disse Rezende. Em dezembro, ele havia informado ao Correio do Estado que o consórcio cogitava solicitar à Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) algumas modificações de rotas, trajetos e horários. Até mesmo o aumento de linhas executivas, que caiu para a apenas três, está em cogitação. O objetivo é enfrentar a concorrência que os aplicativos de transporte oferecem em termos de custo-benefício e conforto.
LIMINAR
O termo de ajuste de gestão (TAG) assinado pela Prefeitura de Campo Grande e o Consórcio Guaicurus e intermediado pelo Tribunal de Contas tem 14 tópicos, dos quais, três terão de ser cumpridos pelo concessionário e outros onze pelo município.
O concessionário terá de implementar um plano de manutenção preventiva dos elevadores para facilitar a acessibilidade; sistema de monitoramento em tempo real da frota, com compartilhamento das informações com o usuário por meio de aplicativo; e contratação de seguro para os passageiros.
A prefeitura, por sua vez, terá de aumentar a autonomia administrativa da Agência de Regulação de Serviços Públicos (Agereg) para fiscalizar o contrato de concessão com mais rigor; promover o equilíbrio tarifário; apurar a idade média da frota por processos individualizados; além de reformar os terminais de transbordo, terá de cobrar que o concessionário zele pelas estruturas; suspender as juntas de recursos de multas aplicadas ao consórcio; aumentar o contingente de fiscais; aumentar o rigor e a frequência de vistorias; implementar sistema informatizado para aplicação de multas; e fazer a manutenção dos pontos de parada e abrigos.