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Surdos enfrentam dificuldade para atendimento em saúde

Surdos enfrentam dificuldade para atendimento em saúde

AGÊNCIA BRASIL

07/10/2019 - 12h45
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Deixar de ir ao médico para consultas de rotina ou em caso de dor parece algo impensável. Entretanto, essa é a realidade de muitas pessoas surdas ou com deficiência auditiva.

Surda, a professora de Língua Brasileira de Sinais (Libras) Sylvia Grespan, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, assume que evita o consultório médico, por julgar que os profissionais não estão preparados para atendê-la da forma adequada. Ter de escrever ou depender de alguém que descreva ao médico os sintomas que ela sente e compartilhe partes relevantes do seu histórico de saúde é, para ela, um incômodo.

"Dizem que os surdos não procuram médico. Eu, Sylvia, não procuro, porque já sei que não vou ter uma comunicação efetiva. Então, não me sinto confortável, não tenho conforto linguístico de conversar com um médico", diz, acrescentando que pessoas já relataram a ela casos em que foram repreendidas pelo médico por utilizarem o celular para tentar melhorar a comunicação durante a consulta. "É nosso direito ter um atendimento eficaz e efetivo. Já estamos no século 21 e até hoje a sociedade não está pronta pra receber o surdo?"

De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2013, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2,2 milhões de pessoas declararam ter deficiência auditiva. O grupo representa 1,1% da população brasileira.

Sylvia conta que, certa vez, ficou internada e se surpreendeu com as marcações no chão do hospital onde deu entrada. "Eu achei legal, porque era [um recurso] visual, e perguntei 'Por que é colorido'?. Me disseram: 'Porque a maioria nesse município é analfabeta'. Tá vendo? Eles nem pensaram no surdo, e sim nas pessoas que não sabem ler nem escrever."

A única exceção às experiências desagradáveis, afirma, ocorreu há dois anos, quando operou a vesícula e ficou na UTI [Unidade de Terapia Intensiva], por um mês. Sem estar à vontade para pedir que sua mãe, já idosa, a acompanhasse, teve uma surpresa. "Eu me senti bem, porque ali todo mundo sabia Libras. Eu me senti muito feliz, porque eles eram meus ex-alunos."

Libras

Na avaliação da professora, que ministra aulas de Libras para alunos de fonoaudiologia e medicina e já formou, em três anos, 400 alunos, o curso não resolve o problema, isoladamente. "Não é só o curso de Libras que é importante. Também tem que saber como explicar para o surdo", ressalta.

De acordo com a médica veterinária Alyne Pacífico, o vocabulário de Libras na área de saúde ainda é muito recente e os profissionais devem sempre colocá-lo em prática para não perder o aprendizado. "Não basta o nível básico, porque é um idioma", afirma, destacando que, como qualquer idioma, a Libras está sujeita a mudanças constantes.

Também professora de Libras, Alyne fez um levantamento com idosos surdos sobre a maior dificuldade enfrentada na área de comunicação. O resultado, obtido em 2016 quando ela cursava o mestrado em gerontologia, foi unânime: o atendimento na área de saúde. 

"Fiz uma entrevista perguntando quais eram os principais problemas com relação a saúde, educação e inclusão social e 100% das pessoas consultadas disseram que o maior problema era na saúde, porque na educação têm intérpretes, auxiliares, mas na saúde dependiam 100% de uma pessoa intérprete ou de alguém da família", comenta. 

Alyne acrescenta que, para ela, o Sistema Único de Saúde "está à frente" quanto à qualidade do serviço oferecido a esse público. "Os órgãos públicos estão buscando a capacitação [em Libras]", destaca.

Políticas públicas

A fonoaudióloga Beatriz de Castro, da Divisão de Educação e Reabilitação dos Distúrbios da Comunicação (Derdic), menciona que 30% das crianças surdas ou com deficiência auditiva têm outras demandas de saúde, além da relacionada à audição. Além disso, 98% dos surdos têm pais ouvintes, o que, geralmente, faz com que não tenham contato com pessoas fluentes em Libras. 

O contexto, avalia a fonoaudióloga, requer uma política pública "múltipla". "Até que ponto a gente consegue que eles fiquem fluentes tão rápido quanto precisam, se nunca conviveram na comunidade? Até que ponto tenho comunidades disponíveis, nesse Brasil enorme, que tenham interlocutores que vão fazer Libras? Então, é difícil de um jeito ou do outro. Portanto, estratégias inclusivas são uma necessidade em políticas públicas que atendam a essa diversidade", afirma.

Com vasta vivência ao lado de surtos, Beatriz afirma que essa população é “submestimada intelectualmente". "A pessoa, porque se trata de um surdo, começa a falar devagar e fica com pena. Ele é subestimado intelectualmente, porque a comunicação é um valor muito importante para o ser humano. Quando tem qualquer desvio de comunicação, imediatamente a pessoa é subestimada, do ponto de vista cognitivo.”

Violação de direitos

Com frequência, afirma Alyne Pacífico, as pessoas acometidas por surdez ou deficiência auditiva acabam sendo privadas de informações fundamentais a respeito do seu estado de saúde. Também é comum que sejam forçadas a concordar com a administração de medicamentos, sem que saibam exatamente qual substância está sendo prescrita ou até mesmo injetada em seus corpos. 

Em muitas ocasiões, não conseguem ter a oportunidade de expressar os sintomas físicos que sentem, condição que, frisa Alyne, os torna "reféns". O debate, portanto, permeia o campo da ética. 

Quando se trata de saúde mental, a situação é idêntica. De acordo com ela, muitas pessoas com surdez ou deficiência auditiva procuram um psicólogo depois de desenvolverem depressão causada pelo isolamento social. Não raro, há falta de comunicação dentro da própria casa em que vivem. "Hoje em dia, se tivermos cinco psicólogos formados em Libras, em Brasília, é muito. E, se acharmos um, ele ainda cobra um absurdo pela consulta, porque é um profissional muito requisitado. Às vezes, também tem a questão do sigilo. Entra um intérprete e o surdo não quer abrir o caso dele com alguém que chegou ali."

Um caso que ilustra bem as implicações da falta de preparo no atendimento de saúde é relatado pela professora Sylvia Grespan. "Já tive experiências com surdo psicopata [com transtorno de personalidade dissocial psicopática], que agredia e tentou se matar. A intérprete não conseguia interpretar, ela começou a chorar, começou a ficar angustiada naquele atendimento, porque ela não estava acostumada."

Telemedicina e aplicativos

Quando o tema é tecnologia em prol das pessoas surdas ou com deficiência auditiva, as opiniões se dividem. Ao contrário de Alyne, Sylvia afirma que os aplicativos de celular e as vídeo-chamadas não propiciam um atendimento apropriado. A pedagoga argumenta que esse modelo traz consigo um ônus, que é o pagamento por um serviço de internet que permita que as consultas por vídeo e os aplicativos rodem bem. 

Sylvia lista algumas medidas que considera fundamentais: a oferta de Libras como disciplina obrigatória nos cursos da área de saúde, com uma carga horária extensa, "e não somente de 40 horas"; a contratação de intérpretes em hospitais; e o lançamento de todas as páginas online do SUS em Libras, permitindo que o conteúdo chegue a todos.

A professora defende ainda que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) oferte pacotes de internet para pessoas surdas ou com deficiência auditiva com preços mais acessíveis.

Cotidiano

Com 300 doses disponíveis, vacinação contra dengue deve acabar nesta semana

Aproximadamente 130 doses estão sendo aplicadas por dia; segundo a expectativa da pasta é que a vacinação se encerre até o final desta semana.

23/04/2024 18h15

Gerson Oliveira/

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As vacinas contra a dengue com prazo de validade até 30 de abril e que estão disponíveis pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) devem ser aplicadas até o final desta semana. A expectativa da pasta é que nenhuma dose deve ser descartada em Campo Grande. 

De acordo com a secretária, cerca de 130 doses estão sendo aplicadas por dia nos postos de saúde da cidade. Por causa disso, a expectativa é que todas as doses que estão perto do vencimento sejam aplicadas até sexta-feira (26).

A baixa procura do imunizante em Mato Grosso do Sul levou o Ministério da Saúde a informar aos municípios para ampliar a idade de vacinação. Segundo a pasta, pediu para todas as cidades priorizar a faixa etária entre 6 e 16 anos, mas com imunização ampliada para pessoas entre 4 e 59 anos. 

A medida foi tomada para reduzir a perda de doses que estão perto do vencimento, cabendo a cada município definir a estratégia de aplicação.  As doses que estão sendo utilizadas vencem no dia 30 de abril. 
 
Segundo a Sesau, em Campo Grande tem cerca de 300 doses estão espalhadas pelos postos de saúde da Capital. 

 

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GOL-JUSTIÇA

Cão é levado para estado errado e morre após falha em transporte da Gol

Um cachorro de 4 anos morreu durante uma falha no transporte aéreo da Gollog, empresa da companhia aérea Gol, nesta segunda-feira (22)

23/04/2024 17h45

Em nota, a Gol informou que houve "uma falha operacional" no transporte do animal e disse lamentar o ocorrido Divulgação Rede Social

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Joca, um cão da raça Golden Retriever, deveria ser levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) para Sinop (MT), onde seu tutor o aguardava, mas foi parar em Fortaleza. Após a constatação do erro no destino do animal, ele retornou a Guarulhos, mas chegou morto no aeroporto em São Paulo.

Família acusa a Gol de negligência. Em vídeo divulgado nas redes sociais, Marcia Martin, mãe de João Fantazzini, tutor do animal, diz que a empresa não chamou nenhum veterinário para avaliar o cão. A família também diz que Joca teria sido deixado dentro do canil, na pista, sob o sol.

"Olha aqui, cachorro do meu filho, saiu para ir para Sinop, um irresponsável enviou ele para Fortaleza, não contente, mandaram de voltar sem nenhuma avaliação de um veterinário, o cachorro está aqui dentro, morto. Eles mataram um Golden de 4 anos", disse Marcia Martin.

Tutor desabafou e disse que cão foi assassinado. "O meu amor foi assassinado, minha melhor escolha, amor da minha vida. Você foi muito novo. Eu me lembro do dia que eu te peguei e a nossa conexão foi momentânea. Meu filho, me perdoa por ter sido egoísta de querer você ao meu lado. Você é o amor da minha vida para sempre. Minha saudade vai ser diária. Saudades de dar a sua maçã toda manhã, levar você para a piscina e de cuidar de você diariamente. Obrigado por tudo meu companheiro", escreveu João em postagem no Instagram.

"FALHA OPERACIONAL", DIZ GOL

Em nota, a Gol informou que houve "uma falha operacional" no transporte do animal e disse lamentar o ocorrido. A empresa também afirmou que o cão recebeu cuidados, mas, "infelizmente, logo após o pouso do voo em Guarulhos, vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal".

Gol também disse que instaurou sindicância interna para apurar o ocorrido. "A Companhia está oferecendo todo o suporte necessário ao tutor e a apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com prioridade total pelo nosso time. Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação".

VEJA A ÍNTEGRA DA NOTA DA GOL

A GOL lamenta profundamente o ocorrido com o cão Joca e se solidariza com a dor do seu tutor. A Companhia informa que o cão Joca deveria ter seguido para Sinop (OPS), no voo 1480 do dia 22/04, a partir de Guarulhos (GRU), porém, por uma falha operacional o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza (FOR).
Assim que o tutor chegou em Sinop, foi notificado sobre o ocorrido e sua escolha foi voltar para Guarulhos (GRU) para reencontrar o Joca. 

A equipe da GOLLOG na capital cearense desembarcou o Joca e se encarregou de cuidar dele até o embarque no voo 1527 de volta para Guarulhos (GRU). Neste período, foram enviados para o tutor registros do Joca sendo acomodado de volta na aeronave. Infelizmente, logo após o pouso do voo no aeroporto de Guarulhos (GRU), vindo de Fortaleza, fomos surpreendidos pelo falecimento do animal. 

A Companhia está oferecendo todo o suporte necessário ao tutor e a apuração dos detalhes do ocorrido está sendo conduzida com prioridade total pelo nosso time. Nos solidarizamos com o sofrimento do tutor do Joca. Entendemos a sua dor e lamentamos profundamente a perda do seu animal de estimação.

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