Com a greve dos caminhoneiros em seu quinto dia, o tráfego nas rodovias federais que cortam Mato Grosso do Sul teve queda representativa, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ao Portal Correio do Estado.
Segundo a corporação, sem os caminhões, muitos veículos de passeio optaram por adiar viagem e o trânsito, calmo, é formado em sua maioria por ônibus.
Isso não significa, contudo, que não há caminhões circulando. Apesar da greve, alguns veículos do tipo com transporte específico circulam, como os que carregam cargas vivas ou até mesmo combustíveis para abastecimento de pontos específicos.
Segundo a corporação, 29 cidades do Estado possuem trechos parcialmente interditados pelos caminhoneiros que protestam. São 42 pontos ao todo em Mato Grosso do Sul. Das seis rodovias federais com locais de paralisação, a BR-163 é a que concentra mais manifestações, com 21.
A paralisação continua em praticamente todo o país mesmo após o encontro de representantes dos caminhoneiros com o Governo Federal ontem (24). Em Mato Grosso do Sul, além da BR-163, a 262, 060, 158,267 e 463 também possuem pontos de interdição dos caminhoneiros.
Caminhoneiros e o governo chegaram a um acordo para suspender a paralisação por pelo menos 15 dias. Em contrapartida, a Petrobras vai manter redução de 10% no valor do diesel nas refinarias por 30 dias. Durante este período, as autoridades vão estudar com mais tranquilidade novos meios de reduzir os preços dos combustíveis.
Pela manhã, caminhoneiros afirmaram que não irão aceitar a proposta do governo sobre a alta do combustível.
No entanto, os caminhoneiros afirmam que não estão bloqueando as pistas e quem quiser passar está liberado. De acordo com eles, apenas a classe de caminhoneiros está parada porque não tem condições de seguir viagem e pagar o diesel no valor que está. Carros de passeio, ambulâncias e ônibus estão trafegando normalmente.
Para o caminhoneiro Ademir Junior, 37 anos, o acordo divulgado pelo governo ontem, é uma 'jogada' para desestruturar o movimento. “A gente não está reivindicando só o preço do combustível, mas de tudo, queremos a redução do imposto, estamos lutando pelos nossos direitos”, disse.
Ainda de acordo com o caminhoneiro, a manifestação só vai parar quando o governo ceder as reivindicações que na visão dele é “mais do que justa”. “Na hora que o governo fazer a parte deles e ver que o povo brasileiro não é palhaço, ai vai acabar a manifestação”, finalizou.
Dentre os pontos apresentados na proposta do governo estão o de reduzir a zero a alíquota da Cide, em 2018, sobre o óleo diesel manter a redução de 10% no valor do óleo diesel a preços na refinaria.
Mais cedo, os agentes da Polícia Federal estão em sobreaviso por 72 horas por conta das paralisações dos caminhoneiros em todo o país. Eles aguardam a orientação para irem até as estradas retirar, com uso de força, os manifestantes que bloqueiam as rodovias. A informação é preliminar e extraoficial.
SOLUÇÃO
O presidente Michel Temer (MDB) fez um pronunciamento a pouco acionando as forças federais após os representantes do protesto não cumprirem o acordo feito em reunião com o Governo Federal na noite de quinta-feira (24).
A medida, considerada extrema e indesejada, já vinha sendo avaliada pela área de inteligência e segurança do governo. Na noite de quinta, a Casa Civil havia anunciado uma trégua com as principais entidades do setor, congelando o preço do diesel que move os caminhões por 30 dias e pedindo duas semanas para retomar a negociação.
Até o fim desta manhã, contudo, não havia sinais de arrefecimento daquilo que os caminhoneiros chamam de greve, mas que o governo já identifica majoritariamente como um locaute -quando empresários incentivam a disrupção de um setor econômico para tentar auferir vantagens, o que é ilegal.