Cidades

CONTÁGIO ACELERADO

Saúde de Dourados está à deriva

Entenda porque os casos de coronavírus na cidade dispararam 2.127% no intervalo de 1 mês

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Dourados consolidou-se como o epicentro do coronavírus em Mato Grosso do Sul no fim de maio, mas a pergunta que muitos fazem é: o que levou a cidade a ter um crescimento exponencial de casos? 

Conforme autoridades de Saúde ouvidas pelo Correio do Estado, problemas crônicos no setor mais importante durante uma pandemia, o de vigilância em saúde, a baixa adesão da cidade às medidas de isolamento, e nichos que impulsionaram a multiplicação dos diagnósticos positivos, explicam o avanço da Covid-19 na cidade.

A resposta da prefeitura de Dourados ao crescimento de 2.127% de casos em apenas um mês tem sido insatisfatória, queixam-se autoridades ligadas ao governo de Mato Grosso do Sul e a órgãos de defesa da sociedade, como o Ministério Público Estadual. Eles consideram que a cidade está à deriva, sobretudo, por causa da escassez de ações preventivas, como por exemplo, a insuficiência de equipamentos de proteção individual aos funcionários da Saúde e Assistência Social, e pela falta de controle sobre as pessoas que são diagnosticadas com doença.  

ESCALADA

Há exatamente 1 mês, Dourados tinha 58 casos de coronavírus confirmados e, dentre eles, um óbito. Ontem eram 1.292 pessoas com Covid-19, sendo que cinco delas, já mortas.  

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), que evitou falar sobre a situação em Dourados depois da disparada dos casos, disse ontem que a decisão sobre lockdown (fechamento total) caberia à prefeita da cidade, Délia Razuk (PTB), e que o melhor caminho para o município seria a união de esforços.  

“Tivemos reunião hoje com o Ministério Público Estadual, com a prefeita Délia e sua equipe, vamos buscar ações conjuntas e coordenadas”, disse Azambuja.  

A declaração do governador vai na contramão do clima de desconfiança e descontentamento gerado em órgãos como a Secretaria Estadual de Saúde e Ministério Público Estadual, nas últimas semanas. A gota d’água foi no último sábado, quando a cidade rompeu a barreira dos 1 mil casos confirmados. O promotor de Justiça, Ricardo Rottuno, deu 48 horas para a prefeita adotar medidas para frear o avanço do contágio da cidade.

Délia Razuk, nesta segunda-feira (15), proibiu consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos, realização de missas e cultos, e ainda limitou a operação das academias. Manteve o comércio intocado, mas obrigou todos os cidadãos a usarem máscaras.  

“É muito pouco, a cidade precisa de mais medidas”, afirmou o infectologista da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Fundação Oswaldo Cruz, Julio Croda.  

QUEBRA DE QUARENTENA

A falta de transparência da prefeitura de Dourados no setor de vigilância em Saúde motivou a desconfiança de integrantes do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, com a forma displicente que o município trata as pessoas com Covid-19 não consideradas recuperadas. Ontem, eram 866 nesta situação.  

“Há quebra de quarentena, muitas delas estão circulando livremente, sem qualquer fiscalização, e sem usar máscara”, denunciou uma autoridade que tem acesso às investigações, na condição de não ter sua identidade revelada.  

Outro exemplo da falta de cuidado das autoridades de saúde da cidade em impedir o avanço da doença foi a paralisação do serviço de testes de coronavírus por meio do sistema drive-thru, no quartel do Corpo de Bombeiros, durante o último feriado prolongado. Em outras cidades, como Campo Grande, Corumbá e Três Lagoas, o serviço foi mantido mesmo nos dias de feriado ou recesso.  

No drive-thru, os bombeiros emprestam a estrutura, mas o controle dos testes é feito pelas autoridades municipais de saúde.  

PERIGO

O Correio do Estado também recebeu denúncias de funcionários públicos e de usuários dos serviços de saúde e assistência social da cidade. Eles se queixam da falta de segurança nestes serviços.

Nas unidades de saúde e em hospitais, não havia a separação devida dos pacientes de Covid-19, enquanto nos centros de referência de assistência social (Cras) não há distribuição de equipamentos de proteção individual, nem tampouco a adoção de qualquer medida de isolamento.  

ORIGENS

No mês passado, o coronavírus teve sua primeira onda de avanço na cidade por meio das aldeias indígenas, onde vivem 20 mil pessoas, e nos grandes frigoríficos da cidade, das multinacionais JBS e BRF. Foram mais de 100 casos em cada um destes setores. As autoridades de saúde, porém, já consideram o brote nas aldeias e nos frigoríficos controlado.

Fiscalização

Sefaz-MS envolve ícone global da joalheria em possível fraude milionária

Designer Ara Vartanian e advogado Augusto de Arruda Botelho, pedem à Justiça para impedir inquérito criminal sobre subfaturamento de joias em Mato Grosso do Sul

13/12/2025 05h00

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian

Ícone global da joalheria, Ara Vartanian Site oficial/reprodução

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O economista e joalheiro Ara Vartanian, sócio da Avartanian Comércio Ltda., ingressou com habeas corpus na Justiça de Mato Grosso do Sul para barrar a abertura de inquérito policial no qual poderá ser investigado por fraude tributária contra o fisco estadual.

O fisco sul-mato-grossense flagrou, em 1º de outubro deste ano, a empresa de Vartanian enviando joias com valor subfaturado para Cuiabá (MT). Na nota fiscal do carregamento, constavam 126 peças de joias avaliadas em R$ 1,9 milhão, mas, após contagem física realizada por auditores tributários da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul, verificou-se que o carregamento, na verdade, continha 248 peças de joias de alto padrão, avaliadas em R$ 22,6 milhões.

Para piorar, a empresa em Cuiabá que seria o destino das joias, a Fernando S. Perez Lerez Ltda., não possuía em seus registros qualquer vínculo com o comércio de joias ou de metais preciosos. A atividade principal da empresa é o comércio de móveis e, a secundária, a representação comercial.

Diante da constatação dos auditores tributários de Mato Grosso do Sul, a nota fiscal foi considerada inidônea. A Avartanian tentou, 12 horas após a apreensão, utilizar uma nova nota fiscal, desta vez com a discriminação correta dos produtos, mas já era tarde demais.

Em novembro último, o superintendente de Administração Tributária da Sefaz-MS, Bruno Gouveia Bastos, enviou notícia-crime à Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações Falimentares e Fazendários (DEDFAZ), da Polícia Civil, para a abertura de inquérito criminal pela prática de crime tributário.

“Sobreleva ressaltar que os atos e fatos caracterizadores da infração tributária de que decorre a notícia-crime ultrapassam, em termos de gravidade, as fronteiras da própria infração, porquanto se tratam de evidências de fraude e de ilícitos fiscais tributários que adentram o campo do crime contra a ordem tributária”, argumentou o superintendente.

No mesmo documento, Bastos pede que a Polícia Civil desvende a real natureza e a finalidade da operação envolvendo o transporte das joias e identifique os partícipes envolvidos — inclusive eventuais beneficiários ocultos — na suposta fraude e nos possíveis ilícitos fiscais tributários.

O superintendente ainda solicitou que a Polícia Civil apure a possível existência de outros atos ou fatos da mesma natureza, ou até mesmo a ocorrência de um “esquema estruturado”.

Assinatura do pedido

O habeas corpus ajuizado por Ara Vartanian é assinado pelo advogado Augusto de Arruda Botelho, que ganhou notoriedade por integrar o Grupo Prerrogativas, formado por advogados de viés progressista.

Mais recentemente, Botelho voltou ao noticiário após viajar no mesmo jatinho que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli para Lima, no Peru, onde ambos assistiram, no mês passado, à final da Copa Libertadores da América entre Palmeiras e Flamengo.

A final ocorreu poucos dias antes da decisão de Toffoli de concentrar em seu gabinete as decisões para ampliar o sigilo da investigação da Polícia Federal sobre fraudes de bilhões de reais no Banco Master. Botelho é advogado de um dos envolvidos na investigação.

No caso do designer de joias Ara Vartanian, Botelho pede que a investigação sequer seja aberta pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele ancora seu pedido na Súmula Vinculante nº 24, que estabelece que crimes contra a ordem tributária somente se consumam com a constituição definitiva do crédito tributário, o que, segundo ele, não seria o caso da notícia-crime.

Por isso, no pedido de habeas corpus, Botelho alega que seu cliente foi submetido a constrangimento ilegal. O pedido foi distribuído ao Núcleo de Garantias da comarca de Campo Grande. Ainda não houve decisão.

O joalheiro

Ara Vartanian é um dos nomes mais respeitados e reconhecidos da joalheria contemporânea brasileira, com projeção internacional. Fundador da marca que leva seu nome, ele construiu uma assinatura própria ao romper padrões tradicionais da alta joalheria, criando peças autorais marcadas por design arquitetônico, inovação estética e uso ousado de gemas.

Seu trabalho ganhou destaque mundial especialmente pela releitura dos anéis de diamantes negros e pelo uso de cortes e cravações não convencionais, que ajudaram a reposicionar a joalheria brasileira no circuito global de luxo.

Formado em joalheria em instituições internacionais e herdeiro de uma tradição familiar no setor, Ara Vartanian transformou o ateliê em São Paulo em um laboratório criativo que dialoga com arte, moda e arquitetura. Suas joias são usadas por celebridades e vendidas em mercados estratégicos como Estados Unidos, Europa e Ásia, consolidando sua reputação como referência global em alta joalheria autoral.

Mais do que criar peças, Ara é visto como um inovador que ampliou os limites estéticos da joia, tornando-se um ícone da joalheria contemporânea.

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Cidades

Petroleiros mantêm início da greve nacional dos petroleiros para a segunda-feira, 15

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados

12/12/2025 22h00

Crédito: Fernando Frazão / Agência Brasil

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A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos reafirmaram nesta sexta-feira, 12, que está mantida a deflagração de uma greve nacional a partir da zero hora de segunda-feira, 15. A Petrobras disse que segue aberta à negociação.

A decisão foi tomada na última quarta-feira, após a apresentação, pela companhia, de uma segunda contraproposta para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), considerada insuficiente pelas entidades que representam a categoria. O comunicado de greve foi enviado à empresa nesta sexta.

A Petrobras diz que respeita o direito de manifestação dos empregados e, em caso de necessidade, adotará medidas de contingência para a continuidade de suas atividades.

Divergência

A FUP diz que o ACT não avança nos três pontos centrais discutidos desde o início das negociações e, por isso, os sindicatos notificarão nesta sexta a empresa sobre a paralisação A agenda de reivindicações inclui os Planos de Equacionamento de Déficit (PEDs) da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras.

A FUP e seus sindicatos afirmam que, além de não apresentar respostas conclusivas sobre o tema, debatido há quase três anos com o governo e entidades de participantes, a Petrobras não trouxe soluções consistentes para outras pendências acumuladas durante o processo de negociação.

A proposta de aprimoramento do plano de cargos e salários e garantias de recomposição sem aplicação de mecanismos de ajuste fiscal e o fortalecimento da Petrobras são os outros dois pontos que motivam a paralisação.

Desde a quinta-feira, um acampamento foi montado em frente ao prédio da Petrobras no Rio de Janeiro. A estatal diz manter um "canal de diálogo permanente com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas promovidas".

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