O especial de Natal Porta dos Fundos – Primeira Tentação de Cristo, alvo de petição online com milhares de assinaturas pedindo o impedimento da exibição, continua a gerar polêmica. Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), por meio da Comissão de Assistência e Liberdade Religiosa, manifestou repúdio e afirma que é “inaceitável o desserviço prestado pelo filme brasileiro”.
Em nota, a OAB manifesta repúdio ao especial exibido pela Netflix e afirma que há um “profundo desrespeito às religiões cristãs, católica e protestante”.
“Nossa Constituição Federal em seu artigo 5, inciso VI, deixa claro a proteção e respeito ao Sagrado, de cada religião, protegendo seus locais de culto, bem como suas liturgias. Para os cristãos, católicos ou protestantes, Jesus, Maria, o Espírito Santo, Deus, e as histórias e ensinamentos contidos na Bíblia Sagrada, são suas representações máximas de fé e vida, portanto o que foi veiculado pelo referido filme, profana a religião cristã de forma vergonhosa”, diz a nota.
No especial de humor, Jesus é surpreendido com uma festa de aniversário de 30 anos. A certa altura, Maria e José, os pais do aniversariante, fazem uma revelação bombástica: ele foi adotado e seu verdadeiro pai é Deus. Outra das surpresas é que Jesus poderia estar em um relacionamento com outro homem.
De acordo com a Ordem, a situação retratada desrespeita e ofende a fé cristã. “Em tempos de conscientização sobre a importância do respeito às diferentes formas de expressão das religiões, é inaceitável o desserviço prestado pelo filme brasileiro Especial de Natal – Porta dos Fundos – ‘Primeira tentação de Cristo’".
POLÊMICA
Lançamento do especial desagradou religiosos e abaixo-assinado foi criado, com descrição de ser "pelo impedimento do filme de Natal da Netflix e porta dos fundos, por ofender gravemente os cristãos", e é direcionado à Netflix, ao Porta dos Fundos e ao Poder Legislativo.
Políticos e líderes religiosos também usaram as redes sociais para demonstrar insatisfação com o filme.
No site da Coalizão pelo Evangelho, o pastor Joel Theodoro, da Igreja Presbiteriana do Bairro Imperial no Rio de Janeiro, escreveu que cancelou sua assinatura da Netflix. "Manter-me na qualidade de um patrocinador de produções cinematográficas que zombam e vilipendiam o Senhor é o mesmo que esbofeteá-lo", opinou.
No mesmo espaço, o pastor Thiago Guerra escreveu que "há diferentes formas de protestar: cancelar assinatura; deixar de assistir os episódios; ensinar o que a bíblia diz; entrar em contato com a empresa; se envolver culturalmente e promover filmes e séries com valores bíblicos etc".
No Twitter, o deputado federal Marco Feliciano relembrou que já processou o Porta dos Fundos (o processo foi arquivado pela Justiça). "Cristãos e não cristãos me cobram atuação contra os irresponsáveis do Porta dos Fundos. Em anos anteriores já os processei, mas a "Justiça" diz q é liberdade de expressão", escreveu Feliciano.
Conhecido apoiador da gestão Bolsonaro, o ator Carlos Vereza disse em sua página do Facebook que os comediantes do grupo são "são lamentáveis como viventes".
Por meio da assessoria de imprensa, o Porta dos Fundos se pronunciou: "O Porta dos Fundos valoriza a liberdade artística e faz humor sátira sobre os mais diversos temas culturais e da nossa sociedade".