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OUTUBRO ROSA

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Prevenção contra o câncer tem sobra de vagas pelo SUS

Mamografia é exame não invasivo que pode identificar tumores no início, além de ser disponibilizado de graça na rede pública de saúde

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Com a falta de vagas e longas filas de espera para o tratamento de pacientes com câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso do Sul, a prevenção, método mais eficaz no combate à doença, tem sobra de vagas. O diagnóstico é o principal foco da campanha Outubro Rosa, quando são divulgadas informações e realizados exames preventivos com foco no câncer de mama.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), até julho deste ano foram feitas 8.600 mamografias pelo SUS em Campo Grande. Sem filas de espera, é possível realizar o exame por meio de encaminhamento feito em consulta prévia ou, em alguns prestadores credenciados, apenas agendando o procedimento. Também de acordo com a pasta, a espera para realização da radioterapia, um dos métodos de tratamento do câncer, é longa.

Em julho deste ano, o número de pacientes na Capital aguardando vaga para realizar o procedimento era de 370 pessoas, e somente o Hospital de Câncer Alfredo Abrão (HCAA) atende a demanda na cidade.

Já os exames preventivos, como a mamografia, têm mais facilidade de acesso. Em Campo Grande, ele pode ser feito na Associação de Amparo à Maternidade e à Infância (Aami), Hospital Regional, Centro de Especialidades Médicas (CEM), Hospital Universitário, HCAA e Hospital de Amor. 

Apesar da disponibilidade gratuita, muitas mulheres não têm o hábito de realizar o exame preventivo que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), deve ser feito anualmente na faixa etária dos 50 aos 69 anos, quando há maior incidência da doença. 

Com a ampla divulgação sobre a importância da mamografia feita na campanha do Outubro Rosa, a procura aumenta ao longo do mês. Mas, para o médico oncologista Fabrício Colacino Silva, ainda há um caminho a ser percorrido na conscientização da realização do exame periodicamente já que tabus, medos e mitos envolvendo o procedimento ainda são alguns dos obstáculos para que muitas mulheres deixem de realizar o exame.

“Entre os medos que impedem as mulheres de procurar exames preventivos, está o de ter dor durante o exame. Na verdade, é feita uma compressão leve na mamografia, necessária para que se espalhe a mama no aparelho e a gente consiga identificar alguma alteração”, afirma o médico. Outros receios, como medo de haver o diagnóstico e ser necessária mutilação, alterações na sexualidade e de enfrentar a doença são citadas pelo oncologista como possíveis motivos para que o exame seja evitado. 

Colacino é idealizador da unidade móvel de prevenção do câncer Ônibus da Saúde, parceria entre a Cassems e o HCAA que atende o interior do Estado. A unidade móvel leva equipe médica especializada responsável pela realização de mamografias e outros exames preventivos, além de procedimentos oncológicos e atividades de conscientização com a população local.

Segundo o médico, a prevenção e o diagnóstico precoce garantem até 95% de chance de cura, evitando o sofrimento e as demais consequências do câncer. “Nesse mês de divulgação, é importante falar sobre o assunto, desmistificar o problema. Por isso a gente faz palestra quase que todo dia, para tentar informar a população de como é benéfico fazer o diagnóstico precoce. A prevenção é o único e melhor caminho, é o que tem de mais nobre na medicina oncológica”, explica o médico. 

APOIO

Criado há quase cinco anos, o grupo Mulheres de Peito foi idealizado por mulheres que sofreram com o câncer de mama em Mato Grosso do Sul e leva auxílio psicológico e suporte para pacientes que enfrentam a doença, além de promover atividades de conscientização com a população sobre a necessidade da prevenção.

Uma das fundadoras do projeto, a aposentada Ivone Campos foi diagnosticada em 2001, com câncer de mama do tipo carcinoma ductal. Identificado em fase avançada, o tumor resultou em metástase óssea, que Ivone trata até hoje.

Segundo ela, o sofrimento consequente da doença teria sido evitado caso o diagnóstico tivesse sido precoce. “O câncer é uma doença silenciosa, que atinge muita gente, e se há prevenção, muita dor pode ser evitada. Aperto e incômodo na mama durante o exame de mamografia não é nada perto da dor e do sofrimento da doença, do tratamento do câncer”, afirma.

Para Ivone, existem diversas opções de acesso aos exames, mas muitas mulheres deixam de fazer por não estarem consciente da importância da mamografia. “Algumas precisam trabalhar, têm medo dos exames, não se interessam. Há muita desinformação, elas se acomodam. Mas precisamos reforçar a prevenção; descobrir o câncer bem no início pode evitar todo um processo doloroso”, enfatiza.

Também atuando no suporte de pacientes que sofrem com a doença, a Rede Feminina de Combate ao câncer do MS oferece apoio a quem precisa enfrentar o tratamento. Com o foco em pacientes com condições financeiras vulneráveis, a Rede Feminina disponibiliza casa de apoio para acolher quem vem do interior fazer radioterapia e doam cestas básicas para as famílias, além de realizarem atividades de conscientização.  

Segundo Magda Braz, presidente da instituição sem fins lucrativos, atualmente as mulheres têm abraçado a causa da prevenção no que diz respeito ao câncer de mama. “A procura tem aumentado a cada ano devido a divulgação durante o mês de outubro. O foco dos nossos trabalhos também é o incentivo ao autoexame, à mamografia. A mulher precisa estar consciente que prevenir é essencial e que não precisa ter medo do exame”, explica.

OUTUBRO ROSA

A mamografia é um dos exames que possibilitam a detecção de alterações mamárias, incluindo lesões benignas e cânceres de mama em fases iniciais. O método não invasivo é capaz de identificar tumores de poucos milímetros, não perceptíveis através do autoexame, em pacientes que ainda não manifestaram sintomas. Em Campo Grande, procedimentos de diagnóstico do câncer podem ser feitos em diversos locais.

No Hospital de Amor, são oferecidas gratuitamente 100 vagas diárias de mamografia e de papanicolau, tudo pelo SUS. Com o aumento da procura em outubro, a carreta da instituição, que realiza exames em diversos pontos da cidade, está na unidade fixa do hospital e realiza ao longo do mês diversas palestras sobre o tema. 

O agendamento para procedimentos pode ser feito pelo telefone (67) 3304-6600. Para realizar a mamografia, a paciente precisa ter entre 40 e 69 anos, e não é necessário encaminhamento médico. 

Já no HCAA, ao longo do mês de outubro são disponibilizados exames de mamografia e papanicolau gratuitamente no hospital, que normalmente só atende por meio de encaminhamentos. A unidade móvel de saúde do SESC Mulher está no local para realizar os atendimentos desde o início do mês e fica até o dia 30.

O atendimento será feito das 7h às 11h, e das 12h às 16h. Ao todo, mais de 2 mil mamografias serão disponibilizadas na campanha da instituição. Para fazer os exames, é necessário levar o RG, CPF e cartão do SUS, sem necessidade de agendamento prévio, e os exames são direcionados para mulheres de 40 a 69 anos.

 

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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