A Prefeitura de Campo Grande pode desistir de construir um Hospital Municipal, projeto orçado em R$ 200 milhões e que já tinha até terreno reservado - na saída para Três Lagoas, em uma das entradas do Parque dos Poderes. A Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) planeja publicar ainda no primeiro semestre deste ano um chamamento público para credenciar entidades de iniciativa privada que tenham intenção de ofertar leitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou ontem (17) que não vê necessidade da Capital ter outro pronto-socorro, já que a cidade tem três unidades com este perfil, a Santa Casa, o Hospital Regional Rosa Pedrossian e o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian.
Segundo o secretário da Saúde da cidade, José Mauro de Castro Filho, a idéia teria vindo das próprias entidades, que buscaram a Sesau para manifestar o desejo. “Quando nós anunciamos a idéia de criar o nosso pronto-socorro, vários hospitais nos procuraram para dizer que estavam interessados em aderir a linhas de atenção do Ministério da Saúde que prevê o aluguel de leitos. Por isso estamos terminando os detalhes desse chamamento, se a adesão for boa, podemos reavaliar a criação do hospital”.
Para o secretário, a oferta desses leitos já prontos para uso seria uma forma mais rápida de solucionar o problema e evitaria o gasto com a construção da unidade hospitalar, que ainda não tem previsão para sair do papel.
“Esses hospitais, como o da Cassems e da Unimed, nunca quiseram se credenciar no SUS. Porém, nos últimos anos eles sentiram uma redução na taxa de ocupação, em alguns casos eles têm andares inteiros fechados. E esses locais têm um custo fixo, precisam pagar contas, e depois de algum tempo esses leitos ociosos acabam se tornando prejuízo, então passou a ser interessante para eles essa medida. O Ministério da Saúde tem algumas linhas interessantes e seria um serviço diferenciado oferecido pelo SUS”, explicou o secretário.
A construção do hospital que deveria ter 20 mil m² deveria chegar a R$ 110 milhões, já o aparelhamento da unidade custaria entre R$ 70 milhões e R$ 80 milhões, valor que somado daria entre R$ 180 milhões e R$ 190 milhões. Fora a contratação de funcionários para atuar na unidade.
A idéia da secretaria era que esse dinheiro viria de emendas impositivas à União, feitas pelos parlamentares do Estado ou mesmo de uma inclusão do projeto no Planejamento Plurianual (PPA) do Ministério da Saúde para este ano.
Entretanto, o projeto deveria demorar cerca de dois anos para ficar pronto. “Nesse sentido seria mais rápido a parceria com as entidades particulares”.
Porém, para a inclusão no PPA do Ministério a Sesau tem um problema. “Quando eu desenhei a recuperação da malha hospitalar de Campo Grande essa discussão foi feita e nós vimos que agora Campo Grande tinha que passar para a fase dos hospitais especializados. As principais causas de morte são cardiovascular e câncer. (No caso do câncer) já estamos fazendo o Hospital do Câncer, já está se estruturando, não tem porque fazer outro, agora cardiovascular me parece que seria uma decisão muito acertada”, declarou Mandetta, ontem durante agenda na Capital.
Segundo o ministro, cidades como Dourados e Três Lagoas, no interior do Estado, tem necessidade de outros hospitais, mas a Capital deveria encabeçar projetos de unidades especializadas. “Eu acho que quando fizer os outros (hospitais especializados) você descomprime as áreas para as especialidades”, avaliou sobre a superlotação dos hospitais da cidade.
“Essa é uma discussão que a cidade tem que ter, isso é uma opinião minha de um grande debate que foi feito aqui. Na época quando eu assumi em Campo Grande eu tinha o colapso da Santa Casa, o fechamento iminente da Cândido Mariano, tinha o Hospital São Julião querendo parar. Então a gente recuperou os leitos, manteve aberto e passou a dimensionar o que seria o cenário a partir dali”, completou Mandetta.
De acordo com o secretário municipal, caso a idéia do chamamento resolva a falta de leitos da cidade, a Sesau avalia a possibilidade de mudar o perfil do projeto e criar uma unidade especializada. “Baseado na expectativa de vida da população, nós temos necessidade de atendimento no setor cardio, de psiquiatria e de doenças crônicas.Seriam as áreas avaliadas para a criação de uma unidade”, disse Castro.
No caso das doenças crônicas, inclusive, o Hospital São Julião já tem convênio assinado com o SUS para atender pacientes com esse perfil. “Já faz muita cirurgia de oftalmo, de crônicos”, avaliou Mandetta.