Mesmo com a abertura total dos 100 leitos da Unidade do Trauma da Santa Casa, ontem, 138 pacientes ainda aguardavam vagas hospitalares em Campo Grande. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), a situação é preocupante principalmente por haver pacientes do interior de Mato Grosso do Sul na fila.
“Destes 138 que estão na fila da regulação para entrar em algum hospital, 53 são pacientes de ortopedia. Lembrando que os traumatizados graves têm prioridade, não precisam esperar. Desses que aguardam, alguns precisam de cirurgia ortopédica. Fratura não é considerada cirurgia eletiva, então, [esses pacientes]devem ser atendidos logo”, explicou o superintendente de Relações Institucionais da Sesau, Antônio Lastória.
Porém, na prática, mesmo com a expansão do número de leitos hospitalares para internação ortopédica e também da área da clínica médica – já que a Santa Casa reestruturará vagas e liberará 34 para internações gerais de pacientes com dengue, gripe e pneumonia –, a previsão é de que a organização completa do atendimento leve pelo menos mais um mês.
“Vamos regularizar aos poucos. Conseguimos absorver, em média, 120 pacientes por dia, mas entram 140. Por isso, ainda haverá deficit. De maneira geral, as coisas estão funcionando, não do jeito que a gente gostaria, pois o fluxo [de entrada e saída de pacientes] não está girando. Agora, é mais uma questão de gestão interna dos hospitais; além da Santa Casa, temos o HU [Hospital Universitário] e o Regional. Estamos organizando para ampliar cirurgias eletivas e zerar os corredores que estavam lotados”, disse Lastória.
A Santa Casa explicou que disponibilizou o restante dos leitos da unidade – desde setembro, apenas 50% estavam sendo utilizados – mesmo sem a formalização do contrato com a Sesau, que deve garantir repasse de verbas para custeio.
Com a transferência de pelo menos 39 pacientes que utilizavam os leitos do setor do trauma, no prédio principal do hospital, para a Unidade do Trauma, a Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), que administra o local, promete disponibilizar 34 leitos para pacientes da clínica médica. No entanto, a ocupação deve ocorrer após algumas intervenções nos leitos, como pintura.
ACORDO
Reportagem publicada pelo Correio do Estado no dia 9 deste mês mostrou a intenção do hospital de ativar a unidade, após acordo entre Estado e município para receber contrapartida de R$ 3,1 milhões. A medida, com intervenção da Secretaria de Estado de Saúde (SES) e da Sesau, garantiu justamente a ativação de 51 dos 100 leitos ainda não utilizados.
O hospital pedia R$ 6 milhões mensais para custeio da Unidade do Trauma, mas a proposta acabou recusada pelo Ministério da Saúde, que após visita técnica ao local disponibilizou apenas R$ 1,1 milhão. A Santa Casa fez uma contraproposta, que foi aceita pelas secretarias, e, além do valor oferecido pelo governo federal, haverá um aporte de mais R$ 2 milhões mensais pelo governo do Estado.
Com isso, de acordo com a superintendente-geral de Atendimento à Saúde da SES, Mariana Croda, foi elaborado documento descritivo com novas metas e serviços a serem implementados na Unidade do Trauma. Com essas metas, a previsão é de que sejam disponibilizados 35 novos leitos clínicos para atender os casos agudos.
A previsão inicial era de ativar completamente o setor somente após a assinatura do contrato, cuja minuta é preparada pela Sesau, que tem a gestão plena da saúde do município e contratualiza com o hospital.
O valor do contrato é de R$ 3,1 milhões, dos quais R$ 2 milhões são da SES e R$ 1,1 milhão são do Ministério da Saúde. Atualmente, a SES repassa mensalmente R$ 2 milhões à Santa Casa.
No acordo, feito por meio da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS), foram colocados diversos procedimentos de média complexidade, sobretudo aqueles que viabilizam o hospital de realizar cirurgias eletivas, além de ortopedia, alta e média complexidade e a abertura de serviços ambulatoriais.