Cidades

CRIME ORGANIZADO

A+ A-

Paraguai transfere 24 do PCC após rebelião em presídio

Governo local quer extradição de líderes para o Brasil

RAFAEL RIBEIRO

13/03/2019 - 09h45
Continue lendo...

O governo do Paraguai anunciou, nesta quarta-feira (13), a transferência de 24 presos integrantes do Primeiro Comando da Capital, facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas nas fronteiras de Mato Grosso do Sul.

Segundo o jornal 'ABC Color', os detentos foram identificados como os responsáveis pelo motim no Presídio de Concepción, na última terça-feira (12), que deixou pelo menos quatro agentes penitenciários gravemente feridos. Eles foram torturados pelos presos.

De acordo com o periódico, a maioria dos agentes apresenta cortes provocados por facas produzidas de maneira artesanal pelos bandidos.

É esperada para hoje que seja cumprida apromessa feita pelo ministro da Justiça paraguaio, Julio Rios, de extraditar lideranças do PCC. Os nomes devem ser revelados no período da tarde.

CAOS

Facções brasileiras como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) são investigadas pela Polícia Nacional do Paraguai por promover o recrutamento de criminosos em presídios no país vizinho. 

Segundo o 'ABC Color', o comandante da polícia, Gregorio Walter Vásquez apontou que os principais alvos são presos paraguaios de alta periculosidade. A Direção de Instituições Penais do Ministério da Justiça investiga a relação dos faccionados brasileiros com os demais internos.

Atualmente, há integrantes do PCC e CV nas cadeias de Tacumbú, Pedro Juan Caballero, Concepción y Alto Paraná, como também no quartel do Agrupamento Especializado da Polícia. O objetivo é fortalecer as organizações e expandir o controle.

A penetração do PCC, contudo, pode ser ainda maior, já que 150 paraguaios teriam sido 'batizados', comos e chama o ritual de entrada à facção.

As autoridades acreditam que a rebelião em Concepción foi deflagrada pelo próprio PCC, como forme de inibir a extradição de lideranças ao Brasil. O desfecho não foi pior porque a Polícia Nacional conseguiu controlar a ação e resgatá-los.

os criminosos tomaram a ala de condenados e renderam os funcionários da unidade. Um dos reféns teve o rosto cortado e recebeu diversas perfurações de faca artesanal. Os outros três também foram agredidos. Após a libertação, as vítimas foram encaminhadas ao Hospital Regional de Concepción.

Outros internos deram apoio à rebelião que só foi controlada com a chegada da Polícia Nacional. Não foi divulgado o número total de presos envolvidos. Assim como no Brasil, o PCC tem vários internos em diversos presídios no Paraguai que, apesar da restrição da liberdade, prestam apoio às ações do crime organizado na fronteira. 

ORGANIZAÇÃO

Depois de revelar ter desmantelado planos para resgatar comparsas de Sérgio Arruda Quintiliano Neto, 33 anos, conhecido como 'Minotauro', do presídio em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com Ponta Porã, o Paraguai informou em fevereiro ter iniciado um processo de identificação de policiais que possam ter envolvimento com o Primeiro Comando da Capital, facção criminosa que contrla o tráfico de drogas e armas em Mato Grosso do Sul. Pelo menos 20 deles já teriam sido presos.

A informação foi dada por Juan Ernesto Villamayor, ministro do interior paraguaio. Em entrevista concedida nesta manhã, ele afirmou que "não há dúvidas", da presença de agentes de segurança corruptos que são comprados pelo PCC.

Dados do ministério público paraguaio obtidos pela reportagem mostram que 11 operações já foram organizadas para desmantelar o agrupamento da quadrilha na cidade fronteiriça. Alguns dos planos descobertos envolviam até sequestro de aviões de carreira no país vizinho e explosões de bases das forças armadas locais para aquisição de armas de grosso calibre.    

Minotauro foi preso no último dia 5 de fevereiro, em Balneário Camboriú (SC). Atualmente está detido no Presídio Federal de Brasília (DF), mesma cidade de onde as autoridades paraguaias dizem ter saído as ordens de resgate de comparsas do traficante.

"Naturalmente  Minotauro tem muita gente a seu serviço", disse Villamayor. "E venho dizer que de nenhum modo essa atuação dele será tolerada. Os culpados assumirão sua responsabilidade. Os métodos que eles usam são uma barbaridade."

A apuração das autoridades paraguaias começou após a descoberta de que cinco veículos de luxo apreendidos pela polícia local em operações que desencandearam na prisão de Minotauro em Santa Catarina desapareceram do pátio onde estavam. Nos grampos telefônicos, o traficante, ainda livre, negociava com funcionários públicos valores para facilitar a entrada de comparsas no local com a meta de resgate dos veículos. 

Villamayor acredita que foram os próprios agentes quem roubaram os veículos, com o objetivo de desmontá-los e vender suas peças. Claro que com a autorização de Minotauro. Ao mesmo tempo, o ministro aponta que por enquanto tanto os carros quanto os comparsas do traficante seguirão em Pedro Juan Caballero, visto que não existe garantia necessária de transferi-los para a capital Assunção.

Segundo investigações da PF e da Polícia Civil de MS, Neto, que começou a carreira criminosa como ladrão de carga no interior de São Paulo, estaria ocupando o posto de líder da facção criminosa no controle do tráfico de drogas e armas nas fronteiras com Paraguai e Bolívia. O Correio publicou um perfil dele tão logo sua presença na fronteira fora identificada, em março do ano passado, quando foi acusado de matar um investigador em Ponta Porã. 

Marcos Willians Herbas Camacho, 51, o 'Marcola', maior líder da facção e transferido pelo Governo de São Paulo do Presídio de Segurança Máxima Estadual de Presidente Venceslau para a unidade federal  de Rondônia (RO) no último dia 13 de fevereiro. 

O Correio do Estado revelou em 31 de janeiro que a cúpula da segurança pública de São Paulo, onde nasceu o PCC, temia justamente que retaliações, como ataques e tentativas de resgate de Marcola, viessem de integrantes do PCC sediados no Paraguai.

"GUERRA CIVIL"

Maior ameaça à democracia no mundo é a polarização, diz o ator Wagner Moura

Ator diz que filme"Guerra Civil" soa um importante alarme sobre esses riscos

19/04/2024 10h30

Wagner Moura em "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana Foto: Divulgação

Continue Lendo...

Para Wagner Moura, "Guerra Civil", filme que chega aos cinemas brasileiros nesta semana, soa um importante alarme sobre os riscos da polarização que assombra países como Estados Unidos e Brasil nos últimos anos.

"Este é um filme que mostra que a polarização é a maior ameaça à democracia no mundo moderno", diz ele sobre o longa dirigido por Alex Garland, um blockbuster americano que acena também para a realidade política brasileira, em sua opinião.

"Guerra Civil" conta a história de um grupo de jornalistas, do qual Moura faz parte, que tenta chegar a Washington para entrevistar o presidente dos Estados Unidos, um líder do qual não sabemos muito, mas que pelas dicas do roteiro é claramente fascista, nas palavras do ator baiano.

"Mas eu acho, sinceramente, que ligar esse personagem a figuras reais é um desserviço ao filme. Não há na trama uma agenda ideológica. E você sabe que eu sou uma pessoa que não tem medo de falar as coisas", diz Moura ao ser questionado sobre a proximidade do personagem com líderes que acirraram a era de polarização em que vivemos, como Donald Trump e Jair Bolsonaro.

O filme é uma distopia política cheia de imagens do que poderia ser os Estados Unidos caso o racha entre democratas e republicanos, ou liberais e conservadores, se acentue. Na trama, forças favoráveis e contrárias ao presidente vivido por Nick Offerman se enfrentam e destroem a nação. São várias as imagens de pontos icônicos do nacionalismo americano bombardeados, como a Casa Branca.

"A gente sabe muito bem o que é a polarização. O mundo todo sabe. E para os americanos o filme gera uma dissonância cognitiva, porque eles estão acostumados a ver essas cenas em filmes sobre guerras no Oriente Médio. Agora estão vendo em Washington", diz ainda Moura.

GUERRA CIVIL

- Quando Estreia nesta quinta (18), nos cinemas
- Classificação 18 anos
- Elenco Wagner Moura, Kirsten Dunst e Cailee Spaeny
- Produção EUA, Reino Unido, 2024
- Direção Alex Garland

MEIO AMBIENTE

MS avalia condições de pagamento antes de regularizar Fundo Pantanal

Até o momento, Governo não conseguiu recursos externos para financiar o Fundo, e conta com os R$ 40 milhões de investimento próprio; Expedições estão sendo feitas ao Pantanal para regulamentação

19/04/2024 09h30

Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fala sobre a criação de fundo biomas em Campo Grande Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

Continue Lendo...

Quatro meses após a sanção da Lei do Pantanal, o Governo do Estado ainda está avaliando as condições de pagamento aos produtores para regulamentar o Fundo Clima Pantanal.

No final de março, uma expedição percorreu os pantanais da Nhecolândia, do Paiaguás e do Abobral, pra reunir informações e elaborar o texto de regulamentação do fundo. 

Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia, Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a regulamentação do Fundo Clima Pantanal deve sair até o final desse semestre, e uma nova expedição, agora com o setor de Organizações Não Governamentais (ONGs) e ambientalistas como o Instituto Homem Pantaneiro (IHP) e o SOS Pantanal, será realizada no dia 22 de maio. 

“Nós temos que ver o que nós vamos pagar do Programa de Serviços Ambientais (PSA) e por isso fizemos aquelas expedições, e vai ter uma agora, com as ONGs, para a gente ver o que realmente vai ser remunerado aos produtores”, comentou Verruck. 

Ainda de acordo com o secretário, o Fundo Pantanal possui atualmente apenas o investimento realizado pelo próprio governo do Estado, de R$ 40 milhões, e a Semadesc tem trabalhado na divulgação, tanto do fundo, quanto da Lei do Pantanal, para tentar angariar recursos para a iniciativa, no entanto, Jaime Verruck aponta que ainda não houve nenhuma sinalização clara de aceitação. 

“Nós estamos apresentando em todos os fóruns para tentar conseguir recurso internacional. Nesse momento o que nós temos é os R$ 40 milhões do Governo do Estado.

Como a própria ministra destacou, hoje todo mundo está avançando na estrutura de seus fundos, então nós estamos apresentando, mas até agora não temos nenhuma sinalização clara de alocação de algum recurso”, esclareceu o secretário. 

A iniciativa de criação de fundos para conseguir recursos para a preservação de biomas, como Mato Grosso do Sul fez em relação ao Pantanal, é algo que vem sendo pensado para outros ecossistemas, como o Cerrado e a Caatinga, e que já foi posto em prática na Amazônia Legal, através do Fundo Amazônia. 

Em dezembro, no evento de sanção da Lei do Pantanal, a ministra do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas (MAMC), Marina Silva, afirmou que tinha sugerido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação de um fundo nacional para os biomas brasileiros, similar ao Fundo Amazônia. 

A ideia era de que com o fundo todos os biomas do país fossem contemplados e pudessem angariar recursos que seriam direcionados principalmente para a sua preservação, podendo inclusive, fazer parcerias com fundos estaduais já criados, como o Fundo Pantanal. 

A ministra relata que o debate que está sendo feito com os governos estaduais atualmente, está sendo direcionado para os planos de combate ao desmatamento em todos os biomas, e que nesse diálogo, surgiu o interesse de criação de fundo para esses ecossistemas. 

“A Amazônia tem um apelo muito grande e ela já tem um fundo, mas os demais biomas, se a gente fizesse uma composição, talvez a gente tivesse mais eficácia. Mas eu compreendo, porque cada bioma quer ter o seu fundo, quer ter seu espaço, e essa é uma discussão que a gente está fazendo com os consórcios de cada região”, informou a ministra. 

A deputada federal Camila Jara (PT), acrescentou ainda que existe uma legislação tramitando para a criação de um fundo que abrange todos os biomas brasileiros, e que está na Comissão de Justiça da Câmara dos Deputados, sendo o parlamentar Pedro Campos (PSB-PE), o principal nome para ser o relator. 

“Eu acho que o melhor seria se a gente criasse um fundo biomas, e aí sim, em vez de ter uma ‘moqueca de dinheiro’ em cada fundo, a gente pudesse ter um fundo que pudesse receber, inclusive, recursos das emendas parlamentares, das emendas de bancada, para que a gente possa mudar a história do enfrentamento do desmatamento, do ataque ao Pantanal, que a gente possa virar essa página”, comentou Marina Silva, em seu discurso durante visita à Campo Grande, nessa quinta-feira.

O Fundo Amazônia, principal modelo de iniciativa voltada para captar doações para investimentos em ações de prevenção, combate e monitoramento do desmatamento e promoção da conservação, criado em 2008, recebeu até o fim de 2022 R$ 3,396 bilhões em recursos da Noruega, Alemanha e Petrobrás.

SERVIÇOS AMBIENTAIS 

Além da iniciativa do Fundo Clima Pantanal, o governo de MS também possui, desde dezembro de 2021, o Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que “visa a conservação das florestas e demais formas de vegetação natural privadas existentes, restauração ecológica das florestas e demais formas de vegetação natural privadas, conversão de pastagens e terras degradadas para usos alternativos da terra”, expõe o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). 

Em junho do ano passado, o programa foi estendido para esforços de restauração e proteção da biodiversidade, clima e estoques de carbono no âmbito das bacias hidrográficas. O PSA abrange um total de 571.800 hectares de áreas que se comprometeram com a conservação ambiental.

Já de acordo com a Lei do Pantanal, a prioridade é a preservação dos corredores de biodiversidade, delimitados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Os produtores devem receber pela preservação da fauna e flora pantaneira, pela recuperação de pastagens degradadas, recuperação de vegetação nativa, entre outros. 

Não há mais informações sobre os critérios que serão adotados para a participação dos produtores no fundo.

SAIBA

De acordo com a lei, o Fundo Clima Pantanal poderá ter outras fontes de financiamento, como multas ambientais aplicadas pelo Imasul, emendas parlamentares, transferências de saldos de outros fundos e recursos de venda de crédito de carbono.

ASSINE O CORREIO DO ESTADO

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).