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Pantanal terá maior vigilância contra queimadas florestais

Para evitar incêndios, força-tarefa envolvendo Ministério Público, Corpo de Bombeiros e Instituto Chico Mendes faz a fiscalização

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O uso oficial de câmeras com alcance de monitoramento de uma extensa área do Pantanal, que engloba o Parque Nacional do Pantanal e a Serra do Amolar, permitirá que autoridades de fiscalização na área de meio ambiente de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso possam identificar onde incêndios foram iniciados e aplicar penalidades para ocorrências que forem identificadas como ilegais.

Esse novo sistema foi lançado na quarta-feira e terá sua estrutura tecnológica sediada em Corumbá.

Conforme a Polícia Militar Ambiental de MS, órgão responsável por fiscalização de áreas queimadas e identificação de irregularidades para aplicação de multas administrativas, em 2021, foram aplicadas R$ 33.821.109,60 em penalizações pecuniárias.

O maior valor unitário aplicado ocorreu no município de Corumbá, R$ 1.170.000,00. No Pantanal, houve também infrações identificadas em Aquidauana, Miranda, Coxim e Porto Murtinho.

Esse novo sistema de vigilância vai cobrir principalmente área do Parque Nacional do Pantanal, que tem 1.356 km quadrados de área, envolvendo território de ambos os estados, além de áreas da Serra do Amolar.

A administração do parque, criado em 1981, é do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mas há cerca de 20 anos a região está sem uma política efetiva de proteção.

No incêndio de 2020, a região foi muito afetada pelo fogo. O local também representa um dos maiores refúgios de onça-pintada do Brasil.

O investimento para implantar as câmeras, que têm rotação de 360 graus e alcance de visualização de um raio de até 30 quilômetros de distância, foi de R$ 8,5 milhões.

O recurso utilizado para esse trabalho foi direcionado pela JBS, que firmou parceria com o Sesc Pantanal, bem como com o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP).

Essa vigilância também está com inteligência artificial, que consegue identificar a partir de sequência de registros, o que representa perigo para o meio ambiente e pode se tornar um incêndio ou um fogo controlado e que não gera risco.

Essa é a primeira vez que uma região inóspita do Pantanal recebe esse tipo de monitoramento. Para que fosse possível instalar os equipamentos, houve a necessidade de uso de helicópteros, embarcações e caminhadas por quilômetros de distância em áreas.

De acordo com a empresa que implantou o sistema, vai ser possível cobrir uma área de 2,5 milhões de hectares, algo em torno de 250 mil quilômetros quadrados. Todo o bioma tem superfície de 138.183 quilômetros quadrados.

Durante o lançamento oficial do sistema, representantes do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal, dos Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul e da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul estiveram presentes.  

Todas as imagens captadas com alta precisão devem ficar armazenadas pelo prazo de 30 dias e qualquer uma das autoridades que atuam na prevenção e combate a incêndios poderá requisitar os arquivos para identificar onde um fogo foi iniciado. Por meio de cruzamento de dados de satélite, a localização exata do registro também vai ser apresentada.

Os representantes de órgãos de fiscalização que estiveram presentes no lançamento do sistema de vigilância participaram de uma reunião com um dos gerentes da empresa responsável pelo desenvolvimento da tecnologia.

Osmar Bambini pontuou para eles que o que há mais de moderno em monitoramento foi implantado nessa área do Pantanal.

“Foi algo totalmente diferente, foi um desafio, mas foi possível. Essas áreas precisam ser protegidas. Em propriedades particulares, há brigadas e outras estruturas. Em áreas de reserva e mais remotas, normalmente só as brigadas voluntárias e remotas que atendem. Quanto mais rápido a informação for repassada de um fogo, melhor o tempo de resposta. Outros parques vão poder receber essa mesma estrutura com base no que reproduzimos aqui”, explicou Bambini.

Marcos Simanovic, presidente do ICMbio, ressaltou que o sistema de vigilância vai permitir uma integração nas esferas federal, estadual e municipal que não existia. Protocolos sobre o uso das imagens, bem como sobre o acionamento ao se identificar fumaça e fogo estão sendo finalizados para melhorar essa integração.

“O impacto é extremamente positivo a serviço da preservação. Essas ferramentas tecnológicas vêm para promover a integração, com a criação de protocolos de acionamento de órgãos, parceria entre eles, união de brigadas”, defendeu.

Entidade que conglomerou esse aparato tecnológico, o Instituto do Homem Pantaneiro (IHP) vai prestar apoio para deslocamento de servidores do ICMbio nesse acompanhamento da região.  

O Instituto, a partir de interlocução conduzida pela organização da sociedade civil sediada em Corumbá, passa também a ter uma sede administrativa na Capital do Pantanal para gerir o Parque Nacional e estruturas próximas.

“Esse momento é revolucionário no bioma. Sem tecnologias como essa, o combate [ao fogo] é quase sem sucesso. O compromisso de preservação da reserva vai ser garantido”, indicou Ângelo Rabelo, diretor do IHP.

Fiscalização contra incêndios na região

A PMA desencadeia a Operação Prolepse contra incêndios. No ano passado, foram visitadas 762 propriedades rurais e percorridos 35.000 km em estradas e em navegação para chegar às propriedades.

R$ 3,1 milhões

A maior multa já aplicada por incêndios fora de época no Pantanal ocorreu em julho de 2021, na zona rural de Aquidauana com o valor de R$ 3,1 milhões.

1,7 milhão multa por incêndio florestal no pantanal

O segundo maior valor por infração ambiental cometida ocorreu em Corumbá, em agosto do ano passado, no montante de R$ 1,7 milhão.

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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