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Pacientes sofrem com gestão indefinida e ameaça de greve

Enquanto Estado estuda entregar administração à iniciativa privada, servidores denunciam problemas

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A situação crítica do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul Rosa Pedrossian (HRMS), em Campo Grande, ganhou contornos ainda mais dramáticos nos últimos dias. Com número alarmante de mortes - 1.140 - que devem ser explicadas à Justiça, funcionários da unidade chegaram a aprovar indicativo de greve na semana passada.

Com 2,1 mil funcionários, a unidade responde por 22% dos atendimentos de saúde na Capital, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social (Sintss-MS). No dia 21 de novembro, os servidores paralisaram as atividades no Pronto Atendimento Médico (PAM) durante uma hora pela manhã e à tarde, em protesto contra as condições de trabalho.
No dia 4 de dezembro, os funcionários aprovaram indicativo de greve, alegando péssimas condições de trabalho em virtude da situação crítica da unidade. Segundo o sindicato, o governo tinha três dias para se posicionar, mas o Estado preferiu recorrer à Justiça.

A notificação chegou no dia seguinte, e o governo argumentou em ação declaratória impetrada no TJ que “o direito de greve não é absoluto e submete-se ao controle judicial, no que diz respeito à sua abusividade, circunstância que ocorreu no caso em questão”. Afirmou ainda que o Sintss não garantiu que os serviços essenciais seriam prestados sem prejuízo caso a greve fosse deflagrada.

Em sua decisão, o desembargador Claudionor Miguel Abss Duarte concordou com os argumentos do governo, reforçando que o sindicato abandonou as negociações com o Estado e que não houve informação de como ficaria o atendimento durante a eventual greve. O magistrado determinou ainda que o Sintss não deflagrasse a paralisação, sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Duarte determinou o agendamento de uma audiência de conciliação entre as partes em até 15 dias.

PREOCUPAÇÃO

O Conselho Estadual de Saúde (CES) acompanha a situação do hospital de perto. Coordenadora do conselho local, Neide Eliane Gordo disse que o grupo está acompanhando os diversos problemas, como a eventual terceirização do HRMS e o número de mortes. “O conselho é contra colocar uma OS [organização social, da iniciativa privada] no hospital, porque já temos exemplos em outros estados e em Ponta Porã que esse modelo não dá certo”, afirmou. Em março, a Secretaria de Estado de Saúde trocou a OS responsável pelo Hospital Regional Dr. José de Simone Netto, em Ponta Porã, após a empresa anterior atrasar pagamentos de salários.

Nesta semana, o Correio do Estado noticiou que o HRMS está com dois dos três elevadores para transportar pacientes em macas parados - um deles há mais de cinco anos -, situação que incomoda a dona de casa Adelma Félix Marques, que acompanha a mãe, a aposentada Liberata de Souza Félix, que passou por uma cirurgia de retirada do útero e ovários. “Está um caos. Todo mundo merece uma coisa melhor, de qualidade”, afirmou.

Outro problema que também gera reclamações é a comida servida aos pacientes. Reportagem do Correio do Estado publicada em abril mostrou as críticas sobre o cardápio, que ia desde comida crua até malcheirosa. Na época, o Hospital Regional informou em nota que as informações não procediam. “O cardápio é elaborado por nutricionistas responsáveis pela produção. A profissional realiza a elaboração de acordo com os tipos de dietas disponíveis para prescrição no HRMS”.

Acompanhando o marido, Paulo Roberto da Silva Viana, a auxiliar de costura Zilda Rosa Viana reclamou da falta de variedade. “Está muito ruim. [segunda-feira] no almoço foi arroz, feijão e ovo. No jantar, teve farofa de ovo. Não tem uma carne, não tem nada”.

Enquanto enfrenta tantos problemas, o governo estuda entregar a administração do HRMS à iniciativa privada. O governo contratou consultoria do Hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, para definir se seria realizada uma parceria público-privada (PPP) ou a gestão da unidade seria entregue à uma OS.

Em audiência pública realizada em agosto, relatório feito por técnicos do hospital paulistano apontou que a unidade de Mato Grosso do Sul tem estrutura organizacional fraca e infraestrutura deficiente. Entre as recomendações, estão a mudança na governança, novas parcerias, adequações em setores do HR, metas de produtividade, entre outras. 

Modelo da OS enfrenta problemas no País

Governos estaduais e municipais não tiveram muito êxito ao entregar a administração de hospitais públicos para a iniciativa privada.

Em Mato Grosso do Sul, a primeira unidade a adotar esse modelo de gestão foi o Hospital Regional Dr. José de Simone Netto, em Ponta Porã. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) dispensou o Instituto Gerir em março deste ano, por problemas judiciais que a entidade enfrenta em todo o país. O Instituto Acqua assumiu a gestão no mesmo mês, em um contrato de R$ 27,1 milhões. A unidade é referência de atendimento para  oito municípios da microrregião - Amambai, Antônio João, Aral Moreira, Coronel Sapucaia, Paranhos, Ponta Porã, Sete Quedas e Tacuru.

No Espírito Santo, o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha, também teve troca de empresas gestoras. Por falta de pagamento dos compromissos trabalhistas de aproximadamente R$ 8,7 milhões, a Justiça capixaba autorizou a rescisão do contrato. Assumiu o Instituto Gnosis, investigado no Rio de Janeiro por comprar medicamentos superfaturados. Apesar disso, o governo do Espírito Santo assinou contrato com a entidade. 

POR DIREITOS

Professores da UFMS entram na greve geral da categoria a partir de 1º de maio

Maio marca o início da paralisação das atividades no polo campo-grandense da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em busca da recomposição salarial ao nível da inflação

23/04/2024 11h30

Além de Campo Grande, essa Assembleia Geral foi realizada em Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana, Paranaíba, Chapadão do Sul, Ponta Porã, Nova Andradina e Naviraí, por meio de voto on-line e presencial Marcelo Victor/ Correio do Estado

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Durante Assembleia Geral da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (ADUFMS), na manhã desta terça-feira (23), os docentes de Campo Grande votaram "sim" pela adesão - a partir de 1º de maio - à greve nacional que reivindica a recomposição salarial ao nível da inflação.

Além de Campo Grande, essa Assembleia Geral foi realizada em Três Lagoas, Corumbá, Aquidauana, Paranaíba, Chapadão do Sul, Ponta Porã, Nova Andradina e Naviraí, por meio de voto on-line e presencial

Com opções de voto para deflagração da greve sendo "sim" ou "não", 150 foram favoráveis pela adesão, enquanto cinquenta e dois se mostraram contrários à proposta, com apenas duas abstenções registradas. 

Mariuza Aparecida Camillo Guimarães, professora presidente da ADUFMS, esclareceu que os pedidos se baseiam pelo reajuste salarial de 22% dividido em três parcelas (2024, 2025 e 2026). 

"A partir de 1º de maio suspensas todas as atividades de ensino, pesquisa e extensão desenvolvidas por docentes. Nós temos os serviços essenciais, vamos fazer uma discussão do comando de greve no dia 29 e tirar um cronograma de como os serviços essenciais vão estar funcionando conforme a legislação", comentou. 

Ainda em 03 de abril houve paralisação e seis dias depois foi decidida pela manutenção do chamado "estado de greve", o que indicava que uma pausa definitiva poderia acontecer a qualquer momento. 

O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN) iniciou a paralisação no dia 15 de abril,  52 universidades, 79 institutos federais (IF's) aderiram ao movimento em todo país.

"A greve vai continuar até que o governo apresente uma proposta razoável, que contemple também os aposentados e aposentadas. Atualmente a nossa reivindicação é por um reajuste salarial de 21,71% em 2024, 2025 e 2026", complementa Mariuza. 

Além disso, são reivindicadas a equiparação dos benefícios ao legislativo e ao executivo, a reestruturação das carreiras e também a recomposição do orçamento das universidades, que hoje equivale a um orçamento de 2016, segundo a presidente sindical. 

É previsto legalmente que essa correção aconteça anualmente, apesar de não ocorrer desde 2017, conforme a categoria, representando uma perda salarial de cerca de 40%, sendo que foi feito um reajuste emergencial de 9% em 2023.

Essencial

Mariuza faz questão de ressaltar que o Hospital e Restaurante universitários (HU e RU), são serviços essenciais, portanto, não devem paralisar suas respectivas atividades.

Ainda hoje (23) a ADUFMS comunicará à reitoria da universidade, a deflagração da greve e solicitará a suspensão do calendário acadêmico por tempo indeterminado.  

Sem uma duração estipulada, os docentes votaram apenas para quando a greve se inicia, de fato, em Mato Grosso do Sul, com 1º de maio vencendo por 65 votos as opções de 29 de abril (46 votos) e 10 de maio (40). 

Sobre a possibilidade de não adesão por parte de alguns professores, visto o número de posições contrárias além das abstenções, a presidente do sindicato argumenta que haverá uma mobilização já que o ADUFMS conta que haverá 100% de paralisação.

"Nós estaremos daqui até o dia primeiro, visitando as unidades, conversando com professores, para que todos os colegas possam se sensibilizar e entender que só a luta é que vai nos levar a conquistar uma recomposição salarial, que resgate a nossa dignidade, que hoje nós estamos passando por dificuldades e muitos professores têm reclamado de que os salários não estão dando conta. Dos boletos ao final do mês", conclui. 

Demais pontos

Na sexta-feira (19) o Ministério da Gestão e da Inovação esteve reunido com lideranças sindicais, propondo reajuste de 9% para os servidores técnicos-administrativos.  

Além dos técnicos administrativos e professores da UFMS que representam (60%) favoráveis a adesão da greve, os profissionais do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e os servidores técnicos da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) aderiram à greve ainda em 03 de abril. 

Paralisados pela greve dos professores e servidores técnicos estão os seguintes campi do IFMS

  • Campo Grande
  • Corumbá
  • Coxim
  • Dourados
  • Jardim
  • Naviraí
  • Nova Andradina
  • Ponta Porã

**(Colaborou Laura Brasil)

 

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ONDA DE CALOR

Onda de calor fecha abril com temperaturas elevadas em MS

Segundo o Inmet, há um aviso de baixa umidade e um perigo potencial no grau de severidade previsto para iniciar nesta terça-feira (23)

23/04/2024 10h30

Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Após uma semana de clima ameno e chuvas que trouxeram um alívio temporário, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou nesta terça-feira (23), alerta de uma nova onda de calor para Mato Grosso do Sul, com temperaturas previstas de alcançar níveis extremos.  

Essa onda de calor tem sua origem associada a uma área de alta pressão na média atmosfera, que atuará como um bloqueio. Esse sistema favorece a permanência do ar seco e quente, resultando em temperaturas elevadas.

Em grande parte das regiões do Centro-Oeste, o clima será de tempo quente e seco, exceto no noroeste de Mato Grosso e norte do Espírito Santo, onde devem ocorrer chuvas rápidas e passageiras.

Temperatura de 22 e 29/04

Para os próximos dias são previstas temperaturas máximas que podem superar os 30°C na parte central do Brasil. No decorrer da semana, há uma tendência de elevação das temperaturas em áreas das Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste a partir de quarta-feira (24) que poderá dar origem a uma nova onda de calor.

O Inmet destaca que está monitorando essas condições e reforça a importância do acompanhamento diário das atualizações de previsão do tempo e emissão dos avisos meteorológicos especiais.

No domingo, dia 28 de abril, as temperaturas máximas podem ultrapassar 30°C em grande parte do país, podendo chegar acima de 34°C em Mato Grosso do Sul.

Em MS 

Na sexta-feira (26), espera-se que Corumbá alcance os 40°C, enquanto Campo Grande pode chegar a 35°C. Porto Murtinho e Aquidauana também enfrentarão altas temperaturas, com previsão de 39°C, enquanto Miranda poderá atingir os 38°C.

Ainda na semana passada, diversas estações meteorológicas do Inmet têm alertado para o início de uma nova onda de calor, caracterizada por temperaturas consideravelmente acima da média ao longo de vários dias consecutivos.

Corumbá já havia registrado temperaturas superiores a 32°C entre as cidades monitoradas. Prevê-se um aumento gradual da temperatura ao longo da semana em toda a região Centro-Sul do Brasil, com Mato Grosso do Sul entre os estados mais afetados pelo calor intenso.

Alertas

Segundo o Inmet, há um aviso de baixa umidade e um perigo potencial no grau de severidade previsto para iniciar nesta terça-feira (23) a partir de 12h, com a umidade relativa do ar variando entre 30% e 20%.

Cuidados

  • Beba bastante líquido,
  • Evite desgaste físico nas horas mais secas,
  • Evite exposição ao sol nas horas mais quentes do dia.

 

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