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O amigo da onça

O amigo da onça

Redação

09/08/2010 - 21h00
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Conforme amplamente noticiado pela mídia local e nacional, inclusive no programa Fantástico da Rede Globo de TV (01/08/2010), a Polícia Federal (PF), em ação conjunta com o Ibama, prendeu no último dia 20 de julho, na denominada Operação Jaguar, uma quadrilha que ganhava dinheiro com o abate clandestino de animais silvestres de grande porte, tais como, onças-pintadas, pardas e pretas, no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e no Paraná. A quadrilha, equipada com modernas armas de caça, chegava ao Pantanal em aviões particulares, pousava em fazendas da região e realizava safáris! Calcula-se que o número atualizado de felinos abatidos pela quadrilha de 2009 até agora seja de 32 animais. As 11 pessoas detidas na operação estão distribuídas nas cidades de Sinop (MT)-8, Corumbá (MS)-2 e Curitiba (PR)-1, mas duas ainda se encontram foragidas:o fazendeiro Célio Néri Prediger,de Corbélia (PR) e Antônio Teodoro de Melo Neto, o “Tonho da Onça”, residente em Rondonópolis (MT). (Jefferson Gonçalves/CapitalNews, 21/07/10; Dênis Matos/Campo GrandeNews,21/07/10; Daniella Arruda/Correio do Estado, 22/07/10; Bruno Grubert/Correio do Estado, 27/07/10; Michelle Rossi/Correio do Estado, 28/07/10; André Mazini/O Estado, 26/07/10).
As investigações foram iniciadas com o suporte do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) no ano passado, após a descoberta de carcaças de onças em algumas fazendas do Pantanal e também com o desaparecimento de onças monitoradas pelo Ibama em regiões próximas ao município de Corumbá. Conforme o delegado responsável pela Operação Jaguar, Mário Nomoto (Daniela Arruda/Correio do Estado, 22/07/10) “havia duas modalidades de abate clandestino agenciadas pela quadrilha: a primeira é a caça esportiva, por hobby, e a segunda aquela contratada por fazendeiros para eliminar animais que estavam dizimando o rebanho bovino”. Eram cobrados U$ 1,5 mil (R$ 2,6 mil) por safári, fora o transporte e hospedagem. Para isso, a quadrilha tinha como guias pessoas especializadas na caça de onças, os “mateiros” Marcos Antônio Moraes de Melo, e o pai dele, Antonio Teodoro de Melo Neto, mais conhecido como “Tonho da Onça”. Eles eram contratados para auxiliar os caçadores a encontrar as onças utilizando cães farejadores.
No cumprimento dos 14 mandados de busca e apreensão, os policiais encontraram um arsenal de armas e munição utilizado nas caçadas, além de grande quantidade de couros, cabeças empalhadas e outras partes dos animais abatidos. O armamento foi localizado em Cascavel, Paraná, na residência do dentista Eliseu Augusto Sicoli, apontado como o líder da quadrilha. Ele era o responsável pelo agenciamento e recepção dos “turistas” e contratava pessoas dos Estados onde aconteceriam as caçadas para servir de guias. Entre os detidos estão quatro argentinos, um paraguaio e três brasileiros, sendo um deles policial militar. Os suspeitos serão indiciados nos crimes previstos na Lei de Crimes Ambientais (lei 9605/98) – Perseguir, caçar ou matar animais da fauna silvestre sem permissão – Pena de seis meses a um ano e ainda por porte ilegal de arma de fogo, cuja pena prevista é de até 4 anos de reclusão; e mais o artigo 288 do Código Penal (Formação de Quadrilha ou Bando – Pena de 1 a 3 anos de reclusão).
Embora não justifique o crime, um dos fatores que pode estar contribuindo para a ocorrência do verdadeiro massacre de onças no Pantanal talvez seja o crescimento populacional desses felinos nos últimos anos, e o consequente aumento de ataques ao rebanho bovino da região (Silvio Andrade/Correio do Estado, 23/07/10; André Mazini/Tainara Rebelo, O Estado,26/07/10). Andrade, citando o pesquisador Peter Crawshaw, diz que a onça-pintada,um dos maiores predadores do mundo, aumentou consideravelmente sua população no Pantanal, na última década, embora figure na lista do Ibama e da União para Conservação da Natureza como espécie vulnerável. E acrescenta: “Os maiores motivadores da morte de onças ainda são conflitos com fazendeiros e a busca por troféus típicos das Américas tropicais, grande parte por caçadores estrangeiros”. E cita a fala do presidente do Instituto Onça Pintada (IOP), Leandro Silveira: “Muita gente sabe (da caça ilegal), mas nunca se pega ninguém”. E em reportagem no jornal “O Estado”,  André Mazini destaca a fala do pecuarista corumbaense Manuel Martins de Almeida: “Antigamente era raro alguém ver uma onça, mas hoje onde tem boi, tem onça comendo. Pra proteger o rebanho, só com ‘benzeção!’”
O aspecto mais revoltante, porém, nesse episódio de matança de onças no Pantanal, é a presença ativa de dois profissionais que não deveriam de forma alguma participar de safáris ilegais na região. O primeiro é o profissional FC. se entregou à Polícia Federal, em 26/07,em Curitiba (PR). (Michelle Rossi, Correio do Estado, 27/07/10). O segundo é o mateiro,“Tonho da Onça”, que agia como verdadeiro agente duplo, ora auxiliando o Ibama no monitoramento de onças ameaçadas de extinção, ora facilitando a vida de caçadores nacionais e estrangeiros para matá-las, sabedor que era dos hábitos desses felinos no Pantanal. Neste caso, ele agia como verdadeiro “amigo da onça” das onças-pintadas pantaneiras, semelhante ao personagem satírico imortalizado pelo pernambucano Péricles de Andrade Maranhão (1924-61), e publicado pela primeira vez na revista “O Cruzeiro” em 23 de outubro de 1943. E durma-se com um barulho desses!

Hermano de Melo, Médico veterinário, escritor e acadêmico de Jornalismo

MUNICIPALISMO ATIVO

Riedel conta com prefeitos para asfaltar todas as ruas de MS e extinguir pobreza

Programa lançado ontem com 75 prefeitos do Estado tem metas agressivas e cobrança por resultados das prefeituras

23/04/2024 08h30

Governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB) Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O governador Eduardo Riedel (PSDB) reuniu nesta segunda-feira, em um mesmo local, 75 prefeitos de Mato Grosso do Sul para firmar R$ 500 milhões em convênios, anunciar R$ 900 milhões em novas obras e lançar duas metas agressivas de sua gestão que pretende fazer em parceria com as prefeituras: asfaltar todas as ruas do Estado até o fim de seu mandato e extinguir a pobreza extrema de Mato Grosso do Sul. 

O programa, chamado de Municipalismo Ativo, a versão 2.0 do municipalismo que foi um dos princípios da gestão de seu antecessor Reinaldo Azambuja (PSDB), segundo Eduardo Riedel, vai atuar em quatro eixos: o da infraestrutura, que é o que vem da gestão passada, que era chamado de Governo Presente, mas também nos eixos da assistência social, saúde e educação. 

É por meio deste programa que Riedel pretende implantar uma das importantes marcas de seu mandato, que é a transversalidade: a aplicação de medidas contidas no plano de governo, independentemente da secretaria em que ela teve origem. 

O secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, Hélio Peluffo, aconselhou os prefeitos a fazerem mais e bons projetos, para que esta meta de asfaltar 3,7 mil quilômetros de ruas torne-se uma realidade até o fim do mandato de Riedel.

“Bons projetos é a garantia de um bom convênio”, disse Peluffo, que citou bilhões em recursos que o Estado terá disponível para infraestrutura.

“Temos a garantia de R$ 2,3 bilhões via BNDES, R$ 1 bilhão do Banco Mundial, e mais de R$ 1 bilhão do Fundersul e da Fonte 500”, afirmou o secretário. 

Extrema pobreza

A outra meta agressiva de Eduardo Riedel custará menos para o Estado em termos financeiros, mas demandará um esforço coletivo maior das autoridades de assistência social do Estado e dos 79 municípios. É neste sentido que a pasta comandada por Patrícia Cozzolino atuará. 

O trabalho para a erradicação da pobreza extrema será em duas frentes. Uma digital, que é a criação de um novo sistema, um novo cadastro, que concentrará as informações dos beneficiários e possíveis beneficiários. “É um cadastro social ativo”, explica a secretária. 

O monitoramento constante facilitará o trabalho na outra frente, que é a ajuda aos municípios na expansão dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras).

Atualmente há 132 destes centros, que são a porta de entrada dos cidadãos de baixa renda aos programas sociais estaduais e federais, mas o Estado deveria ter pelo menos 162. 

A expectativa é que, com a expansão destes centros, os índices melhores nos outros dois eixos, que é aonde, segundo Eduardo Riedel, a busca por estas duas metas agressivas: obras e extrema pobreza, irão aparecer. 

Saúde e educação

O programa prevê convênios na área de saúde, sobretudo na área de atenção primária. É lá onde está a maior parte dos R$ 500 milhões em convênios. A Secretaria de Saúde, por sua vez, cobrará a melhoria nos índices. O mesmo vale para a educação.

“O importante é qualidade da escola pública, e não a cor do uniforme, se é do Estado ou do município”, disse o secretário Hélio Daher.

Há várias iniciativas sendo realizadas em parceria entre a Secretaria de Estado de Educação e as secretarias homólogas do municípios visando a qualidade do ensino.

“O importante é o aluno sair da escola sabendo matemática e entendendo bem a língua portuguesa”, afirma. 

A complementereidade dos eixos, segundo o governador Eduardo Riedel e sua equipe vem das melhorias dos índices de saúde e educação, da geração imediata de empregos e da facilidade de acesso que as obras proporcionam, e da inclusão das pessoas que devem sair da extrema pobreza, no mercado. 

Vamos todos caminhar juntos nestas ações, todos nós. Na inclusão falta um pouquinho, e temos 3.748 quilômetros de ruas não pavimentadas. Temos de atacar estes problemas, da mesma maneira que há quatro anos atacamos o problema do saneamento básico e hoje temos uma PPP (parceria público-privada) que dá um excelente resultado para o Estado”, exemplificou Eduardo Riedel.

SAIBA - POLÍTICA

Faltando seis meses para as eleições, o evento foi politicamente movimentado: os 75 prefeitos presentes, mais as quatro cidades que mandaram representantes, explicam a forte adesão. 

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que vinha atuando mais nos bastidores da política, foi um dos que estavam presentes, e foi homenageado por seu sucessor Eduardo Riedel. 

O evento ainda contou com os deputados federais Beto Pereira (pré-candidato a prefeito de Campo Grande), Dagoberto Nogueira e Geraldo Resende, todos do PSDB e com Vander Loubet (PT). A senadora Soraya Thronicke (Podemos) também compareceu. 

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Cidades

Barroso diz que legalização de drogas leves é tendência mundial

Em palestra, ministro também falou de aborto e união homoafetiva

22/04/2024 21h00

Reprodução: Rovena Rosa/Agência Brasil

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O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, afirmou nesta segunda-feira (22) em palestra na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que no mundo democrático existem duas posturas possíveis para a questão das drogas ilícitas: uma, a da repressão, e outra, que vem ganhando corpo em todo o mundo, que é a da legalização das drogas mais leves. Segundo ele, a segunda acontece pela constatação de que a guerra contra as drogas fracassou e o modelo repressivo não conseguiu diminuir o poder do tráfico nem o consumo.

“A discussão que está no Supremo é a quantidade. A legislação brasileira não pune com prisão o usuário de drogas, o que faz muito bem, porque punir o usuário é um equívoco completo. Se ele estiver fora de controle, você vai tratar como dependente químico. Colocá-lo na cadeia é colocar mais um agente para o crime organizado. Nada, na minha visão, justificaria a prisão pelo porte pessoal para consumo. E o legislador acabou com a prisão do porte pessoal para o consumo, mas manteve a criminalização do tráfico”, disse.

Ele observou que se um jovem for pego com 40 gramas de maconha na zona sul do Rio de Janeiro, por exemplo, é considerado um portador para consumo próprio; porém se o outro jovem, geralmente negro, for pego com a mesma quantidade na periferia do Rio de Janeiro, é preso como traficante.

“Portanto, a mesma quantidade é tratada com pesos diferentes pela polícia, e o que o Supremo está discutindo não é descriminalização, não é a não prisão, porque isso já foi decidido. O que o Supremo está decidindo é qual a quantidade que vai distinguir traficante de usuário para que essa escolha não seja feita pela polícia por critérios discriminatórios”, explicou.

Outra questão abordada na palestra é a das uniões homossexuais. Para Barroso, a homossexualidade é um fato da vida que gera consequências jurídicas. “A ordem jurídica não dispunha sobre as relações entre pessoas homossexuais, que eu prefiro chamar de relações homoafetivas, porque uma relação de projeto de vida não é puramente sexual e no projeto afetivo existem as reuniões homoafetivas”, disse.

Nesse caso, segundo Barroso, era necessário definir quem tem o direito de herdar o que é construído ao longo de uma relação, se é a família de sangue ou é o companheiro ou companheira com quem a pessoa viveu por anos. “Alguém tinha que decidir isso, e o Supremo decidiu, na minha opinião, com acerto, que deve tratar como você trata as uniões estáveis convencionais. São os mesmos direitos sucessórios, previdenciários. Eu tenho o maior respeito pelo sentimento religioso das pessoas e a Bíblia expressa condenação ao homossexualismo, porém no mundo laico eu preciso ter uma solução jurídica para isso”.

De acordo com Barroso, caso contrário essas pessoas ficariam em um limbo jurídico, sem saber exatamente o que fazer. “E aí vem o casamento. Nós não achamos que o casamento é uma coisa boa, que diminui a promiscuidade, estreita as relações afetivas? Por que nós vamos excluir essas pessoas da prosperidade de terem um casamento? Essa é a minha posição, mas eu tenho o maior respeito pelas posições contra apostas”, ressaltou.

Com relação ao aborto,o ministro classificou a questão como a mais difícil do mundo, e uma coisa ruim, lembrando que o papel do Estado é evitar que aconteça, proporcionando educação sexual, distribuindo contraceptivos e amparando a mulher que queira ter o filho e esteja em condições adversas. “É perfeitamente legítimo a alguém ser contra, pregar contra e não fazer. Porém, tudo isso é diferente de achar que a mulher que viva o infortúnio de ter que fazer vá para a prisão. Nenhum país democrático e desenvolvido do mundo criminaliza, nem os mais católicos".

O ministro Barroso reforçou que prender a mulher que resolve interromper a gravidez não é uma boa política pública, e que a criminalização impede que as mulheres pobres tenham acesso aos serviços públicos de saúde que podem ser prestados. Ele reconheceu ser difícil para a sociedade chegar a um consenso sobre o tema, que é eticamente divisível, já que o momento do nascimento, do surgimento da vida, é uma questão de fé e de convicção.

“Tem gente que acha que desde o momento inicial da concepção com duas células já há vida. Tem gente que acha que é quando se forma o sistema nervoso, tem gente que acha que quando começa a formação da consciência. Existem muitas visões de mundo quando você trata de matéria em desacordo moral. É razoável que pessoas esclarecidas e bem intencionadas pensem de maneira diferente. O papel do Estado não é escolher um lado, e sim permitir que cada um viva a sua crença, a sua convicção", ponderou.

Questionado sobre os rumos que a inteligência artificial está tomando, Barroso respondeu que está preocupado e ao mesmo tempo animado, já que ela tem imensas potencialidades para fazer o mundo melhor e de tomar decisões melhor do que os seres humanos em alguns casos.

"A inteligência artificial é a transferência de capacidades humanas para computadores, feitas por softwares. Essas capacidades envolvem tarefas cognitivas e tomada de decisões. Como a inteligência artificial é capaz de armazenar uma quantidade de informações muito maior do que o cérebro humano e processadas em muito maior velocidade e muitas áreas, ela vai ser mais eficiente do que a capacidade humana", avaliou.

Ele citou como exemplo a medicina, campo no qual a IA já vem sendo usada em cirurgias e diagnósticos, e com melhor qualidade. Segundo ele, o uso dessa tecnologia automatizará tarefas que levam pessoas a neuroses causadas por tarefas repetitivas. Além disso, poderá evitar a exposição dos humanos a atividades de alto risco, como desarmar uma mina ou passar um cabo no fundo do oceano, por exemplo.

"Eu acho que tem muita coisa boa com a inteligência artificial, mas tem muitos riscos, como a discriminação, a privacidade, e o maior é a singularidade, que a IA adquira consciência. Porque se ela adquirir consciência de si própria e passar a ter vontade própria são as máquinas que vão dominar a condição humana e não vice versa porque elas têm muita muito maior capacidade de processamento de informação com muito mais velocidade", afirmou.

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