Cidades

CRIME ORGANIZADO

Novo 'código penal' do PCC
foi descoberto pela 1ª vez em MS

Apreensões no Estado revelaram nova atuação da facção no País

RAFAEL RIBEIRO

09/07/2018 - 19h05
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Muito além da execução de Leoni de Moura Custódio, 18 anos, em setembro do ano passado, a atuação dos 'torres', como são chamados os líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), em Mato Grosso do Sul é maior do que previa. Documentos que levaram o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual de São Paulo a desencandear operação que terminou com 70 homens e cinco mulheres presas, nas últimas semanas, foram encontrados pela primeira vez aqui no Estado.

Chamou a atenção, principalmente, o novo 'Código Penal' da facção, localizado com alvos da Operação Echelon, do MPE paulista, e que foi localizado primeiramente com acusados de integrarem o PCC, em Três Lagoas.

Além disso, Mato Grosso do Sul também apareceu com destaque em outros dois importantes passos dados pelo PCC para ratificar o controle do crime organizado no País: a criação de uma espécie de recursos humanos, com listas atualizadas de filiados, revezamento de comando quando os cabeças forem para o isolamento e também a fundação de uma ala feminina da facção.

O Portal Correio do Estado apurou junto aos promotores do Gaeco paulista que muitas das decisões que calçaram de investimentos a execuções do PCC em todo o País, não só aqui no Estado, foram tomadas do Presídio de Segurança Máxima em Campo Grande e na Penitenciária Estadual de Dourados.

Além de Mato Grosso do Sul, outros 13 estados tiveram ações da Operação Echelon. O inquérito do promotor Lincoln Gakiya tem mais de 600 páginas.

REGIONAL

A veracidade dos documento foi confirmada em grampos telefônicos com os principais líderes, os mesmos nos quais é relatada a execução de Custódio.

De acordo com parte do diálogo, revelada pelo 'O Estado de São Paulo', Rafael Silvestri da Silva, o Gilmar, e Adriano Hilário dos Santos, o Kaique, que estão detidos em Roraima e cumpriram a função de 'sintonias dos estados', recebem o pedido de execução de Custódio de integrantes de Campo Grande e aprovam após terem a confirmação de que ele era integrante do Comando Vermelho, facção rival no acesso à drogas e armas na fronteira. Dois dias depois, o corpo foi encontrado carbonizado e sem cabeça. O caso ainda está sob investigação na Polícia Civil.

No mesmo período, os grampos revelam que Gilmar e Kaique pediram a morte de um promotor de Justiça de Roraima.

NOVO ESTATUTO

Na denúncia do promotor Gakiya, é citada que as autoridades tiveram acesso pela primeira vez à íntegra do novo 'código penal' durante aporeensão de drogas e armas em uma casa usada como base de operações do PCC em Três Lagoas, em dezembro de 2017. Na ocasião, a Polícia Militar entregou a cópia do documento à Polícia Federal, que esboçava o início daquela que se tornaria a Operação Laços de Família.

Em São Paulo e outros estados, haviam sido apreendidos apenas trechos do considerado novo código de regras e condutas dos filiados ao 'partido', como os criminosos chamam a facção.

Pelo menos outras duas cópias do tal 'código penal' foram localizadas na íntegra em Mato Grosso do Sul: uma em Ponta Porã, no início do ano, e em Campo Grande, em uma casa no Jardim Noroeste, região leste, há dois meses. O MPE paulista usou essas versões como base para consolidar o novo método de atuação do PCC.

Em todas as cartilhas, o texto é semelhante. Fala em punições que vão de 90 dias de suspensão até expulsão sumparia do PCC em caso de falta de disciplina dos membros, como ““ato de malandrismo”, “mão na cumbuca”, “abandono de responsa” e “falta de visão” ou “sem noção”. Há pena de morte, como no caso de estupro de mulheres ou pedofilia nas 'quebradas', ou seja, os bairros periféricos. Nesse caso, a facção usa o termo “cobrança disciplinar.”

GRAMPOS

O Gaeco de São Paulo revelou que não foram poucas as vezes que sul-mato-grossenses acionaram o 'disciplina máximo do partido', no caso o responsável por fiscalizar as atitudes de integrantes da quadrilha e principalmente o pagamento da mensalidade de R$ 950 para quem está em liberdade.

As investigações levaram à descoberta de que o cargo era ocupado por Laudemir Costa dos Santos, o Dentinho, preso na penitenciária de segurança máxima estadual de Presidente Venceslau, cidade do interior paulista que fica a cerca de 360 quilômetros de Campo Grande.

Pela curta distância, o Gaeco acredita que Dentinho, apesar de usar celulares com código de área de Santos (SP), tenha os administradores da tal 'lista negra' de inadimplentes e 'vacilões' (como são chamados os que infringem as normas de conduta) aqui na Capital. As investigações continuam.

Dentinho é braço direito de Gilberto Aparecido dos Santos, o Fuminho, ex-ladrão de carros da zona leste de São Paulo e hoje apontado como o principal 'funcionário' de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, principal líder da quadrilha.

Em relatórios já divulgados pelo Correio do Estado, Fuminho é apontado como o responsável pela disciplina da facção nas fronteiras com o Paraguai e Bolívia.

DESCENTRALIZAÇÃO

A decisão de Marcola de criar novo organograma e regras para a facção parte muito do racha exposto entre a cúpula nos dois anos anteriores, que culminou nos assassinatos de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, em fevereiro, no Ceará. Ambos eram os integrantes mais poderosos do PCC fora dos presídios e estavam se desentendendo com Marcola.

Segundo bilhetes apreendidos nos presídios de São Paulo, a facção precisou se reestruturar depois que houveram casos de quebras de hierarquia em 2016, quando Marcola foi para o regime disciplinar diferenciado e ficou isolado. Foi o primeiro estopim que culminou na perda do contriole de presídios de alguns estados e briga com outras facções como Comando Vermelho e Família do Norte (FDN).

baixa adesão

Fundo Pantanal indeniza desde banqueiro a gigante do Agro

Mas, o Programa que disponibilizou R$ 40 milhões está repassando aos proprietários pantaneiros menos de 10% do previsto para 2025

13/12/2025 12h30

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma

O tuiuiú é considerada a ave-símbolo do Pantanal, mas também pode ser encontrada bem longe deste bioma Bruno Rezende/Secom

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Na lista dos 45 proprietários de terras do Pantanal que receberão recursos do Fundo Clima Pantanal, um programa que indeniza fazendeiros que preservam áreas mais amplas do que aquilo que determina a legislação, aparecem desde fazendeiros tradicionais a banqueiros e gigantes do agronegócio.

Mas, conforme publicação do diário oficial do Governo do Estado desta sexta-feira (12) a adesão ficou abaixo do esperado e menos de 10% das verbas disponíveis serão distribuídas no primeiro ano do programa, criado principalmente para combater o desmatamento.

Entre os contemplados, com R$ 100 mil, está Tereza Bracher, esposa do ex-presidente do Itaú Unibanco, Cândido Bracher. A família vair receber a indenização por estar preservando em uma de suas fazendas pantaneiras quase seis mil hectares acima do estipulado pela legislação. 

Com patrimônio estimado na casa dos R$ 15 bilhões, Cândido Bracher foi CEO do Itaú Unibanco entre abril de 2017 e janeiro de 2021. Atualmente,  hoje é integrante do Conselho de Administração da instituição financeira, que fechou 2024 com lucro de R$ 40 bilhões. 

E a banqueira ainda buscou indenização em uma segunda fazenda no Pantanal,  mas foi desclassificada por ter sido enquadrada no item 8.6 das normas que regulamentam a distribuição dos R$ 40 milhões do Fundo.

Este item diz que não pode ser contemplado que  estiver com irregularidades no Cadastro Ambiental Rural (CAR) ou por estar com passivos ambientais não declarados ou que não estejam cumprindo termos de compromisso de recuperação de áreas degradadas.

Em maio deste ano o Ministério Público abriu investigação para apurar suposta omissão do banqueiro em um megaincêndio que destruiu mais de 52 mil hectares em julho de 2024 no Pantanal da Nhecolândia. O fogo teria começado na Fazenda Tupanceretã, de 25 mil hectares, pertecence à família. 

Tereza Bracher também aparece como contemplada indireta em uma outra propriedade. Ela é uma das integrantes da Associação Onçafari, entidade que vai receber pouco mais de R$ 45 mil de indenização pela preservação de 824 hectares de vegetação nativa.

Esta associação, que adquiriu milhares de hectares no Pantanal para criar uma espécie de corredor ecológico que possibilite procriação de onças-pintadas, conseguiu cerca de R$ 180 milhões com filantropos para a criação de reservas privadas no Pantanal. Teresa Bracher é uma destas doadoras. 

Mas, os banqueiros não são os únicos bilionários que aparecem na lista. Outra contemplada é a SLC Agronegócios, uma fazenda dedicada à criação de bovinos no município de Corumbá.  Os bilionários donos desta fazenda receberão R$ 100 mil do Fundo Pantanal por preservarem pouco mais de 3,7 mil hectares. 

A fazenda pertence ao grupo que se apresenta como um dos maiores produtores de commodities agrícolas do país. Possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em sete estados. Além de Corumbá, o grupo também produz em fazendas em Cassilância, Chapadão do Sul e Sonora. 

A SLC produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado, além de ser uma das grandes produtoras de sementes destas cultura.Ela foi uma das primeiras empresas do agronegócio a ter ações negociadas em Bolsa de Valores de São Paulo, a BR.

A famosa Fazenda Bodoquena, de cerca de 77 mil hectares e conhecida por concentrar até 40 mil bonivos, também aparece na relação daqueles que receberão indenização. Neste caso, serão apenas R$ 39 mil, uma vez que atestou estar fazendo preservação extra de 705 hectares de vegetação. 

A fazenda pertence ao Grupo Votorantim, que há mais de sete décadas também atua na produção de cimento em Corumbá, no coração do Pantanal. O grupo é controlado pelos familiareas de Antônio Ermírio de Moraes, um dos rostos mais conhecidos do bilionário clã. Ele morreu em 2014. A família é considerada a terceira mais rica do país, com patrimônio estimado em 15,4 bilhões de dólares, ficando atrás somente das famílias Marinho e Safra.

Mas, nesta lista dos contemplados também aparecem fazendeiros "comuns",  para os quais a indenização de até R$ 100 mil fará alguma diferença. Esté é o caso de Timotheo Reis Proença, que já presidiu o sindicato rural de Aquidauana. Ele cadastrou 1,28 mil hectares como preservação extra e por conta disso receberá R$ 71 mil. 

BAIXA ADESÃO

Ao todo, segundo o Governo do Estado, estão sendo  indenizados 126 mil hectares, o que está garantindo repasse da ordem de R$ 3,25 milhões aos proprietários. 

O valor é praticamente o mesmo ao que está sendo repassado a três ONGs que dizem atuar no combate a incêndios e no tratamento de animais silvestres atingidos pelas queimadas no Pantanal. 

Dos R$ 40 milhões, R$ 1,438 milhão foi destinado ao Instituto Homem Pantaneiro (IHP), R$ 996 mil para o instituto SOS Pantanal e R$ 497,5 mil para o IPCTB - Instituto de Pesquisa e Conservação de Tamanduás no Brasil. 

Somados, os repasses às ONGs chegam R$ 2,931 milhões, o que equivale a 7,3% dos R$ 40 milhões anunciados pelo Governo do Estado ao Fundo Pantanal para o primeiro ano de vigência do programa. 

O valor repassado aos proprietários rurais ficou longe daquilo que estava previsto por conta da baixa adesão. Na primeira chamada foram recebidas apenas 71 inscrições de imóveis rurais localizados no Bioma Pantanal. E, após análise dos documentos,  45 propriedades conseguiram cumprir as exigências. 

Mesmo assim, o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, comemora os resultados. “O PSA Pantanal demonstra que é possível alinhar desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Estamos criando um modelo em que o produtor rural passa a ser reconhecido como parceiro estratégico na proteção do bioma, recebendo por um serviço ambiental que beneficia toda a sociedade”, afirmou. Segundo ele, o programa também fortalece a imagem de Mato Grosso do Sul como referência nacional em sustentabilidade e políticas climáticas inovadoras.

Agora, os proprietários classificados serão convocados pela Fundação Educacional para o Desenvolvimento Rural (Funar), agente executor do PSA Conservação, para assinatura do Termo de Adesão. A partir desse instrumento, os provedores de serviços ambientais passam a integrar formalmente o programa e a receber os valores correspondentes às áreas preservadas. 

De acordo com o secretário-adjunto da Semadesc, Artur Falcette, a robustez técnica do edital foi um dos diferenciais do programa. “Todo o processo foi construído com base em critérios objetivos, análises técnicas aprofundadas e uso de ferramentas geoespaciais. Isso garante credibilidade ao PSA e cria um ambiente favorável para sua continuidade e ampliação”, destacou. Ele ressalta que a experiência da primeira chamada servirá como base para o aperfeiçoamento das próximas etapas.

Segunda chamada 

Com a conclusão da primeira etapa, a Semadesc confirmou o cronograma da segunda chamada do PSA Conservação, prevista para 2026. A publicação do edital e a abertura das inscrições ocorrerão em 23 de fevereiro, com encerramento em 6 de abril.

As inscrições deferidas serão divulgadas em 16 de abril, com prazo para recursos até 20 de abril. A avaliação das propriedades ocorrerá até 1º de junho, com publicação do resultado final até 15 de junho. A assinatura dos Termos de Adesão está prevista a partir de 16 de junho de 2026.

Nesta segunda chamada, poderão participar proprietários que não conseguiram se inscrever na primeira etapa. As regras permanecem as mesmas, incluindo a possibilidade de cancelamento de autorizações de supressão de vegetação nativa vigentes na data de abertura do edital, quando houver, sendo que o pagamento será referente ao exercício de 2026. 

“O PSA é uma política de Estado, construída para ter continuidade e escala. A segunda chamada amplia o alcance do programa e reforça nosso compromisso com a conservação do Pantanal”, concluiu Jaime Verruck.

 

Cidades

Consórcio paga parte dos atrasados, mas motoristas confirmam greve a partir de segunda

Sem acordo com o Consórcio Guaicurus, a greve está prevista para segunda-feira (15), segundo informou o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande

13/12/2025 11h23

Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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Com o Consórcio Guaicurus tendo atendido “em partes” à reivindicação definida em assembleia, a greve dos motoristas de ônibus deve iniciar nesta segunda-feira (15), em Campo Grande.

Em conversa com o Correio do Estado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano da Capital (STTCU-CG), Demétrios Feiras, informou que os trabalhadores receberam, na sexta-feira (15), somente 50% do salário referente ao mês de novembro.

“O Consórcio Guaicurus, no final da tarde, depositou 50% do valor dos salários, referente ao mês de novembro, que era para ser pago no quinto dia útil do mês de dezembro. Foi a única coisa que o Consórcio pagou”, informou Demétrios.

Durante assembleia, a categoria reivindicou o pagamento do salário integral, do adiantamento, da segunda parcela do décimo terceiro e do vale (adiantamento salarial). No entanto, houve apenas o depósito de 50%, e a paralisação segue confirmada.

Segundo o presidente do STTCU-CG, não está prevista, para este fim de semana, qualquer tentativa de negociação com a empresa responsável pelo transporte coletivo na Cidade Morena.

Com isso, Demétrios reforçou que os ônibus só retornarão às ruas quando o Consórcio efetuar o pagamento do que ficou definido pela classe.

“E a gente só volta a trabalhar com o pagamento desses três vencimentos. Caso contrário, continua parado na terça, na quarta, até que o Consórcio efetue esses pagamentos”, pontuou Demétrios.

A justificativa para não realizar o pagamento, conforme explicou Demétrios, é a falta de dinheiro em caixa. Como adiantou o Correio do Estado, o Consórcio Guaicurus alega um “rombo” em dívidas de R$ 15,2 milhões, sendo que desse valor R$ 8,2 milhões são referentes aos salários dos funcionários.

Por conta disso, a concessionária pediu que o valor do subsídio pago pelo poder público seja ainda maior.

Entenda

No dia 5, o Consórcio Guaicurus, responsável pela administração do transporte coletivo de Campo Grande, anunciou que a situação financeira estaria insustentável para a continuidade da operação, motivada por supostos atrasos nos repasses por parte do poder público.

Além das dificuldades relacionadas a questões operacionais, como combustíveis, manutenção da frota e encargos, o consórcio também enfrenta negociações com a classe de funcionários, principalmente os motoristas.

Motoristas do Consórcio Guaicurus realizaram assembleia geral, na madrugada desta quinta-feira (11) e optaram pela paralisação. Eles reivindicam por:

  • Pagamento do 5º dia útil, que deveria ter sido depositado em 5 de dezembro – efetuaram o depósito de 50%
  • Pagamento da segunda parcela do 13º salário – vai vencer em 20 de dezembro
  • Pagamento do vale (adiantamento) – vai vencer em 20 de dezembro

** Colaborou Felipe Machado e Naiara Camargo

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