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Moro cria força-tarefa para analisar redução de impostos de cigarros

Ministro alega que objetivo "é combater contrabando"

RAFAEL RIBEIRO

26/03/2019 - 15h57
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Um dia após o Ibope divulgar pesquisa onde é apontado que 82% dos cigarros que circulam em Mato Grosso do Sul são irregulares e não têm registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, criou um grupo de trabalho para analisar a redução de impostos sobre os produtos do tipo fabricados no Brasil.

Na portaria, publicada nesta terça-feira (26), no Diário Oficial da União, Moro afirma que o objetivo é "diminuir o consumo de cigarros estrangeiros de baixa qualidade, e o contrabando e os riscos à saúde dele decorrentes." Para isso, acredita, é necessário abrir uma concorrência de mercado com o produto legalizado.

O grupo será formado por representantes da Polícia Federal, Secretaria Nacional do Consumidor, Assessoria Especial de Assuntos Legislativos e os ministério da Saúde e Economia.

Daqui a três meses, eles terão de apresentar a Moro um relatório com conclusões sobre o assunto, que pode ou não ser levado adiante pelo Governo Federal, sob responsabilidade de Jair Bolsonaro (PSL).

Cigarros são os produtos mais contrabandeados para o Brasil, segundo dados oficiais

PREJUÍZOS

Muitos dos cigarros clandestinos são vendidos abaixo do valor mínimo de R$ 5, determinado por lei.

Segundo informações da Anvisa, o valor é uma média acima dos dados nacionais que apontam que o mercado ilegal em 2018 passou a representar 54% do total. Esse volume equivale a cerca de R$ 129 milhões que os cofres públicos do estado deixaram de arrecadar em ICMS.

O aumento dos impostos e dos preços do cigarro, como ação para a redução do tabagismo, está previsto no artigo 6º da Convenção-Quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) para Controle do Tabaco (CQCT), adotada pelos países-membros da OMS, inclusive Brasil.

Entretanto, ainda de acordo com a Anvisa, o mercado ilegal de cigarros tende a minar os efeitos dessa política ao colocar a venda cigarros com preços abaixo do preço mínimo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal (SRF).

Um relatório do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) aponta que a estimativa da proporção de cigarros ilegais consumidos no Brasil, em 2017, foi de 38,5% do consumo total de cigarros.

Além disso, destaca que “o problema do uso de cigarros ilegais no Brasil, contudo, é real e parece ser mais prevalente entre as pessoas de menor renda e educação, pois representa mais de 50% do consumo dos fumantes com menos de 8 anos de escolaridade”.

Outro dado importante é que, no período de 2012 a 2016, houve queda no consumo de cigarros legais, juntamente com queda na prevalência de fumantes e aumento do consumo de cigarros ilegais. Estes resultados refletem, provavelmente, os seguintes fatores combinados: aumento da cessação de fumar entre quem fumava cigarro legal (maioria dos fumantes); redução do volume de cigarros legais consumidos; e migração do consumo de cigarros legais para o consumo de cigarros ilegais entre os fumantes de cigarros legais que não conseguiram parar de fumar.

NO ESTADO

Os cofres públicos de Mato Grosso do Sul deixaram de arrecadar aproximadamente R$ 291,2 milhões em impostos por conta do contrabando de cigarro em 2018. De acordo com a Receita Federal, nos últimos 12 meses foram apreendidos 73,9 milhões de maços que entraram no estado, principalmente, pela fronteira com o Paraguai. Em comparação com dados anteriores, o aumento é de 32%, considerando a apreensão de 55 milhões de maços no ano passado, com prejuízo estimado de R$ 220 milhões ao Fisco.

O delegado-adjunto da Receita Federal em Campo Grande, Henry Tamashiro de Oliveira, afirma que o contrabando traz série de prejuízos econômicos e sociais. O primeiro deles, explica, é de ordem financeira. Os 73,9 milhões de maços apreendidos neste ano, por exemplo, causaram prejuízo de R$ 364 milhões ao crime organizado. 80% disto, R$ 291,2 milhões, é o desfalque do Fisco, já que não houve arrecadação com estes produtos.

"O primeiro prejuízo, o mais direto, é a falta de recolhimento de tributos. Este dinheiro falta ao orçamento para conduzir políticas públicas. O segundo é a concorrência desleal que proporciona, pois acaba lesando empresas que recolhem tributos corretamente. Em terceiro, há o padrão de qualidade. No Brasil há regras para que se produza cigarro e não há garantia de que cigarros contrabandeados passem por este tipo de controle", disse. Sem controle de qualidade, o risco à saúde do consumidor é ainda maior.

Um em cada 100 maços de cigarro contrabandeados no Brasil foi apreendido, na média, em Mato Grosso do Sul desde 2017. É o que apontam dados do Fórum Nacional Contra a Ilegalidade (FNCP).

No levantamento, que mostra pesquisas de hábitos de consumo de fumantes em todo o País e ações de combate desencandeadas pelas autoridades, é confirmado que o Estado é uma das principais portas de entradas de cigarros contrabandeados.

Mato Grosso do Sul terminou 2017, segundo levantamento da Ibope Pack Swap, com cerca de 454 milhões de maços de cigarros contrabanseados apreendidos pelas polícias estadual e Federal e outros órgãos de fiscalização.

No mesmo período, em todo o Brasil, esse número ficou em aproximdamente 4,5 bilhões das chamadas 'carteiras' apreendidas.

A liderança do Estado na comercialização de cigarros contrabandeados se dá, segundo o FNCP, pelo óbvio motivo da fronteira seca com o Paraguai, principal fornecedor desse tipo de produto ao País.

Ainda de acordo com o levantamento do Ibope, pelo menos quatro rodovias estaduais são constantemente alvos de apreensões de cigarros contrabandeados,MS-165, MS-385, MS-267 e MS-299, todas estradas menores de ligação das cidades na fronteira com vias federais que garantem o transporte a outros estados.

NA MÉDIA, MS É IMBATÍVEL

Com rotas abertas do maior produtor de cigarros contrabandeados, o Paraguai, Mato Grosso do Sul lidera, proporcionalmente, os índices de apreensões. 

Em um ano, por exemplo, os números de apreensões quase dobraram, saltando de 257 milhões de maços em 2016 para os 454 milhões de 2017.

No mesmo período,o Brasil aumentou as apreensões de 41,4 bilhões de maços de 2016 para 45,3 bilhões no ano seguinte.

Os dados do Ibope apontam que o grande número de apreensões de cigarros contrabandeados interfere brutalmente na economia local e das empresas.

Em Mato Grosso do Sul, calcula-se que em 2017 que mais da metade do mercado do tabaco seja, 62%, seja formado pelos produtos contrabandeados ou de empresas clandestinas nacionais. Na Região centro-Oeste, esse índice fica em 43%. Em nível nacional, essa participação de mercado ficou em 48%.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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