Ação deflagrada nesta quarta-feira em 16 cidades de Mato Grosso do Sul para prender 21 policiais militares envolvidos em corrupção também encontrou armamento, munições, coletes à prova de bala e bloqueadores de rastreador de carro. O trabalho fez parte da Operação Oiketicus, que cumpriu 20 mandados de prisão preventiva, 45 de busca de apreensão e um de prisão temporária (este não foi cumprido).
Foram empenhados 125 policiais militares e nove promotores de Justiça todos ligados à Corregedoria e Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
As buscas para encontrar os materiais apreendidos ocorreram em batalhões e bases da PM, além de imóveis de policiais da corporação nas cidades de Campo Grande, Dourados, Jardim, Bela Vista, Bonito, Naviraí, Maracaju, Três Lagoas, Brasilândia, Mundo Novo, Nova Andradina, Boqueirão, Japorã, Guia Lopes, Ponta Porã e Corumbá.
Os promotores do Gaeco conseguiram avançar nessas investigações porque a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal já vinham atuando em averiguações contra o contrabando de cigarros. Tanto é que em 21 de março deste ano, um policial militar e o irmão dele acabaram presos por agentes da PRF à paisana no km 368 da BR-267, no município de Maracaju.
Os dois detidos naquela época tentaram passar-se por policiais federais e ainda o PM agrediu um dos agentes da PRF durante abordagem. No carro dos suspeitos havia um rádio-comunicador e sirene, ambos desinstalados e irregulares. Eles pagaram fiança de R$ 1 mil após terem prestado depoimento na Delegacia da PF em Dourados. O inquérito instaurado foi de porte ilegal de equipamento policial.
Toda a apuração da PF foi entregue aos promotores do Gaeco, que agora realizou quase todas as prisões dos investigados. Entre os mandados expedidos pelo Juízo da Auditoria Militar, só o mandado de prisão temporária (com prazo de cinco dias) não foi cumprido.
QUEM SÃO OS PRESOS
Entre os presos estão o tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa - comandante do 11º Batalhão da PM Jardim; tenente-coronel Luciano Espindola da Silva - comandante da 1ª Companhia Independente da PM de Bonito; 1º sargento Jhondnei Aguilera - comandante do 1º Grupamento de Boqueirão; sargento Angelucio Ricalde Paniagua - comandante do 2º grupamento da PM de Guia Lopes da Laguna; além do major Oscar Leite Ribeiro - Comandante da 2ª Companhia de Polícia Militar de Bela Vista; e do cabo Ivan da Silva - que atuava em Maracaju.
Também foram levados para prisão dois soldados que estavam no curso de formação da Polícia Militar em Corumbá.
COMO ERA O ESQUEMA
A organização criminosa formada por policias militares de Mato Grosso do Sul atuava no contrabando tanto de cigarros como de outros produtos, como pneus.
A milícia não só cobrava propina dos contrabandistas para facilitar o trânsito em rodovias estaduais e na distribuição em municípios, como também tentavam dificultar a atuação de outras forças de segurança na investigação desse tipo de crime. As rotas que os investigados atuavam tinham ligação com a Bolívia e o Paraguai.
Colaborou: Luana Rodrigues.