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Servidores contestam dados históricos sobre mortes no Hospital Regional

Profissionais contradizem declaração sobre média histórica de nove anos

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O caso das mortes ocorridas no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS) - entre fevereiro e outubro deste ano - ganhou novo capítulo quando os dados divulgados foram contestados por ex-servidores. Em entrevista ao Correio do Estado, os profissionais - que pediram para não ter a identidade revelada - questionam os números e apresentam dados colhidos direto do software usado pela unidade. Fonte ouvida pela reportagem, que trabalhou no hospital, contradiz a declaração dada pelo secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, sob administração de Reinaldo Azambuja (PSDB).

“Em 2013 nós pegamos o hospital, até o meio do ano, em crise e fizemos uma auditoria geral, fizemos um monte de mudanças, e em 2014 começamos a colher fruto”, disse o profissional da área que já atuou na direção do HRMS.esende havia explicado que ao longo deste ano o número de óbitos de fevereiro até o dia 14 de outubro, que foi de 1.140, manteve-se dentro da média histórica dos últimos nove anos (de 2010 a 2018), que foi de 1.311 mortes/ano. 

“Os números apresentados à Justiça estão dentro da série histórica do hospital. Em 2016 foram registrados 1.491 óbitos, em 2017 foram 1.436 e em 2018 foram 1.419”, explicou o secretário, lembrando que nos últimos nove anos foram registrados 11.799 mortes no HRMS.

Porém, segundo tabela ao qual o Correio do Estado teve acesso, os números referentes aos anos de 2013, 2014 e 2015 foram alterados. “Me irrita o cara falar assim ‘o meu está ruim, mas o outro estava também’. Esse governo está há seis anos tocando lá e não faz por onde para melhorar essa unidade”, reclamou.

De acordo com os dados apresentados por ele, retirados diretamente do sistema de informática da unidade aponta que em 2013 foram 1.072 mortes, em 2014 foram registradas 728 e em 2015, até junho, 374. Porém, de acordo com os dados da SES, em 2013 foram 1.222, em 2014 aumentou para 1.228 e 2015 para 1.427. 

Veja tabela com os dados do sistema:

INVESTIGAÇÃO

No início de outubro, o Hospital Regional foi intimado a apresentar, no prazo de 15 dias, relatórios com números de pacientes que morreram no decorrer dos meses de janeiro a outubro. A informação que o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, queria era sobre mortes decorrentes da ausência de materiais, exames e pelo fato dos pacientes terem aguardado atendimento por falta de quantidade adequada de profissionais.

O juiz determinou que o HR seja investigado para apurar se houve improbidade administrativa, omissão de socorro e crime dos gestores públicos pela morte dessas 1.140 pessoas, número repassado pelo hospital à Justiça. De acordo com informações cedidas pelo próprio hospital, aproximadamente 115 pessoas que estavam doentes e morreram tinham menos de 40 anos de idade. “Pessoas falecidas eram muito jovens”, diz parte do documento assinado pelo juiz.

Então, a Fundação Estadual de Saúde (Funsau), responsável pela administração do hospital, pediu prazo de 180 dias para informar o estado de saúde das vítimas que morreram no momento em que elas chegaram ao hospital, quanto tempo esperaram pelo socorro médico e qual foi a causa da espera. A fundação declarou que para tal levantamento será necessário fazer mutirão com vários médicos para analisar os prontuários e obter as informações.

SITUAÇÃO

A atual diretoria do HR assumiu em 9 de janeiro de 2019. Em 28 de fevereiro de 2019, foi publicado decreto que institui o plano de Ação Emergencial, com objetivo de regularizar os estoques de medicamentos, de insumos e dos demais materiais necessários ao atendimento dos pacientes usuários deste hospital.

Segundo assessoria, após a publicação do plano de Ação Emergencial, a diretoria administrativa da unidade realizou levantamento averiguando as necessidades de cada setor. Com isso, foi realizado diagnóstico da situação.

Reportagem publicada pelo Correio do Estado no dia 30 de agosto mostrou que relatório feito por técnicos do hospital Sírio-Libanês, de São Paulo, apontou que o HRMS tem estrutura organizacional fraca e infraestrutura deficiente.

CASO

Uma das pessoas que sofreram com a perda de um familiar foi a dona de casa Cláudia Cristaldo, 39 anos, que viu a mãe, Carmem Cristaldo, 61 anos, morrer no hospital. “Minha mãe entrou consciente e saiu em um caixão. Na enfermaria, ela estava superbem, conversando, rindo e de repente, por uma incompetência de uma enfermeira, minha mãe ficou entubada e veio a falecer”, disse ela ao Correio do Estado. Cláudia contou que a mãe entrou no HR no dia 22 de maio, em estado gravíssimo, e ficou no Centro de Terapia Intensiva (CTI) antes de ser encaminhada para a enfermaria. 

Cláudia revelou que Carmem sofreu negligência por parte de uma enfermeira, chegando até a ficar sem remédios essenciais. “Percebi que [minha mãe] continuava com falta de ar e chamei a enfermeira novamente. Ela me deu a mesma resposta: que minha mãe não estava passando mal, que só iria socorrer minha mãe se ela estivesse roxa”, contou ela, revelando que horas antes seu pai já havia solicitado ajuda da mesma profissional. “Minha mãe não recebeu nenhuma medicação que recebeu durante os outros dias na enfermaria, que eram de inalação e remédios para dor, falta de ar, etc.”, afirmou, explicando que depois disso a mãe passou por procedimentos cirúrgicos, mas não melhorou. Durante a internação, Carmem também teve infecções por duas vezes. 

Neste tempo, ela precisou tomar remédios para manter a pressão estável, mas estes logo foram cessados pelo hospital. “Chamaram a família e disseram que o que a medicina podia fazer por ela tinha feito, que ela só dependia de um milagre. Eu não achei certo tirarem os remédios dela. Como uma pessoa que precisa de remédio para pressão aguentaria sem remédios?”, reclamou a dona de casa, que informou que a mãe morreu um dia depois do comunicado, em 10 de setembro.

 

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Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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