Uma em cada cinco brasileiras é vítima de violência doméstica ou familiar, mas apenas a minoria denuncia os casos, apesar da ampla divulgação da Lei Maria da Penha. O maior número de agressões se dá contra as que têm menos escolaridade — 27% têm ensino fundamental, 18% concluíram o ensino médio e 12% têm formação universitária. As informações estão em pesquisa feita pelo instituto Data Senado, divulgada ontem.
O instituto entrevistou 1.102 mulheres entre 24 de junho e 7 de julho. Na maioria das vezes (73%), as agressões são praticadas por homens com quem as vítimas têm ou tiveram relação afetiva — marido (49%), ex-marido ou ex-namorado (21%) ou namorado (3%).
A violência física é a mais apontada nas declarações (66%), mas o índice de vítimas de violência psicológica vem subindo. Em pesquisa do Data Senado no ano passado, o percentual foi de 38%. Agora, passou para 48%. Os casos de abuso ou violência sexual respondem por 11% das ocorrências. Ciúmes e bebida aparecem como as principais causas das agressões.
A pesquisa revela que a maioria das vítimas (57%) considera que a mulher não é tratada com respeito no Brasil. Entre as que nunca sofreram violência, esse índice é de 40%. O atendimento nas delegacias é considerado ótimo ou bom para 48% das entrevistadas. As que avaliam o serviço como regular somam 14%. Para 38% delas, o atendimento é ruim ou péssimo.
“A Lei Maria da Penha ainda não se consolidou”, afirma o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para quem a violência contra as mulheres é, “antes de tudo, uma grande violação dos direitos humanos”. Aprovada em agosto de 2006, a Lei Maria da Penha, que visa combater a violência doméstica contra a mulher, completa nove anos.