Investigada por formar pirâmide financeira com a mineração de bitcoins (criptomoedas), a Minerworld, multinacional com sede em Campo Grande, alega que entrou em declínio financeiro depois de suposto crime virtual. Em comunicado, a empresa afirma que teve sua conta invadida na corretora norte-americana Poloniex, sofrendo prejuízo de aproximadamente US$ 16,3 milhões de dólares, cerca de R$ 56,7 milhões, conforme cotação atual.
O desfalque levou à instabilidade econômica, culminando em dificuldades para pagamento de investidores. Entretanto, segundo ação coletiva de consumo proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul, até o início das investigações, a Minerwolrd não dispunha de aparato tecnológico para mineração da moeda virtual e dependia exclusivamente da pirâmide, motivo pelo qual o modelo de negócio se tornou insustentável.
Por meio de nota, a multinacional afirma que no dia 29 de outubro do ano passado, ao consultar a conta na página da Poloniex, tomou conhecimento de fraudes. Ou seja, hackers teriam desviado 851 bitcoins para contas de terceiros, levando ao prejuízo de US$ 16,3 milhões de dólares. A plataforma de transações financeiras teria duplicado páginas da empresa e usuários, o que levou ao desvio de aplicações e consequente bloqueio de contas.
"Imediatamente, a Minerworld acionou seus advogados no Brasil e constituiu advogados nos Estados Unidos na tentativa de reverter a situação com a maior brevidade possível. Ao mesmo tempo, a empresa contratou profissionais para uma análise detalhada sobre o caso, no sentido de auxiliar na solução do problema. Infelizmente, até o momento, a Minerworld não recebeu oficialmente qualquer informação", consta no comunicado oficial.
A Minerworld sustenta que pretende pagar todos os investidores por meio de fontes próprias de recursos e com a entrada de grupo internacional de investidores. A ação judicial bloqueou R$ 300 milhões em bens dos investigados, e a defesa pretende firmar Termo de Ajustamento de Conduto (TAC) junto ao Ministério Público, para negociar retorno dos investimentos. A expectativa é de que os termos do TAC sejam divulgados semana que vem.
AÇÃO JUDICIAL
Ainda de acordo com as investigações do MPE, a apresentação dos negócios deixa as criptomoedas como pano de fundo, fazendo com que o assunto passe despercebido. As peças publicitárias têm como maior preocupação detalhar as variadas formas de ganhos daqueles que aderirem aos planos, o que se dá pela captação de novos “afiliados”, “empreendedores” e afins.
Toda a publicidade da empresa é feita no sentido de sempre atrair mais pessoas. "O interesse da empresa é apenas e tão somente que seus afiliados busquem outros afiliados, o que, por evidente, implica em manter a atividade de mineração apenas como mera alegação. A famigerada 'mineração de bitcoin', assim, trata-se apenas de engodo, de artifício, que nada mais visa do que mascarar a característica piramidal do esquema".
Na semana passada, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual deflagrou a Operação Lucro Fácil, para combater esquema de pirâmide desenvolvido pela Minerworld e associados. Na ocasião foram apreendidos documentos e computadores que serão periciados.