A instalação de uma Área de Transbordo e Triagem (ATT) e um Ecoponto, no Jardim Cristo Redentor, deve ser feita em cerca de três anos, mas os moradores do entorno da quadra 28 já temem os problemas que os centros de tratamento podem trazer para a população e para o meio-ambiente e tentam impedir, na Justiça, a implantação do local, em Campo Grande.
Segundo publicado no Diário Oficial do Município (Diogrande), em 27 de setembro de 2018, a Prefeitura de Campo Grande concedeu uma área para a instalação das estruturas, mas conforme os moradores do bairro, não houve uma pesquisa de opinião e nem aviso prévio do novo empreendimento.
“Chegaram com uma notificação mandando eu tirar os animais e as cercas do terreno porque eles iam construir”, contou a dona de casa Marinalva Moraes, de 42 anos.
Com a vindoura implantação dos centros e prevendo os problemas que eles acarretariam, a população decidiu tomar providências contra a instalação fazendo um documento citando todas as adversidades e cerca de 200 assinaturas, que foi entregue à Prefeitura de Campo Grande, pedindo a revogação da concessão da área, de 36.941,895278 m² para a construção da ATT, além de 10.417,7578 m² para a implantação de um Ecoponto.
Os resíduos dos entulhos da construção civil, que serão depositados na ATT, como concreto, argamassa e alvenaria, também são apontados como problemas para a população. “Esses produtos vão formar uma poeira de cal e outras substâncias que são tóxicas para a gente. São mais de 250 famílias aqui no entorno”, contou um morador, de 48 anos, que não quis ser identificado. “Daqui há uns 5 ou 10 anos o povo vai estar doente”, finalizou.
Outro fato apontado por eles é o aumento do fluxo de caminhões pesados, que colocaria em risco as pessoas e principalmente as crianças que transitam e tem o costume de brincar nas vias, e também a desvalorização dos terrenos.
Além dessas problemáticas, outro ponto preocupante é que abaixo da área onde será construída a ATT está um lençol freático que, segundo os próprios moradores, antigamente mantinha a nascente de um rio. “Eu tomava banho aqui quando eu era criança. A água era limpa; a terra era própria de lago”, contou Marinalva, que voltou ao bairro há 16 anos para morar e tirou do próprio bolso o dinheiro para aterrar a área.
O medo dos cidadãos é que um novo lixão a céu aberto se forme no local, como aconteceu há décadas atrás. “A água ficou suja e contaminada por conta do lixão que tinha antigamente. Quando vim para cá, eu e outros moradores pagamos para cobrir o terreno; era perigoso para as crianças e os animais”, relembrou ela.
AÇÃO CIVIL
Com o abaixo-assinado sem resposta, os moradores resolveram procurar o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que entrou com uma ação contra o Executivo Municipal e pediu estudos do impacto ambiental na área e também a licença urbanística, dando um prazo de 10 dias para a apresentação dos documentos.
“Aqui não dá para construir. Virou um brejo. Nós queremos é que essa ideia de construção não seja aceita porque nós é que vamos ser prejudicados”, reclamou o motorista de frete Genésio Ferreira, de 60 anos.
A prefeitura, juntamente com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana (Semadur) e a Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano (Planurb), foi procurada pela reportagem do Correio do Estado, mas, até a publicação desta reportagem, não retornou retorno.